O rádio é muito carente de pesquisa, então qualquer idéia plantada ou exemplo do vizinho que ?deu certo?
Opa amigos leitores do Tudo Rádio. Infelizmente o nosso rádio está passando por mais uma crise de identidade artística, causada pelo achismo e desespero de vários. O que eu vou comentar aqui é algo que pode gerar bastante discussão, então desde já quero deixar claro que isso não é uma generalização de todos os projetos artísticos em rádio. Algumas alterações e testes realizados por determinadas FMs são embasadas em pesquisas, não achismos. Mas esse não é o panorama geral do rádio.
O rádio é muito carente de pesquisa, então qualquer idéia plantada ou exemplo do vizinho que ?deu certo? vira uma verdade absoluta. Quem está passando por uma crise de identidade são as chamadas rádios ?jovens/top40?. Mesmo vivendo seu melhor momento em números gerais de audiência, dados representados pelos índices das duas primeiras colocadas nesse segmento nas principais cidades brasileiras, o modo de se fazer rádio ?pop? foi colocado em xeque pela quarta ou quinta vez em menos de 10 anos.
A ?onda? sertaneja (que na minha opinião não se trata de uma onda, mas algo já consolidado) está causando uma dor de cabeça nos profissionais de rádio jovem que não entendem os motivos da ?molecada? (que teoricamente é a sua audiência) passar a frequentar emissoras ?sertanejas/ecléticas? e eventos desse gênero. É verdade que o jovem é um publico eclético, descompromissado e muito ?de lua? (muda de opinião rapidamente), porém isso não é de hoje. Agora mudar rapidamente a programação de uma rádio jovem pensando que o público não deseja mais esse estilo de gênero musical é um grande erro.
Se uma grande rádio de São Paulo que possui uma programação assumidamente pop/jovem insere um ?remix? de um grande sucesso de outro gênero, não significa que aquela rádio ou segmento vai ser modificado da noite para o dia, ainda mais nessa época do ano (período propicio para essas ?inserções?). O que acontece hoje com a música sertaneja na rádio jovem é o mesmo processo que envolveu o funk carioca em 2002 e 2006, forró em 2001, além do axé baiano entre os anos de 1998 e 2000. Essas emissoras estão ?aproveitando? para beliscar uma pequena fatia do mercado, sem significar uma mudança na orientação artística do segmento (diferentemente do ?boom? do axé em 1998, que modificou a programação de radio jovem e foi algo praticamente irreversível para se recuperar, melhorando os números apenas em 2002).
O jovem quer ouvir sertanejo, mas na rádio que toca música sertaneja ou possui uma grade eclética. Da mesma maneira que ele frequenta shows e festas de musica sertaneja, como também espera ouvir dance music, pop nacional e internacional, entre outros gêneros em outros lugares. Se ele quiser sertanejo, vai na rádio A. Notícia? Na B! Pop/top40? Na C, conhecida como a rádio ?jovem? (ou ?pop/top40?, como queiram). Do mesmo jeito que o jovem utiliza mais de um canal de interatividade, emissoras de televisão, bandas, grupos, ele também vai consumir mais de uma rádio. Se ficar tudo igual, ponto negativo para todas, independente da praça onde atua.
Para saber mais sobre esse momento, basta ler a entrevista que a diretoria da rede Jovem Pan deu para a revista Rádio&Negócios, onde Calil Bassit afirma que a rede vive seu melhor momento. Hoje temos Jovem Pan 2 com resultados positivos em praças com mais de 1 milhão de habitantes e também naquelas cidades com 30 mil habitantes, em diferentes regiões do país. A expansão da Rede Mix e a criação de novos projetos de rádios ?pop? e até mesmo as ?adultas? comprovam essa tendência.
Não existe um único caminho. É preciso diversificar e saber trabalhar em cima da proposta escolhida. Não existe gênero de programação errado, o que existe é rádio mal feita ou mal trabalhada comercialmente.
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jovens, pop