Rede Transamérica: rádio samurai

Duas coisas que você talvez não saiba sobre a Rádio Transamérica, a maior rede de emissoras de FM do Brasil, com 18 milhões de ouvintes por minuto conectados em sua programação: a primeira é que ela pertence ao multibilionário Aloysio Faria, ex-dono do Banco Real e atual do Banco Alfa, do varejista de materiais C&C, da sorveteria La Basque, de uma fortuna pessoal de US$ 3,8 bilhões... (Faria comprou sua primeira concessão, no Recife, em 1973); a segunda é que ela agora fala japonês – e fala tanto que dr. Aloysio pensa em levar suas ondas sonoras a outras partes do mundo. Apenas um ano após o início das transmissões no Japão, a Transamérica já está em 11 cidades (Tóquio, Nagoya, Hamamatsu, entre outras), ouvida sobretudo pela comunidade de 300 mil brasileiros. “Um negócio que nasceu por acaso de repente nos despertou para um potencial que pode ser explorado nos EUA e países de língua portuguesa”, relata Luiz Guilherme Albuquerque, diretor-superintendente da emissora.

A versão samurai da Transamérica nasceu da saudade de um ouvinte: Jean Pierre Minamizaki, japonês que morou em Curitiba antes de criar, em Nagoya, uma empresa de soluções de internet chamada Voix. Em 2005, ele procurou Albuquerque propondo uma parceria para transmitir a Transamérica no Japão via web. Fez tanto sucesso que um mês depois Minamizaki comprou uma emissora de verdade e se tornou franqueado da Transamérica (a emissora possui 69 parceiros desse tipo no Brasil; eles pagam royalties para repetir três formatos diferentes de programação – Pop para jovens; Light para adultos; e Hits, só de sucessos, mais popular – em suas regiões. Minamizaki já avisou que pretende usar a filial da Voix nos EUA para levar a Transamérica também aos brazucas do Tio Sam. Ao mesmo tempo, Albuquerque busca novos parceiros para repetir o modelo em Portugal.

O diretor-superintendente reconhece que a Transamérica samurai abriu seus olhos para “uma porção de oportunidades”. Até fevereiro de 2007 estará no ar o portal da rádio para celulares. Confiante, mas cheio de segredos sobre o conteúdo do novo negócio, Albuquerque não mede palavras: “O TransMobile será o maior portal de entretenimento móvel do País.” Não será a primeira tacada da emissora fora das ondas do rádio. Há dois anos funciona o TranShopping, um site caçador de produtos no estilo Buscapé. Ainda em fase de testes (portanto sem divulgação adequada), o produto já representa 3% do faturamento do grupo. Valores? Nem pensar. Afinal estamos falando de uma empresa de Aloysio Faria.


Fonte: Christian Carvalho Cruz – IstoÉ Dinheiro – clipping de Cássio Silvério