E não estou falando de ouvir radio pelos iPhones caros, não, estou dizendo que hoje é possível sim ouvir radio com sistemas operacionais muito mais baratos e acessíveis.
Dias atrás estava observando mais atentamente o contexto do aplicativo Instagram, a mais nova moda dos usuários de redes sociais, e percebi algumas pontos interessantes para se analisar nesse aplicativo de publicação de fotos. O mais irônico desses pontos é que durante décadas, nós buscamos tecnologias que deixassem as fotos com um alto grau de qualidade, com câmeras de 5,10,20... megapixels, mas atualmente o que mais se vê na internet são fotos com efeitos básicos, até antigos e de qualidade bem duvidosa. A abertura do Aplicativo para a plataforma Android também colaborou para que uma gama de usuários desse sistema pudessem ter acesso a esse aplicativo, fazendo com que ele virasse a coqueluche do momento, já que antes somente os aparelhos com sistema IOS (Apple) rodavam esse app.
Junte essas informações e observe também que o habito das pessoas em festas, no trabalho, na rua, enfim, em todos os lugares, tem mudado no que se diz a respeito de tirar fotos. Eu até havia falado sobre isso em um artigo anterior, onde cito que hoje as pessoas preferem andar com um celular que registre fotos do que com uma maquina fotográfica propriamente dita. Sem contar que com os celulares que custam a partir de 200 reais, você tem a partir de 20 centavos por dia, acesso a internet e pode publicar na hora suas fotos no Facebook, Twitter e no Instagram que virou um photoshop de bolso. Alias, ele me lembra quando eu montava chamadas no Vegas e deixava algumas pistas já padronizadas em efeitos para trabalhar a voz por exemplo. Eu bem que podia ter levado isso pra fotografia antes do inventor do Instagram e estaria dando belos sorrisos nesse momento com toda certeza.
Esse habito que as pessoas estão aderindo hoje, o da facilidade, corre na maioria das vezes em lado oposto a qualidade, afinal, como subir uma foto de 100mb em uma conexão 3G? Não dá, mas também, o usuário típico não se importa com isso, o que ele quer é ter sua foto IMEDIATAMENTE publicada na internet. E esse time de adeptos vem aumentando muito rapidamente.
Veja então que no caso do radio estamos pelo menos uns 7 anos travados no projeto de digitaliza lo, e passa ano, vai ano, vem congresso, vai congresso... e fica sempre pro ano que vem. Fazem uns testes, algumas emissoras compram a ideia prematura, perdem dinheiro, muda se a tecnologia... e o Radio Digital continua empacado! Nessa, o radio AM vem enfraquecendo cada dia mais, afinal, os novos ouvintes tem pavor do formato de transmissão com péssimo áudio e programação raramente focada nesse publico. Com isso, torna se inviável e “customiza se” para alguma igreja ou pendura em uma Rede mais forte que ainda tem algum publico em grandes capitais. No FM, perdemos o timing desse interesse do ouvinte em ter um áudio de qualidade tipo CD. Sim, pois a grande maioria nem se importa com isso e JAMAIS compraria um receptor próprio e caro para receber esse sinal digital... vamos lembrar que nem a TV Digital ainda emplacou no Brasil, quiçá o futuro radio digital.
Eu decidi nem ir no congresso de radio da ABERT desse ano justamente por essa descrença do assunto, o que acho até que deveria ficar em um segundo plano, mais focado inclusive em tentar salvar o AM do que melhorar o sinal do FM. Esse publico tem muito mais o perfil do usuário de foto que se tira no celular e sobe na hora pela internet: O de ter acesso ao conteúdo em qualquer lugar. O Ministério das Comunicações e a ABERT precisam investir nisso, explorar a recepção de conteúdo do radio via internet. Afinal, o acesso a isso vem crescendo rapidamente e se as rádios não sugerirem ao ouvinte que acesse seu conteúdo pelo próprio celular, este, com toda certeza ira pular diretamente pro Player de musica, não para a estação favorita dele. Temos que aproveitar esse fator em que as pessoas estão preferindo a facilidade, do que a alta qualidade, claro que quero dizer “formato”, não conteúdo. Facilidade de acesso, de custos baixos, de interação imediata e com uma qualidade de recepção não tão exigente. Esse é o perfil do brasileiro. E precisamos investir fortemente nessas campanhas... vamos ser aliados da internet, lembrem que as gravadoras enxergaram ela como inimiga e hoje praticamente não existem mais.
E não estou falando de ouvir radio pelos iPhones caros, não, estou dizendo que hoje é possível sim ouvir radio com sistemas operacionais muito mais baratos e acessíveis. E que se há algo em que o governo vai investir nos próximos anos para melhorar, é o acesso a internet. A pressão popular e a concorrência de operadoras propicia esse cenário e cabe a nós do radio evoluir essa plataforma de acesso ao conteúdo das emissoras. Esqueçam um pouco a ilusão de ouvir sua própria emissora no carro em alta definição, isso esta longe, muito longe de ser viável para o investimento do ouvinte... mas a grande maioria já tem 20 centavos ao dia para ter acesso a internet!
Até a próxima!
Dan Rocha
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