Sábado, 19 de Julho de 2025 @ 10:24
São Paulo - NPR conta com uma rede de rádios públicas com grande audiência em cidades importantes e está entre os maiores canais de podcasts do mundo Tags: Trump, NPR, PBS, corte de financiamento, mídia pública, Estados Unidos, radiodifusão, Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na noite da última quinta-feira (17) um decreto que determina o corte do financiamento federal destinado à Rádio Pública Nacional (NPR) e ao Serviço Público de Televisão (PBS). A justificativa apresentada pelo republicano é a de que ambas as emissoras públicas mantêm uma cobertura tendenciosa e promovem “propaganda de esquerda” utilizando dinheiro dos contribuintes. A medida instrui a Corporação para Radiodifusão Pública (CPB), responsável pelo repasse de recursos às emissoras públicas, a aplicar o corte dentro dos limites legais. A decisão afeta diretamente as rádios públicas ligadas à NPR, que em alguns mercados estão entre as líderes de audiência.
O decreto também busca bloquear o financiamento indireto à NPR e à PBS por meio de concessões repassadas a emissoras comunitárias de rádio e TV. Em nota, a Casa Branca declarou que as duas redes vêm promovendo ativismo político com verba pública, o que, segundo o governo, representa um uso inadequado dos recursos.
De acordo com Trump, o financiamento público à mídia era justificável em 1967, ano de criação da CPB, mas atualmente seria “obsoleto, desnecessário e corrosivo para a independência jornalística”. O presidente já havia defendido essa posição em março, quando solicitou ao Congresso o fim do financiamento público às duas redes.
Apesar da decisão, a NPR é majoritariamente financiada por doações privadas e obtém apenas 1% de sua receita do governo federal. Já a PBS depende dos repasses federais para cerca de 16% de seu orçamento, segundo sua presidente e CEO, Paula Kerger. Em nota, ela classificou o decreto como “flagrantemente ilegal” e afirmou que a emissora está avaliando alternativas para manter sua programação educacional.
A NPR também se manifestou de forma crítica à medida e afirmou que contestará o decreto “por todos os meios disponíveis”. De acordo com estimativas, a emissora deve receber cerca de US$ 120 milhões da CPB em 2025, o que representa menos de 5% de seu orçamento total.
O impacto da medida ainda é incerto, uma vez que o orçamento da CPB até 2027 já foi aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos. Atualmente, mais de 40 milhões de norte-americanos escutam semanalmente a NPR, e cerca de 36 milhões assistem mensalmente à programação da PBS.
O tudoradio.com chegou a noticiar o crescimento da audiência de várias emissoras jornalísticas em 2025, incluindo estações públicas e privadas. FMs ligadas à NPR, como a KQED FM 88.5 de San Francisco (Califórnia), dispararam na liderança de audiência, segundo dados do PPM da Nielsen Audio, e têm mantido essa condição desde então. A emissora pública WNYC FM 93.9, ligada à New York Public Radio e afiliada da NPR, também registrou crescimento expressivo de audiência e figura com frequência no top 5 local.
A decisão se soma a outras ações do governo Trump contra veículos de comunicação. Em fevereiro, a Casa Branca restringiu o acesso da agência Associated Press (AP) por não adotar o termo “Golfo da América” em substituição a “Golfo do México”. Em abril, o republicano voltou a criticar grandes veículos de imprensa após a divulgação de pesquisas com resultados desfavoráveis à sua administração.
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Registro do aplicativo da NPR / depositphotos.com
E por qual razão olhar para lá fora?
O tudoradio.com costuma observar esses pontos de curiosidade dos números do rádio internacional para mapear possíveis mudanças de hábitos e a manutenção do consumo de rádio em diferentes países. Assim como ocorreu no ano anterior, periodicamente a redação do portal irá monitorar o desempenho do rádio nos principais mercados do mundo e, é claro, fazendo sempre uma comparação com a situação brasileira. E, como de costume, repercutindo também qualquer número confiável sobre o consumo de rádio no Brasil.
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Com informações do jornal O Globo, da AFP, Bloomberg e The Times