Segunda-Feira, 26 de Maio de 2025 @ 06:39
São Paulo - Estudo indica cansaço do público com excesso de plataformas pagas e reforça posição de destaque do rádio nos EUA
O modelo de mídia baseado em assinaturas, que dominou o cenário digital nos últimos anos, começa a dar sinais de esgotamento entre os norte-americanos. Um novo levantamento revela que cresce a insatisfação do público com a quantidade de serviços pagos de streaming, especialmente de áudio, algo que está modificando os hábitos de consumo e abrindo caminho para uma maior valorização de meios gratuitos, como o rádio. Em um momento de cautela econômica, essa mudança de comportamento sugere um novo cenário para o áudio digital nos Estados Unidos.
Segundo uma pesquisa realizada em dezembro, 27,8% dos entrevistados afirmaram sentir-se sobrecarregados com a quantidade de plataformas pagas às quais estão vinculados. Esse dado está atrelado a uma queda significativa no valor médio gasto mensalmente com assinaturas de streaming: de US$ 55,04 em 2023 para US$ 42,38 em 2024, uma retração de 23%.
A Edison Research, por meio de seu relatório Share of Ear Q1 2025, também identificou um comportamento mais seletivo por parte dos usuários. Embora pouco mais da metade dos norte-americanos com 13 anos ou mais ainda mantenha ao menos uma assinatura de áudio, esse índice permanece praticamente estável desde 2022. O destaque está na forma de uso: o número de pessoas que assinam apenas um serviço subiu de 28% para 35% em três anos, enquanto a fatia que pagava por mais de duas plataformas caiu de 13% para apenas 6%.
Essa racionalização no consumo ocorre no momento em que o rádio mantém sua liderança entre os conteúdos de áudio com suporte publicitário. Segundo o estudo The Record Q1 2025, desenvolvido por Nielsen e Edison Research, o rádio responde por 66% do tempo total gasto com áudio gratuito entre adultos com 18 anos ou mais, com os podcasts aparecendo na sequência, com 19%.
O cenário indica que, diante do cansaço gerado pela gestão de múltiplas assinaturas e do desejo por praticidade, o público está redescobrindo no rádio uma alternativa eficiente. Sem necessidade de login, custos mensais ou limites de uso, o meio radiofônico se consolida como um recurso confiável e acessível, adaptado a rotinas mais simples. A possível retração nos números de assinantes pagos de serviços como o Spotify – fato contestado pela empresa – reforça essa mudança de direção no consumo de áudio digital.
Transmissões online das rádios AM/FM superam Spotify e Pandora entre ouvintes de áudio com publicidade
Esse movimento de valorização do conteúdo gratuito também se reflete no ambiente digital. Conforme apontado por um estudo divulgado recentemente pela Edison Research e pela Cumulus Media, as transmissões online das emissoras AM/FM ultrapassaram os streamings pagos, como Spotify e Pandora, em audiência no segmento de áudio com publicidade. De acordo com a análise, o streaming das rádios tradicionais representa atualmente 8% da audiência total com suporte a anúncios nos Estados Unidos, contra 5% do Spotify (versão gratuita) e também do Pandora. O dado reforça a força e a relevância do meio radiofônico, mesmo no ambiente digital, em um cenário de redirecionamento do consumo de áudio por parte do público.
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E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Ilustração / tudoradio.com
Com informações da Edison Research e do portal RadioInk