A renovação do conceito de comunicação através do radio precisa
ser sempre atualizada e constante. Eu procuro ver que a internet esta
muito longe de ser inimiga
O ano de 2012 começou com uma noticia que embora o mercado já
esperasse, não deixa de ser estarrecedora, a de que a mais famosa marca
de fotografia no mundo, a Kodak, entrou com um pedido de concordata
(onde a empresa se beneficia de ajuda governamental e de fundos, a
fim de evitar a falência). Nós estamos falando da maior empresa de
fotografia já criada na historia, que com seus filmes fotograficos, registrou
os maiores acontecimentos nos últimos 130 anos, que esteve na Lua, e
que ironicamente...inventou a câmera digital. Sim, eu disse: inventou,
aquilo que muitos anos depois foi o grande responsável por sua quase
aniquilação. Só que ela criou a câmera digital e “colocou em cima da
prateleira” das varias patentes que a empresa detém hoje e que de
alguma maneira revolucionaram a tecnologia de mídias diversas. Porém,
faltou a gestão da Kodak identificar e planejar sua própria evolução
tecnológica, pois ela só foi colocar sua primeira câmera digital no mercado
anos mais tarde, quando outras grandes empresas como Samsung e
Sony já se esbaldavam em dezenas de opções de pequenas maquinas,
dispostas ao publico consumidor que procurava cada vez mais por esse
formato de fotografia. Me lembro que quase dez anos atrás, quando
essas maquinas já estava “populares” e “acessíveis”, poucas pessoas ainda
utilizavam o filme tradicional, eu creio que os últimos a abandonarem esse
formato, foram os simpatizantes de fotografia profissional e os próprios
profissionais da área. Meu irmão, um desses fotógrafos, dizia nessa
época que a qualidade de imagem do filme era muito superior a digital.
Realmente, com alguma explicação técnica ele conseguia me convencer
disso. Mas pouco tempo depois, a tecnologia de fotografia digital evoluiu
tanto que ele abandonou o formato tradicional, alegando que finalmente
essa qualidade de imagem digital havia superado a do tradicional filme
fotográfico, este que também caminhou inversamente se tornando cada
vez mais caro.
Sem falar que a Kodak, diferente de outras grandes empresas que
desenvolvem tecnologia, comunicação e interatividade (uma fotografia
pode muito bem ser “enquadrada” nesses três quesitos); não procurou
investir e lançar outros produtos para expandir seu ramo de negócios. Ela ficou de alguma maneira, dependente do tradicional formato fotográfico
e impresso, sem contar que a velocidade de evolução de seus produtos
sempre foi mais lento que o de outros potenciais concorrentes.
Após essa narrativa do que a Kodak foi e do que ela enfrenta hoje,
podemos analisar e adequar alguns possível “cenários” ao meio
radiofônico. Digo isso pois a Kodak demorou pelo menos quinze anos para
entrar em uma verdadeira crise (muito provavelmente sem volta), mesmo
após identificar claramente qual seria o caminho seguido pelo conceito
de fotografia. O radio já segue a mais de sessenta anos dividindo sua
audiência com a TV que, vamos ser francos, ganhou boa parte dela. A mais
de dez anos divide suas atenções com a internet, digo isso pois foi nesse
período que tivemos o grande “boom” de internautas no Brasil; e está
cada vez mais propenso a dividir sua audiência com as novas plataformas
de comunicação que são criadas a cada dia.
Por isso a renovação do conceito de comunicação através do radio precisa
ser sempre atualizada e constante. Eu procuro ver que a internet esta
muito longe de ser inimiga do radio, mas sim uma plataforma a mais para
que o radio possa evoluir. Óbvio que vivemos em um pais onde muita
gente ainda mal tem acesso a rede de esgoto encanada, quiçá a internet, e
que o formato tradicional de transmissão do radio vai sim continuar forte
nos próximos anos no Brasil. Mas vamos lembrar que a Kodak foi forte
por mais de 100 anos e chegou a um ponto em que foi “engolida” por
outras tecnologias. Será que se ela já tivesse trabalhado na evolução de
seu conceito fotográfico desde os anos 60 e paralelamente criasse novos
campos de exploração de ideias e tecnologias, ela estaria nessa situação
de iminente falência?
Me chamem de louco, mas eu acredito em um radio que daqui 50 anos
conseguirá identificar o perfil pessoal de cada ouvinte automaticamente,
levando a ele, aquilo que faz parte de sua vida por opção, não só
musicalmente, mas até em propagandas, com dispositivos em carros que
identificarão a localidade e os costumes de seu motorista “ouvinte”, e
automaticamente realizará a transmissão de anunciantes que combinem
com esse perfil de ouvinte e das necessidades consumistas que essa
pessoa tem. Isso é meio logico já que a própria internet funciona dessa
maneira hoje em dia. Mas isso é coisa pro futuro mesmo, nesse momento
é importante que o radio tenha consciência que ele necessita se adequar
ao seu ouvinte no cotidiano. O tempo médio de audiência nas emissoras
só diminuem, visto que hoje o ouvinte divide sua atenção com várias
outras opções de interação. Então...VAMOS LEVAR O RADIO ATÉ ELAS! O
radio se faz presente a um século na vida das pessoas, antes em grandes
aparelhos que foram diminuindo e diminuindo, depois o radio ficou
dentro dos carros, passou para celulares com transmissores AM/FM, para
a internet, para o 3G de celulares... agora precisamos evoluir mais, lembre
se que hoje o conteúdo da internet é ditado pelos próprios usuários, e o
radio, como eu acabei de dizer, já descobriu que pode chegar ate as
pessoas em varias plataformas, mas precisa elaborar o seu conteúdo e sua
necessária presença de uma maneira mais abrangente. Isso vale também
para a TV, que já sofre os mesmos riscos do radio e que terá de rever
vários de seus conceitos, exemplo claro foram as palavras do próprio Boni,
que diz que antigamente o telespectador era mais submisso ao conteúdo
proposto pelas emissoras e hoje ele tem a opção de outros canais e
formatos de comunicação. E nós, radialistas de hoje, podemos fazer
historia como os profissionais que adequaram o conceito radio para o
futuro, mantendo o como um veiculo de mídia sustentável e viável ao
mercado; ou podemos ser conhecidos como a geração que não se
importou em atender aos reais interesses e necessidades de seus
ouvintes, tornando se um “negocio do passado”. E o mais interessante de
tudo isso é que podemos evoluir sem deixar de fazer radio no sentido
mais tradicional da palavra. Sem deixar de transmitir no formato que é
feito hoje, sem deixar de atender ao ouvinte que ainda não tem acesso as
novas opções de comunicação, seja por uma questão de condições
financeiras ou mesmo de interesse. Assim como a Kodak podia continuar
com sua produção de filmes fotográficos e paralelamente criar novas
oportunidades reais de negócios e de sobrevida. A prova mais real dessa
teoria, é a de que antigamente o radio era o único amigo nas horas de
solidão... hoje a pessoa cria uma conta no Facebook.
Até a próxima!
Tags:
futuro do rádio, internet