Quarta-Feira, 17 de Setembro de 2025 @ 11:24
Rio de Janeiro - Proposta do presidente dos EUA pode impactar redes como iHeartMedia e Cumulus Media, que dependem dos relatórios para manter investidores e anunciantes informados
Uma eventual mudança na exigência de divulgação de resultados financeiros trimestrais por empresas listadas na bolsa dos Estados Unidos voltou a ser tema de debate. O presidente Donald Trump, em postagem feita na plataforma Truth Social, reforçou sua proposta para que companhias abertas passem a divulgar seus resultados a cada seis meses. A medida, caso adotada, pode impactar diretamente a forma como grandes grupos de rádio norte-americanos comunicam seu desempenho ao mercado.
Trump criticou o modelo atual ao compará-lo com práticas adotadas por países como a China. “Você já ouviu a afirmação de que ‘a China tem uma visão de 50 a 100 anos na gestão de uma empresa, enquanto nós administramos nossas empresas com base trimestral??? Isso não é bom!!!’”, publicou o presidente em sua rede.
Atualmente, as regras da Securities and Exchange Commission (SEC), equivalente à Comissão de Valores Mobiliários nos EUA, exigem que companhias de capital aberto divulguem seus resultados por meio do formulário 10-Q, documento entregue a cada trimestre. Apesar do novo apelo de Trump, a SEC não sinalizou qualquer intenção de revisar essa exigência.
Impacto direto nas grandes redes de rádio
No setor de radiodifusão, a alteração sugerida impactaria diretamente redes como a iHeartMedia, Cumulus Media e Urban One, todas empresas de capital aberto que se valem dos balanços trimestrais e teleconferências regulares para manter investidores, credores e anunciantes atualizados sobre tendências de receita e estratégias comerciais.
A possível transição para relatórios semestrais poderia diminuir a frequência e o detalhamento dessas atualizações, especialmente em períodos de maior sensibilidade econômica, como ciclos políticos e sazonalidades publicitárias. Há também o risco de redução da cobertura por analistas e maior dificuldade no acompanhamento da performance financeira por parte do mercado.
Cenário diferente do brasileiro
O modelo norte-americano difere significativamente da realidade do setor de rádio no Brasil, onde a maior parte das emissoras é composta por empresas de capital fechado, que não são obrigadas a divulgar seus resultados financeiros ao público. Isso faz com que os dados sobre desempenho financeiro e comercial de rádios brasileiras sejam mais restritos e menos frequentes.
Nos Estados Unidos, a transparência promovida pelos relatórios obrigatórios é vista como ferramenta fundamental para manter a confiança de investidores e do mercado publicitário. Por isso, há resistência à mudança por parte de alguns setores. Já quem apoia a alteração acredita que ela poderia reduzir custos regulatórios e a pressão por resultados de curto prazo, permitindo maior foco na operação e sustentabilidade dos negócios.
O exemplo europeu é frequentemente citado no debate. A União Europeia abandonou a obrigatoriedade de relatórios trimestrais em 2013, com o Reino Unido seguindo a mesma linha no ano seguinte. Apesar disso, muitas empresas optaram por continuar divulgando atualizações frequentes de forma voluntária.
Caso a proposta ganhe força nos Estados Unidos, o setor de rádio, especialmente os grupos com grande volume de capital investido e alta alavancagem financeira, poderá enfrentar novos desafios para manter a visibilidade junto ao mercado.
Com informações do Radio Ink