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Segunda-Feira, 24 de Janeiro de 2011 @

Rádio: a possibilidade de um novo olhar

A idéia é mexer com alguns conceitos fixos que a gente não costuma falar. Vamos pensar juntos. Se estiver afim continue lendo. Aviso antecipadamente porque se você não tem tempo para isso, pare por aqui. 

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Essa coluna é diferente.

A idéia é mexer com alguns conceitos fixos que a gente não costuma falar. Vamos pensar juntos. Se estiver afim continue lendo. Aviso antecipadamente porque se você não tem tempo para isso, pare por aqui. 

Se acha que não vale a pena, que é bobagem, que nada deve mudar, por favor, volte para outra sessão do site ou preste atenção no V.U da mesa,no cafezinho da maquina, ou nos spams que estão em sua caixa de entrada. 

Pronto? Ok. Dispensados os que não se interessam, restaram eu e você. Melhor assim.

Agora, aqui entre nós, me responda com sinceridade: Sou apenas eu que tenho a sensação de que as pessoas estão se cansando da overdose de informações inúteis e mensagens de consumo e, cada um a sua maneira, começam a fazer algo a respeito ?  Talvez isso explique porque livros de auto ajuda, mensagens positivas, religião e afins estão em alta. Parece que há um certo desconforto crescente empurrando um número cada vez maior de pessoas em busca de algum tipo de alívio, de algo que proponha, agregue, construa.
Mas não é só isso. Já notou como os publicitários inteligentes já anexaram seus argumentos a esse fenômeno que, em graus diferentes, atingem todas as camadas sociais? Repare. Cada vez menos falam coisas do tipo "compre porque é mais barato" ou "tenha porque é o melhor do mercado". Claro, tem os varejões da vida que seguem tal formula, mas note quanta gente trocou os argumentos óbvios e racionais por apelos mais emocionais, subjetivos, pela associação de um conceito - seja ele qual for- a uma marca.

Se você acompanhou a última campanha política, talvez tenha reparado como os principais candidatos foram tudo, menos pragmáticos. Não quero entrar no julgamento do mérito, mas apenas me deter ao fato. Você viu alguém falar seriamente sobre propostas de governo, medidas necessárias, real correção de rumo, seja na economia, investimentos, na área social, infra estrutura, etc...? Os antigos e inflamados discursos políticos foram trocados por belas imagens, trilhas melosas, sorrisos programados, cenas tocantes, lágrimas, abraços, gratidão, frases de efeito e bordões que, aos poucos, se conectaram com os anseios populares. Um outro tipo de linguagem que visivelmente vai substituindo tudo o que foi feito em termos de marketing político até aqui e proporciona números estratosféricos de popularidade a quem entendeu e se adequou a esse momento.

É inegavel que a super exposição a informação tende a produzir consumidores (de comunicação inclusive) a procura de novos argumentos.

E no mundo empresarial? Por que existem tantos palestrantes com agenda cheia e ganhando muito dinheiro? Por que tantas revistas com matérias focadas em liderança e motivação? Por que aumenta o numero de empresários que demonstram algum tipo de preocupação em relação a saúde física, mental e espiritual dos funcionários, tentando fixar sua liderança não mais através do soco na mesa, mas do estímulo e da valorização do ser humano ?
Gente antenada como a apresentadora de TV norte americana Oprah Winfrey, percebendo essas mudanças, lançou recentemente seu próprio canal de televisão - OWN TV. Há três anos Oprah começou a planejar um canal cuja proposta seria a "autodescoberta e a celebração de si mesmo". Resultado: Com poucos dias no ar, a rede já está entre as três primeiras colocadas em audiência na TV a cabo americana.

No cinema não é diferente. Já reparou quantos filmes recentes (nacionais e estrangeiros) com apelos ligados a espiritualidade, superação, desenvolvimento pessoal que acabam virando blockbusters ?

Ah, mas isso sempre existiu. As pessoas sempre buscam referências de superação a partir de exemplos. A história está aí para mostrar quantas lendas são criadas justamente com esse intuito: motivar as pessoas - Alguém pode argumentar.
Outros questionam: "Mas o que uma coisa tem a ver com outra?". Talvez você mesmo responda quando começar a perceber que esse fenômeno está em franco crescimento e não se detém a culturas ou "tribos" específicas. É algo que vasa entre classes sociais e modifica os mais diversos ambientes. As explicações são inúmeras e vão desde um movimento cíclico, natural, que de tempos em tempos produz essa necessidade humana de evoluir, até o reflexo do excesso de informação que desgasta e, no fim das contas, ou nos suga ou nos força a caminharmos em outra direção. Na verdade não importa. 

Posto isso, agora pense comigo. Certamente você já ouviu alguém dizer que o futuro do rádio é o conteúdo. Acho que nisso não há divergências, certo?

Parece que a maioria concorda que, apesar de ainda importante, não cabe mais prioritariamente a musica o peso de definir o volume da audiência. Sabemos que, além dela, se não forem os detalhes e o famoso "conteúdo", tocar o sucesso não será suficiente para "abater" a concorrência.
Você concorda? Então, com toda a sinceridade, me responda: Que tal "conteúdo" é esse a que todos se referem?
Imagino que palavras como humor, promoção, games, notícias, programas segmentados, jornalismo, curiosidades, fofocas, trânsito, debates, hora certa, horóscopo, histórias...palavras como essas passaram por sua cabeça, não é ?

Tudo o que sempre existiu. Tudo o que o rádio sempre fez. Nada, absolutamente nada de novo.
Agora me diz uma coisa. Entre todos os veículos de comunicação, qual o mais ágil? Qual deles reúne mais características para ser próximo, amigo, pessoal e se incluir na rotina de tanta gente? Qual pode acompanhar as pessoas onde quer que estejam e ainda por cima compartilhar a atenção com suas tarefas do dia a dia?

