Sábado, 04 de Maio de 2013 @
Nessa volta estão em destaque as gigantescas estruturas de aço e vidro que transmitem as rádios de São Paulo e do Brasil
Pesquisei por curiosidade quais são os prédios mais altos do Brasil. Diz o Google: no primeiro lugar do ranking está o Mirante do Vale (do Anhangabaú), com 51 andares e 170 metros, seguido pelo Edifício Itália, 165 metros e 46 andares, ambos em São Paulo. O Rio Sul Center, do Rio de Janeiro, tem dois andares a mais (48) que o Itália, porém um metro a menos, o que o coloca no terceiro lugar do podium, logo acima do Edifício Altino Arantes, talvez a silhueta arquitetônica mais conhecida dos paulistanos, com seus 161 metros, 40 pisos e o apelido de "Prédio do Banespa". Mas, surpresa: o que arranha mesmo os céus de nossas cidades não é o concreto das construções, e sim o ferro das antenas de rádio e TV. E neste caso São Paulo perdeu a "corrida para o alto". A Rádio Gaúcha AM risca os ares do Rio Grande do Sul com 230 metros de estrutura metálica. A torre da TV de Brasilia chega a 224. E só então a aparece uma "anteninha" de São Paulo, a da Bandeirantes, com 219 metros.
Referência de engenharia, essa construção da Band oferece à cidade um show de luzes. É embaraçoso para a TV Globo transmitir jogos do Pacaembu, porque lá ao fundo sempre teima em aparecer a árvore de natal piscante da concorrente. Mas a Globo não tem do que se envergonhar: ela própria tem dois marcos visuais na mesma região: a bela estrutura cinza-metálico que propaga seu sinal HD, na Alameda Santos, e a tradicional torre plantada sobre o edifício da Fundação Cásper Líbero, o prédio da Gazeta, no número 900 da Avenida Paulista.
A maioria das emissoras instalou suas antenas no local antigamente conhecido por "Morro do Caaguaçu" porque sua altitude, 840 metros, é maior do que a média de São Paulo, 760 metros. E a Avenida Paulista fica numa área mais centralizada no mapa da região metropolitana, embora o ponto mais elevado seja o Pico do Jaraguá, com 1135 metros. Neste local, por sinal, ainda estão as torres antigas (mas ainda operantes) de Globo, Band e TV Cultura. Esta última decidiu, há alguns anos, migrar seus elementos de transmissão para uma nova instalação de aço e vidro, na confluência das avenidas Heitor Penteado e Doutor Arnaldo. No mesmo bairro, Sumaré, estão as antenas do SBT, Rede TV e MTV. O prédio da MTV, por sinal, foi inspiração para uma coluna que escrevi aqui no Tudo Rádio (clique aqui), falando sobre os Diários Associados e uma de suas emissoras, a Difusora AM, precursora das rádios jovens e minha preferida quando eu nem imaginava que me tornaria locutor.
Pois foi como locutor, nos remotos anos 90 do século passado, operando uma mesa Rockwell Collins IC-10A (esta belezinha que hoje enfeita minha sala - foto logo abaixo), que eu acompanhei de perto o crescimento de uma dessas árvores de ferro que desenham o horizonte de São Paulo. Foi quando a Transamérica decidiu modernizar seu parque de transmissão, localizado no mesmo terreno da rádio, no Alto da Lapa. Foi uma obra impressionante. Os 90 metros da antena antiga, apoiada num pilar de concreto, foram "abraçados" por uma nova armação metálica, com o dobro do tamanho, ancorada em estacas enterradas no solo. Ao atingir a altura da torre velha, que seria desmontada, a nova recebeu os elementos de transmissão "transplantados" para sua lateral, enquanto a construção prosseguia, rumo aos 180 metros de altura. O bastante para deixá-la no mesmo nível da Paulista. E 10 metros acima do edifício mais alto do país.
Foi na Transamérica que eu atingi uma meta pessoal: ter um horário para chamar de meu, numa rádio de ponta. E decidi celebrar a conquista com um grito primal de felicidade do alto da torre. Isto é, do alto, do alto mesmo, não. Fui só até o primeiro dos três patamares, uns 60 metros, algo como subir e descer 20 andares, e voltei com pernas e braços trêmulos de cansaço (tem uma palavra parecida que termina com "aço", mas não foi o caso). É que naquela época as torres só tinham escadas. Hoje, algumas tem até elevadores. É muito heavy metal.
Lui Riveglini é atualmente locutor de comerciais, documentários e videos institucionais, foi voz padrão do canal AXN por 13 anos e também atuou como consultor artístico da Rede Transamérica de Comunicação. Foi apresentador das rádios Transamérica (várias vezes), Jovem Pan FM e Bandeirantes, entre outras. Implantou e dirigiu a Rede Mix de Rádio.