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Sexta-Feira, 12 de Março de 2010 @

Viajando na Onda - 12ª edição (março/10)

Já tem algum tempo que não "faço um horário" em rádio, como se diz no jargão dos radialistas. Mas, frequentemente, sonho que estou no ar e acontece algum problema, como a música acabar e a próxima não disparar
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Já tem algum tempo que não "faço um horário" em rádio, como se diz no jargão dos radialistas. Mas, frequentemente, sonho que estou no ar e acontece algum problema, como a música acabar e a próxima não disparar, ou algum equipamento travar. Alguns colegas de ofício disseram que também sofrem desse pesadelo recorrente. Pensando no "branco" no ar,  temor da maioria dos locutores, acabei lembrando de alguns vários apuros que já enfrentei (ou causei).

Eu estava narrando uma corrida de Fórmula Um, utilizando o chamado "off tube". Nada mais do que acompanhar as imagens do evento numa TV e descrevê-lo, geralmente com apoio de algum produtor que acrescenta informações via bilhetinhos. De repente, caiu o sinal da TV que transmitia o GP. Por uns dez minutos, utilizei o único recurso que me restou para continuar a transmissão: a imaginação. Procurei manter as informações mais ou menos como estavam antes da TV sair do ar, inventei algumas tentativas de ultrapassagem, adivinhei que alguns pilotos estavam baixando o tempo das voltas, repeti a pontuação no campeonato... enfim, enrolei, até que a imagem voltasse e eu pudesse atualizar a narração, por sorte sem muita diferença entre o que eu criei e o que de fato aconteceu.

Noutra ocasião, eu estava nos estúdios do SBT, onde haveria uma transmissão simultânea pela TV e pela rádio de um acústico da Alanis Morissette. Estava combinado que ao final do show eu poderia fazer uma rápida entrevista, para a qual contaria com o apoio de uma intérprete. Quando chegou o momento, aproximei-me e formulei a pergunta no inglês que havia ensaiado. Apesar de apenas me virar no idioma da cantora, eu até conseguiria reproduzir superficialmente o que ela falou... caso tivesse prestado atenção. Mas eu confiei que a especialista estaria ali comigo para uma tradução mais fiel da resposta. Quando me virei para o lado, eu vi a tradutora... no outro canto da sala comendo tranquilamente uns canapés no bufê. O pior veio depois: surpreendido pelo imprevisto, em vez de inventar qualquer coisa, eu pedi a Alanis que... repetisse a resposta! Ridículo!  Fui fuzilado pelo olhar da canadense (Alanis, o desprezo dos seus lindos olhos me traumatizou para sempre), e debitei o mico na conta dos "causos" que um dia eu ainda contaria. 

Lembro também de um encerramento de programa que fiz antes de colocar no ar a Voz do Brasil (e aqui eu preciso desviar do assunto e externar minha indignação com essa excrescência que cassa o direito do cidadão de escolher o que ouvir). Mas, voltando ao meu horário, antes do "Em Brasília, 19 horas",  eu deveria mostrar algumas músicas que seriam executadas mais tarde. Tudo perfeitamente sincronizado, testemunhais lidos direitinho, vinhetas bem colocadas, músicas bem editadas (no cartucho!) e o tempo calculado com precisão suíça. Tão legal que eu não me contive e exclamei para um amigo que estava visitando o estúdio: "PQP! Ficou do C...". Quer dizer, teria ficado, se eu houvesse fechado o microfone antes do meu comentário enfático. E, se umas 3 ou 4 rádios não estivessem usando o meu áudio para gerar o programa de Brasília. Ou seja, minha empolgação foi transmitida em cadeia.

Para encerrar: eu estava na Rádio USP fazendo um jornal, das 7 às 8. Quem apresentava as notícias comigo era um locutor chamado Bernardo Hansen, que sempre chegava em cima da hora (mas nunca atrasado, devo dizer). Certa manhã acabou a energia nos transmissores, localizados no Pico do Jaraguá. Mas nos estúdios, na Cidade Universitária, tudo estava normal. Foi então que resolvi fazer uma maldade: pedi ao operador que colocasse a abertura e a trilha do jornal,  como habitualmente fazíamos. Assim que o Bernardão apontou sonolento no corredor, às 6h59, eu fiz a ele um sinal de "corre aí" e comecei a ler as manchetes. 

No esquema chamado de "pingue-pongue", eu lia uma, ele lia outra. Quando cheguei à quinta notícia, parei bruscamente no meio da frase, olhei para meu companheiro, suspirei, e disse solenemente: "Quer saber de uma coisa, vai todo mundo à m...". Nesse momento o Bernardo definitivamente acordou e olhou para mim de olhos arregalados. Mas eu continuei com meu ato de aparente loucura (suspeito que muitos locutores já quiseram fazer isso de verdade), e reiterei: "Isso mesmo, cansei dessa m..., chega, vai todo mundo se f...". E, olhando para o lado, "E você, não vai falar nada? Quer mandar alguém à m...? Fique à vontade, pode mandar por minha conta". Na técnica, do outro lado do vidro, o pessoal tinha se jogado no chão num acesso de riso. Aí eu também não aguentei e revelei o teatro. Hoje tenho remorso da situação em que deixei meu colega, sem saber o que dizer ou fazer, com uma cara impagável de susto. Felizmente, além de ganhar a piada e uma história,  não perdi o amigo. E tudo terminou com o clássico "estivemos fora do ar por falta de energia em nossos transmissores". 

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Colunista
Lui Riveglini

Lui Riveglini é atualmente locutor de comerciais, documentários e videos institucionais, foi voz padrão do canal AXN por 13 anos e também atuou como consultor artístico da Rede Transamérica de Comunicação. Foi apresentador das rádios Transamérica (várias vezes), Jovem Pan FM e Bandeirantes, entre outras. Implantou e dirigiu a Rede Mix de Rádio.










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