Quinta-Feira, 24 de Julho de 2014 @
Conteúdo é a palavra de ordem para o futuro, porém mudanças ocorrerão de forma gradativa nas emissoras.
Ao viajar por muitos países, venho percebendo a importância de uma tendência que as emissoras do mundo todo podem seguir para sua sobrevivência – CONTEÚDO.
Há um mês, tive o privilégio de passar 30 dias nos Estados Unidos, onde pude visitar algumas emissoras de rádio, assistir palestras sobre comunicação e bater muito papo com personalidades do Rádio americano na NAB - National Association of Broadcasters-, em Washington.
Mesmo com meu inglês tímido e um pouco de medo da reação por parte dos americanos, me arriscava mostrando a minha opinião, a qual sempre era: “gentlemen, the future of the radio station, is to have CONTENT“, ou em português, “senhores, o futuro das emissoras de rádio está em ter CONTEÚDO”.
A resposta era sempre rápida e certa: “YES”.
Vamos lá! Todo mundo sabe que o Rádio está competindo com a internet, celulares, mp3 players, pen drive, vídeo games entre outras coisas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o site Pandora, tem “roubado” muitos dos ouvintes de rádio. Para quem não sabe, Pandora é um sistema virtual onde você cria as suas estações de rádio com mais de 100 estilos musicais gratuitamente.
Com toda essa concorrência, tocar somente música e abrir o microfone pra falar “Bom dia, você está ligadinho na...blá-blá-bla...”, segura ou atrai o ouvinte?
Dependendo de como a sua programação musical estiver estruturada e o que o seu locutor estiver falando, NÃO, pois, com todos os meios de comunicação o ouvinte pode ouvir a música que quiser, na hora que quiser, onde quiser e sem comerciais ou blá-blá-blá.
Destaco, antes de prosseguir, que não é e nem será o fim da música em emissoras de rádio, afinal, música também é conteúdo. Porém, por que não agregar valor à programação com mais conteúdo?
Segundo Peter Drucker, o pai da Administração Moderna, estamos vivendo a Era da Informação, também conhecida como era digital, momento de grandes e rápidas mudanças, a qual oferece muitas oportunidades de conteúdos que vão de um ponto ao outro em milésimos de segundos e está acessível a todos. Você radialista, está tirando vantagem disso?
Um outro fator importante é que os meios de comunicação estão vivendo a evolução das Gerações Y e Z, as quais crescem meio a avanços tecnológicos e influências idealistas. São estressadas, impacientes, de gostos ecléticos, exóticos e mutáveis. São gerações que sobem o morro no baile funk, vão a Salvador no Carnaval, no Rock In Rio, em Barretos e já estão guardando dinheiro para a Tomorrowland que acontecerá em maio de 2015 no Brasil. São pessoas necessitadas de informações para sua sobrevivência no mercado. São gerações que precisam ser alimentadas por conteúdos. Que confusão de dados, né?
Então vamos analisar um pouco o que é conteúdo. Dentre muitas das conversas entre os amigos americanos, o consenso chegou ao ponto de que uma emissora de rádio, precisa saber veicular as músicas as quais os ouvintes realmente querem ouvir, investir em jornalismo – principalmente regional-, em esportes, prestação de serviços à comunidade, educação, humor e talk show. Alguém pode perguntar: “e as promoções?!”. Vou deixar uma publicação específica para esse tópico, ok?
Mas calma! Não estou falando para você entupir a sua programação a partir de amanhã. Lembro ainda que muitos dos conteúdos devem ser analisados para que sejam de atração e manutenção dos ouvintes, respeitando o perfil de cada emissora e o seu regionalismo.
Enfim, estude se chegou a hora de trabalhar mais conteúdo na sua programação. Analise se o que você está veiculando realmente interessa a um número significante de ouvintes ou aos objetivos da sua Rádio.
Segue abaixo uma dica de como analisar um conteúdo:
-Faça uma pesquisa sobre o que o seu perfil de ouvintes está falando nas redes sociais ou internet.
-Analise o feed back dos ouvintes através de ligações, mensagens ou e-mails.
-Faça um brainstorming com os locutores, programadores e marketing.
-Faça as 5 perguntas seguintes:
- Esse conteúdo me traz mais oportunidades ou ameaças?
- Esse conteúdo vai interessar à qual porcentagem do meu perfil de audiência?
- O que o locutor vai falar ao abrir o microfone?
- Qual o tempo gasto com esse conteúdo?
- Esse conteúdo corre o risco de ferir algum nicho de mercado?
Quero deixar bem claro, como meu parceiro e amigo Daniel Starck também defende, que toda mudança deve ser GRADATIVA. Mudanças rápidas podem assustar e afastar o seu cliente e ouvinte.
Quem planeja e analisa, erra menos. Reflita sobre isso.
Na próxima publicação, vou dar um exemplos de conteúdos que podem ir contra o Rádio.
Quero saber a sua opinião, vamos trabalhar para inovar o Rádio. Me escreva: [email protected]
Consultor de Marketing e Professor Universitário no Curso de Administração de Empresas. Formado em Administração com Pós em Planejamento e Gerenciamento Estratégico. Foi Diretor de Marketing e Artístico da Rádio Paiquerê FM 98.9 de Londrina, Gestor de Implantação da Rede Kairós FM, além de atuar como marketing nas Rádios Folha FM 102.1 e Igapó FM 104.5 (ambas em Londrina), com passagem pela coordenação da 98 FM 98.9 de Curitiba (Grupo GRPCOM), marketing da Rádio Banda B AM 550 FM 107.1 de Curitiba, gestão artística da Massa FM 97.7 de Curitiba e de São Paulo (FM 92.9), além de Head de Digital do Grupo Massa de Comunicação.