Sexta-Feira, 22 de Agosto de 2025 @ 09:07
São Paulo - Painel no SET Expo 2025 reuniu Globo, SBT e Savana Comunicações para debater o modelo de produção centralizada e os impactos na operação da mídia brasileira.
O futuro da produção audiovisual, baseado em ambientes centralizados, virtualizados, distribuídos e escaláveis, foi o destaque da manhã desta quinta-feira (21) no SET Expo 2025, em São Paulo. O evento abriu espaço para um painel técnico que discutiu como a adoção de arquiteturas definidas por software e operações distribuídas está transformando a forma de produzir conteúdos no país. A sessão reuniu representantes do SBT, da Globo e da Savana Comunicações, que compartilharam experiências e desafios desse novo modelo.
O debate, mediado por Eduardo Taboada, gerente de Operações do SBT, teve como tema central “Produção Centralizada: inovando e otimizando a Arquitetura, a Operação e a Forma de Produzir”. Participaram Carlos Cesar Abrahão (diretor de Projetos Estratégicos e Serviços na Savana Comunicações), Marcelo Fontana (gerente de Tecnologia da Globo) e Marcelo Bossoni (diretor de Tecnologia para Produção de Conteúdos da Globo). Os três apresentaram uma visão operacional baseada em experiências práticas da indústria.
“Estamos falando de um ambiente definido por software, onde ganhamos agilidade, flexibilidade e, principalmente, a capacidade de produzir mais com os mesmos recursos”, afirmou Marcelo Bossoni. Segundo ele, o antigo paradigma de “um switcher por estúdio” vem sendo substituído por arquiteturas em que qualquer sala de produção pode controlar qualquer evento, independentemente da localização física. “É o fim das ilhas. Estamos conectando tudo em um backbone IP e derrubando barreiras geográficas”, completou.
Marcelo Fontana reforçou que a transformação é também cultural. “A maior transformação não está nos equipamentos, mas no perfil dos profissionais e na forma como produzimos. Antes, tínhamos 38 controles físicos espalhados em sete sites. Agora, com a produção central, esses 38 podem estar virtualmente disponíveis em qualquer lugar, a qualquer hora. É uma revolução”, disse.
Com 40 anos de atuação no setor, Carlos Cesar Abrahão destacou que a adoção de ambientes virtualizados e software-based exige mais do que investimento técnico. “É preciso coragem para migrar de um mundo conhecido e robusto, como o do SDI, para um universo novo e dinâmico, guiado por software, onde a maturidade técnica ainda está sendo conquistada”.
Os exemplos apresentados ilustraram o movimento. Em simulações e aplicações reais, foram mostrados cenários em que uma produção como o Bom Dia Brasil poderia ser comandada do Rio de Janeiro, com operadores localizados em São Paulo, Brasília e até em home office, utilizando workloads distribuídos em diferentes sites, com flexibilidade para alocar, mover ou escalar recursos de forma pontual, inclusive com suporte à nuvem pública.
Entre os principais benefícios citados estão a redução do time-to-market, o melhor aproveitamento da expertise das equipes e a possibilidade de entregar conteúdos de alta complexidade, como Olimpíadas ou grandes eventos musicais, sem a necessidade de ampliar fisicamente os data centers. “É uma nova era. Vamos aumentar a produção sem os mesmos investimentos físicos do passado”, afirmou Bossoni.
Os desafios, porém, também foram lembrados. Fontana ponderou a necessidade de discutir modelos de licenciamento de software, custos de sustentação e a maturidade dos fornecedores para o novo formato. Ele ressaltou ainda a importância de alertas e sistemas de monitoração eficientes: “Se não monitorarmos o uso da infraestrutura, corremos o risco de sobrecarregá-la, o que pode travar novas produções”.
Outro ponto central foi a orquestração. Os exemplos práticos mostraram que o sucesso da produção centralizada exige planejamento preciso de banda, processamento, armazenamento e controle, além de um sistema robusto de alertas e métricas para o gerenciamento em tempo real das operações — seja para desligar um programa que ultrapassou o horário, seja para escalar capacidade em um site durante uma transmissão especial.
“Não se trata de um único centro de produção operando tudo, mas de uma inteligência que aloca recursos onde e quando for necessário, com flexibilidade para diferentes modelos de negócio e produção”, resumiu Bossoni. A mensagem final do painel foi clara: profissionais de mídia que não se prepararem para operar nesse novo ecossistema — onde o controle está em todos os lugares e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum — podem, em breve, ficar para trás.
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Com informações da SET