Segunda-Feira, 25 de Junho de 2018 @
O que uma emissora deve levar em conta na hora de contratar e instalar o streaming ao vivo. Tráfego, compatibilidade, custos, estabilidade, entre outras questões importantes para que a emissora tenha uma forte presença no digital
Nesse artigo vou compartilhar com você minha experiência comprando serviços de streaming ao vivo para a Rádio Geek e explicar os pontos mais importantes que você deve colocar na balança para acertar na compra.
O primeiro fornecedor de streaming ao vivo
O ano era 2016 e, quando ainda planejávamos o lançamento da Rádio Geek, decidimos contratar os serviços da BrLogic por 2 motivos: 1) o preço, R$51,99 2) porque era o fornecedor de a 89FM.
A ativação do serviço foi tranquila. Eles forneceram alguns tutoriais fáceis de seguir. Achamos o painel um pouco confuso e cheio de coisas que não usaríamos. Em pouco tempo configuramos o que precisávamos, escolhemos o template do player online, fizemos a primeira versão do nosso site e tudo funcionava bem.
Fizemos um plano de lançamento. Divulgamos nas redes sociais. Lançamos o site e nosso app mobile e em novembro daquele ano fizemos a primeira transmissão pública.
O painel da BrLogic mostrava números de audiência incríveis!
Em dezembro fechamos com a Campus Party para realizar 88 ações de entretenimento na área dos campuzeiros. Esperávamos dobrar nossa audiência após o evento. Mas então, a BrLogic nos comunicou que nossos números estavam "estranhos". Analisamos e identificamos que o processo de obter o metadado da transmissão gerava muitas sessões de 0 segundos de duração.
Pedimos o log do servidor. Eles nos mandaram e montamos um sistema de contabilização da audiência tentando, primeiramente, reproduzir os valores indicados no painel deles. Sem sucesso. Nada batia. Então, desistimos e adotamos uma contabilização considerando apenas conexões de, no mínimo, 1 minuto de duração e passamos 3 semanas pra validar o sistema. Ai, passamos a pedir o log todos os meses.
Uma outra coisa que foi uma pedrinha no sapato foi o sistema de metadado baseado no nome do arquivo. Se deixássemos nomes genéricos facilitava a operação e ficava estranho para o ouvinte.
O mercado de streaming ao vivo
Comecei então a buscar um novo fornecedor para rodar o streaming ao vivo e ter dados para comparar com os fornecidos pela BrLogic.
A primeira grande dificuldade era comparar a tecnologia de transmissão ao vivo oferecida pelas diversas empresas. Algumas trabalham com Icecast, outras com Shoutcast, outras com Wowza e algumas poucas com tecnologia própria.
Icecast e Shoutcast é o mais comum
A maior parte das empresas trabalham ou com Shoutcast ou com Icecast (até o Wowza pode ser configurado para trabalhar com Icecast ou Shoutcast).
Vantagens:
É possível aferir audiência com bastante a partir do servidor;
Amplo suporte por browsers, aplicativos e tocadores;
Baixo atraso na transmissão comparado ao FM.
Desvantagens:
Quanto mais distante a localização do servidor em relação ao ouvinte, mais quedas na conexão ele vai experimentar;
HLS e a promessa de qualidade
Alguns fornecedores têm pregado que a transmissão ao vivo em HLS (ou HTTP Live Streaming), é a melhor opção.
Vantagens:
É possível configurar para variar a qualidade da transmissão de acordo com a velocidade de conexão do ouvinte.
Desvantagens:
Para aferir audiência é necessária programação extra nos players;
Requer programação extra para funcionar em muitos navegadores, aplicativos e tocadores;
Possui muito atraso na transmissão comparado ao FM.
Ouvintes Simultâneos vs Limite de Tráfego
Algumas empresas cobram pela quantidade de ouvintes simultâneos e outras por tráfego de dados.
Porém, no final, você sempre estará sendo cobrado por tráfego de dados. Quanto mais ouvintes simultâneos, maior o tráfego de dados. Quanto maior o tempo médio de audição, maior o trafego de dados. Quanto maior a qualidade da transmissão ao vivo, maior o tráfego de dados. Enfim, já entendeu né?
Pra você ter uma ideia do consumo de dados:
Supondo:
- 1 ouvinte;
- 10h por dia;
- 30 dias seguidos;
- Qualidade de transmissão de 64Kbps;
Seu tráfego seria:
- (64 x 60) = 3.840Kb por segundo;
- (3840 x 60) = 230.400Kb por hora;
- (230400 x 10) = 2.304.000Kb por dia;
- (2304000 x 30) = 69.120.000Kb por mês.
Ou seja, cerca de 69GB por mês.
Na minha experiência, como o volume de dados varia muito de acordo com o total de ouvintes simultâneos e o tempo médio de audição de cada ouvinte, é MUITO melhor negociar por ouvintes simultâneos.
Estatísticas e métricas de audiência
Esse é o tema mais complexo do momento.
A única forma confiável de aferir audiência é se o servidor de transmissão ao vivo utilizar "token" para autenticar e autorizar as conexões dos ouvintes.
Caso contrário, a transmissão ao vivo da sua rádio vai contabilizar como audiência e consumo de dados um monte de coisa inútil como os robôs do Google, as tentativas de invasão do seu servidor, de roubo de sinal, etc.
A localização é muito importante
A internet não tem os mesmos problemas que a transmissão ao vivo via antena, porém, sofre problemas parecidos.
Por exemplo, se sua rádio é de São Paulo e o seu fornecedor de streaming ao vivo comprar serviços de hospedagem no Canadá, quanto mais ao Sul do Brasil pior será a estabilidade da conexão e vai demorar mais pra carregar o áudio.
Afinal, como escolher o fornecedor
Segue um checklist pra te ajudar:
- Possui servidor na cidade ou país de transmissão da rádio?
- Cobra por ouvintes simultâneos?
- Trabalha com token na conexão do ouvinte?
- Fornece métricas de audiência histórica?
- Trabalha com Icecast ou Shoutcast?
Com as agências e os anunciantes investindo cada vez mais no digital é muito importante sua rádio ter presença e métricas no digital.
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