




Sábado, 18 de Outubro de 2025 @
A história das transmissões esportivas é também a história da paixão brasileira pelo futebol. Do rádio às plataformas digitais, veja como a narração moldou gerações e conectou o país à emoção do gol
O rádio foi o primeiro elo entre o torcedor e o campo, antes mesmo da TV existir esse meio de comunicação já se fazia presente em todo o globo. Apesar da primeira transmissão de uma partida de futebol lance a lance via rádio ter sido em 1931, só no ano de 1938 houve a primeira transmissão mundial de futebol. A Copa de 1938, na França, foi narrada via rádio por Gagliano Neto.
Hoje em dia a tecnologia está na palma da mão. O futebol funciona de forma tecnológica, vinculado à TV, aplicativos, sites de apostas esportivas, dentre outros canais. Na atualidade os clubes de história rica se destacam nas melhores casas de apostas, mas na década de 30 e 40, as transmissões de rádio eram um grande símbolo de avanço tecnológico. Foi a rádio que abriu caminho para tudo que veio depois dela.
A primeira transmissão mundial de futebol: o Brasil descobre o som da Copa
Muito antes da TV, dos streamings, dos sites esportivos e de outros canais usados hoje para transmitir a emoção dos campos, o rádio estava presente. As transmissões eram emocionantes e ligavam o torcedor ao seu time por meio de um simples narrador. O grito de gol, a descrição de lances e qualquer movimentação narrada era responsável por unir aqueles que amavam o esporte.
Em 1938, ocorreu uma grandiosa Copa do Mundo, realizada na França. Essa foi a primeira competição mundial de futebol transmitida via rádio para o Brasil. Foi nesse momento em que o país criou um vínculo mais sólido com o esporte que tanto representa a população. Gagliano Neto se destacou como um narrador histórico pela Rádio Nacional.
Na ocasião, multidões se reuniam em praças, bares e clubes para ouvir os jogos que ocorriam. Para onde fosse, era possível encontrar alguém com um rádio no ouvido. Imaginando o que acontecia no campo, a população acompanhava as narrações como se estivesse nas arquibancadas.
O rádio e a era de ouro das transmissões esportivas no Brasil
As décadas de 1940 e 1950 trouxeram o futebol como paixão nacional. Foi nesse período que ocorreu o maior crescimento das rádios AM e das equipes esportivas. Nomes que ficariam para a história, como Ary Barroso, Waldir Amaral e Jorge Curi passaram a ser conhecidos.
A Copa do Mundo no Brasil de 1950 fez com que a rádio se tornasse ainda mais popular. Na ocasião todos estavam ligados no que acontecia em tempo real. Era a grande oportunidade da seleção brasileira se fazer presente e mostrar seu potencial. Infelizmente, também foi via rádio que a população acompanhou uma derrota vergonhosa do Brasil para o Uruguai de 2 x 0. O gol de Ghiggia, aos 34 minutos do segundo tempo, deixou todos sem reação, até mesmo na rádio.
A magia da voz: emoção e identidade nacional
Os brasileiros são constantemente lembrados por seu bom-humor, emoção e estilo vibrante. Com as narrações de rádio isso não poderia ser diferente. Não à toa, os narradores de futebol ficam tão famosos no país. Eles transmitem com a voz a emoção do campo e fazem com que o torcedor se sinta ali mesmo de longe.
Uma narração intensa e emocionante é capaz de tornar qualquer estímulo visual dispensável. Bordões famosos e gritos de adrenalina marcam o cenário, ocupando um espaço especial no coração dos torcedores. O improviso e a emoção se tornaram elementos fundamentais para qualquer narração futebolística.
Da imagem ao espetáculo: a chegada da televisão e a revolução visual
Em 1970, na Copa do México, as coisas já estavam bem diferentes. A TV em cores havia se tornado uma realidade. Essa foi a primeira Copa do Mundo transmitida ao vivo e em cores no Brasil. Ela se tornou responsável por consolidar o futebol como espetáculo visual para a população.
Todas as movimentações de campo que antes só eram imaginadas, passaram a ser vistas. O visual se tornou importante e emocionou muitos torcedores. Nesse momento da história ocorreu uma mudança no papel do narrador. Ele deixou de ser um guia e virou um comentarista. Enquanto o torcedor via o que estava acontecendo, o narrador deveria falar sobre a emoção dos lances.
A era das vinhetas, aberturas e trilhas sonoras icônicas marcou a transmissão televisiva e radiológica. O futebol na ocasião se tornou um produto midiático global com crescimento de audiência e contratos de transmissão. Apesar disso, a rádio nunca perdeu o seu espaço, pelo contrário, se tornou complementar aos estímulos visuais.
O futebol nas ondas digitais: o som e a imagem na era do streaming
O tempo passou ainda mais e hoje, no século 21, a tecnologia atingiu patamares inimagináveis. Plataformas de streaming, podcasts, lives e rádios web surgem como uma reinvenção da rádio no mercado. Dessa forma, o rádio foi capaz de resistir e migrar para o digital sem dificuldades.
Hoje as redes sociais transformam o torcedor em comentarista. Qualquer um pode interagir, estar por dentro e, de qualquer lugar, é possível ouvir a sua rádio preferida. Mesmo com o surgimento de novas tecnologias, nada substitui a emoção original do rádio esportivo. Da vibração de Gagliano Neto às lives de hoje, o futebol segue sendo narrado com o mesmo grito.
* Por Sandro Maciel - jornalista - linkarme


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