AESP anuncia Bulevar do Rádio que será instalado na Avenida Paulista, em São Paulo

Atualizado - A Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado São Paulo (AESP) anunciou neste sábado (13) a criação do Bulevar do Rádio. A iniciativa tem o apoio da Prefeitura de São Paulo, Itaú Cultural e Sesc Paulista e será instalado na Avenida Paulista e integra as ações em homenagem aos 100 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil. 

A região onde será construído o Bulevar do Rádio foi cedida pela Prefeitura de São Paulo e conta com uma área verde de mais de 10 mil metros quadrados. Este novo espaço, previsto para ser entregue entre março e abril de 2024, ocupará o trecho da Rua Leôncio de Carvalho, conectando a Avenida Paulista à Alameda Santos. Com um novo pavimento, paisagismo e iluminação, o Bulevar será um calçadão dedicado exclusivamente aos pedestres, enquanto o trânsito local será direcionado de outras formas.

O Bulevar do Rádio é uma homenagem aos 100 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil. A obra conectará o Sesc Paulista ao Itaú Cultural, proporcionando um espaço vibrante para atividades culturais e encontros comunitários.

Em seu site, a AESP expressou sua gratidão à Prefeitura de São Paulo, ao prefeito Ricardo Nunes, ao Itaú Cultural e ao Sesc Paulista pelo apoio essencial a este projeto. “Essa conquista é resultado da colaboração do Comitê +100 anos do Rádio, liderado por Neneto Camargo e envolvendo todas as emissoras da capital.”

Projeto do Bulevar do Rádio na Avenida Paulista - Foto Reprodução

Região da Avenida Paulista recebeu sua primeira emissora há 98 anos

A Avenida Paulista tem um papel simbólico muito importante para o rádio brasileiro. Palco da recepção da primeira transmissão experimental de rádio no mundo e sede de diversas emissoras, a avenida, que hoje tem 2,8 km de extensão, foi inaugurada em 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, e está localizada no limite entre as zonas Centro-Sul, Central e Oeste, uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada Espigão da Paulista.

Como dito, a região foi palco da recepção de uma das primeiras transmissões experimentais que originaram o rádio como conhecemos hoje. Segundo historiadores, o padre e cientista Roberto Landell de Moura construiu o primeiro transmissor sem fio para a transmissão de voz e música, entre 1893-94, cerca de um ano antes de Marconi começar seus primeiros testes de mensagens telegráficas pelo rádio, na Itália. Landell realizou a primeira transmissão pública por meio de ondas hertzianas na cidade de São Paulo, transmitindo de um colégio da Igreja Católica no alto do bairro de Santana, sendo captado a oito quilômetros de distância por um receptor instalado na Avenida Paulista — provavelmente onde hoje está o MASP. A patente brasileira do aparelho do padre Landell recebeu o número 3279, e foi obtida em 1900.

Outro fato importante é que, já em 1926, a região da Avenida Paulista recebeu sua primeira emissora de rádio. Os estúdios e as enormes antenas de Ondas Médias da Rádio Educadora Paulista, a pioneira da cidade, foram montados na Rua Carlos Sampaio, no bairro do Paraíso.

Hoje a Avenida Paulista é casa de várias estações de rádio AM e FM, donas das melhores estruturas técnicas do país. As antenas da FM estão à vista da população, participando também do cartão-postal do local. Elas começaram a ser instaladas já nos anos 1970 para as operações das rádios Gazeta, Eldorado, Jovem Pan, Cidade, entre outras, algumas delas estreantes e outras que migraram da região central da cidade.

A altitude da Avenida Paulista foi um dos fatores determinantes para a instalação das emissoras FMs na região, sendo superior a 830 metros de altitude em vários pontos (maior que a média da capital paulista, que está a cerca de 760 metros). O fato de a região ser um importante centro financeiro do país também é um atrativo para a instalação dessas rádios.

Primeiras instalações de rádio na Paulista. Rádio Educadora Paulista, que depois foi comprada por Cásper Libero e virou Rádio Gazeta / Crédito: Revista "Rádio", de Abril de 1926 - Pag. 57

Colaboração de Maurício Viel