Sei que respondeu certo. Mas se leu até aqui não pare - estou quase terminando - e me responda mais uma pergunta: Qual mídia reúne mais condições para absorver esse novo caminho que a comunicação, mais humana, pessoal, consciente e propositiva está tomando e que os livros, a publicidade, a política, o cinema, a TV já perceberam?

Faz mais de um ano que mantenho um programa em uma rádio em Portugal onde o conteúdo - voltado a questões práticas e existenciais - é o principal elemento. O resultado é muito bom. Aliás, outro dia o Francisco Violante - diretor da rádio Sines em Portugal - me dizia algo curioso. Ele comentava sobre o desafio diário de conquistar ouvintes em um continente onde a audiência de rádio é predominante em classes que exigem mais conteúdo. Pelo menos na cidade dele, o "povão" ouve menos rádio que as classes mais altas o que acaba exigindo mais de quem faz rádio. Acompanho parte do seu esforço na busca por novas propostas que se adequem ao gosto cada vez mais exigente de gente que liga o rádio na expectativa se ser surpreendida. 

No Brasil testemunhamos o emergente crescimento da classe C. É para eles que a maioria das programações de rádio e TV atuais são criadas. A justificativa é que as classes A-B migraram para outras mídias o que nos obriga a adequar nosso produto a esse novo público. Acontece que em geral essa "popularização" é construida a base do empobrecimento do conteúdo. Se hoje serve, como será amanhã quando o povão também migrar para outras mídias ? Sabemos que não levará muito tempo para a popularização dos i pads e i phones da vida, as cias trabalham para isso. Quando acontecer, quem optara em consumir um produto (o radio) desgastado, viciado e esvaziado de propostas ? Que tipo de conteúdo estaremos aptos a gerar, ainda que seja para consumo em outras mídias ?

Aliás, quando falo em conteúdo, não me refiro a nada parecido com as fórmulinhas de sempre e muito menos limito o argumento a um segmento especifico. Falo sobre algo mais abragente, um conceito que pode ser adequado a qualquer linguagem ou target. Só depende da criatividade e da percepção de quem faz.
Dá para fazer um rádio ágil, moderno e ao mesmo tempo conectado com os anseios que aumentam e aumentam e aumentam, como disse Oprah Winfrey em direção a "autodescoberta e a celebração de si mesmo" ? Existe uma fórmula que na essência não é nova, mas em linguagem ainda não se explorou no rádio. Você consegue imaginar ? Pense por alguns instantes. É mais pragmatico do que utópico, mais realista do que idealista, afinal, estamos falando sobre um caminho irreversivel onde outros veiculos ja sairam bem na frente a ponto de começarem a colher seus frutos.
Onde nós, como veiculo, estamos nos posicionando nesse exato momento em que as pessoas se questionam, buscam mais qualidade de vida, repensam seus caminhos, sua vida, sua fé, suas escolhas ? Nossa proposta é a mesma de sempre, os argumentos aqueles que não envolvem, as idéias aquelas mesmas que outros já tiveram, o conteudo, com pequenas alterações, são os de antes, a falta de criatividade latente em tudo o que fazemos: copiando, plagiando, resgatando o que já foi, ou existe espaço para preenchermos realmente parte desse espaço ?

O que você pensa em relação a isso? Já passou por sua cabeça que existe uma chance de valorizarmos nosso veículo a partir do momento em que conseguirmos conectar nosso conteúdo ao que as pessoas realmente estão buscando ? Será que nossa perda de mercado evidente não tem a ver com nossa falta de criatividade, ousadia e sobretudo percepção em relação ao momento em que o mundo vive ? Passa por sua cabeça que não estamos percebendo que os novos ares são extremamente adequados ao rádio que, em essência, é um veículo amigo, próximo, companheiro ?

Não é o rádio que está mundando e sim as pessoas e sua maneira de se relacionar com o mundo. Nós , como veiculo de comunicação, só devemos refletir essa realidade. É a única maneira de nos mantermos fortes.

Reconheço que para a maioria é dificil pensar em remodelar o que já está sendo feito e, ainda que os sinais de desgaste e esgotamento sejam crescentes e quase palpaveis, ainda relutam em pensar diferente. "Se ninguém fez é porque não pode ser bom" - vão pensando e aí ninguem faz. Fica um copiando o outro enquanto a fórmula se desgasta, definha e esgota. Sinceramente você acha que deve ser assim ?

Claro, não sou dono da verdade, de qualquer forma, se eu estiver certo, sinto que está na hora de mexer esse caldo, acordar os colegas e , no mínimo, chamá-los para uma nova reflexão, afinal, estou falando apenas sobre a plataforma onde cada um faz sua própria construção a partir de sua percepção.
Para os que terminam esse texto perguntando "E aí ?" é bom dizer que não me proponho a dar fórmulas pré fabricadas ou dizer como se faz. Me contento em provocar alguns poucos e raros a sair da acomodação e abrir os olhos. Veja a volta, perceba para onde a comunicação está indo e simplesmente - basta isso - se questione até que ponto você enxerga mais do que o salário, as vinhetas, a música, o seu dia a dia comunzinho, pequenininho, igualzinho, confortavelzinho, limitadozinho,  amedrontadinho, sempre a mesma coisa.

É hora de criar algo novo. Hora de sair da zona de conforto.

Esse é o start.

Tags: Rádio

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Colunista
Flavio Siqueira

Flavio Siqueira é escritor e radialista. www.flaviosiqueira.com










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