Terça-Feira, 22 de Abril de 2014 @
Com a modernização e o crescimento da população, o rádio tem papel fundamental na transmissão de notícias.
A campanha lançada pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) para que o projeto de lei 595/2003, que flexibiliza o horário da Voz do Brasil, tem como objetivo democratizar a transmissão do programa governamental, que este ano completa 79 anos (entrou no ar em julho de 1935 com o nome de Programa Nacional, depois mudou para Hora do Brasil e, em 1971, adotou o nome de A Voz do Brasil). Desde o seu início, o programa é veiculado às 19 horas para todas as emissoras do Brasil.
No início das transmissões radiofônicas, o Brasil contava com poucas emissoras de rádio. Por isso, havia a necessidade da formação de uma rede que cobrisse o maior número de ouvintes em todo o país. Ademais, os brasileiros ainda não contavam com a televisão, que chegaria ao país apenas em 1950. Enquanto isso, o rádio era o grande veículo de comunicação dos brasileiros.
Atualmente, o poder público conta com grande aparelhamento para divulgar os trabalhos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Esses poderes contam com a Rádio Nacional, que tem emissoras em AM e FM em Brasília, no Rio de Janeiro, em Tabatinga (Alto Solimões) e em Belém. As redes formadas pela Rádio Senado e pela Rádio Câmara ganham afiliadas em várias capitais brasileiras, além da previsão de expansão por cidades do interior do país. Além das rádios, os poderes também contam com TVs de sinal aberto.
Com isso, não há mais a necessidade de formação de uma rede com todas as rádios para a transmissão do programa, já que, além das emissoras já citadas, há tempo a transmissão via Internet, onde o ouvinte pode ter acesso ao conteúdo do programa até mesmo pelo seu smartphone ou tablet.
Com a modernização e o crescimento da população, o rádio tem papel fundamental na transmissão de notícias. Os moradores das grandes cidades precisam do rádio para ter informações sobre condições do tráfego e até mesmo de entretenimento, já que muitos ficam presos ao trânsito nos seus carros e nos transportes públicos.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é a baixa procura que o programa tem em todo o país. A Pesquisa Brasileira de Mídia – 2014, - levantamento foi pelo Instituto Ibope, atendendo pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) -, mostra que 66% dos brasileiros nunca ouviram o programa A Voz do Brasil. O estudo foi executado pelo Ibope Media e ouviu 18.312 pessoas em 848 municípios.
Outro ponto que reforça essa dado é a pesquisa realizada pelo DataFolha com o mesmo tema. Nela, 64% julgam o programa importante, mas 59% nunca sintonizam nele. Entre os 41% que o acompanham, apenas 7% ouvem do início ao fim. A pesquisa mostrou ainda que 22% dos entrevistados ouviriam mais A Voz do Brasil, resultando em aumento de 13 pontos percentuais na audiência. Desta forma, haveria uma provável redução do grupo de não ouvintes, que cairia dos atuais 59% para 51%.
Outro ponto a se destacar é a migração das rádios AM para o FM. Um dos argumentos dos defensores do programa é que os moradores da Região Norte, principalmente da Amazônia, deixariam de ter acesso ao programa, já que as rádios AMs contam com grande penetração nestas áreas. Com a migração, as rádios terão seu alcance reduzido com relação ao que tem uma rádio de Ondas Médias.
A flexibilização da transmissão da Voz do Brasil não é acabar com o programa. É permitir que as rádios tenham liberdade de veicular em horário alternativo, que não atrapalhe os ouvintes que estão acompanhando o rádio. E mesmo que o programa não entrasse na programação das rádios comerciais, o governo conta com grande aparato de comunicação para a divulgação dos trabalhos, até mesmo nas inserções de mídias em emissoras de todo o Brasil.
Está na hora dos nossos políticos mostrarem que contam com espírito realmente democrático, aprovando o projeto de flexibilização da Voz do Brasil. Os ouvintes aguardam ansiosos o posicionamento dos deputados favoráveis ao projeto.
A Abert disponibilizou um abaixo-assinado para que o projeto seja votado. Para participar, basta acessar o site www.avozqueeuqueroouvir.com.br/ e seguir as instruções.
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.