Diz aí! | Algumas emissoras que são rádios e outras que acham que são rádios

O Tudo Rádio publica hoje mais uma coluna que abre espaços para profissionais do rádio exporem textos que contribuam com o meio, independente da linha editorial abordada. Os materiais que forem enviados ao portal passarão por análise, não sendo obrigatória por parte do portal a publicação dos textos (e também sem prazos definidos). A idéia é boa? Favorece o meio? Ajuda os profissionais? Vamos publicar conforme a agenda da redação do portal.

Hoje vamos com a contribuição de Bruno Cardial, locutor da Folha FM 102.1 de Londrina, jornalista, palestrante, mestre de cerimonias e blogueiro. Boa leitura!

Algumas emissoras que são rádios e outras que acham que são rádios

Tivemos a oportunidade de desfrutar do excelente texto do radialista Sergio Leite, pelo site Tudo Rádio.com com o título “Uns são radialistas, outros estão radialistas”.

O texto é perfeito, assim como sua reflexão sob os profissionais radialistas e analisando-o pude reparar que se por um lado, Uns são radialistas, outros estão radialistas, nós temos também algumas emissoras que são rádios e outras que acham que são rádios.

Com isso, me perguntam também por que poderíamos dizer que umas "são" rádios e outras "acham" que são rádios? Pois bem, explico:

Você trabalha em uma daquelas emissoras que lhe proporciona uma condição para entrar no ar? Uma empresa que têm, no mínimo, um computador simples em um espaço reservado para uma pesquisa rápida sobre o dia, a temperatura, data comemorativa, as notícias dos últimos minutos e o acesso dos seus ouvintes?

Você trabalha em uma daquelas emissoras que lhe proporciona uma retaguarda de produção e se preocupa com a qualidade do seu programa desde a abertura até a última música? Que tem alguém que possa lhe substituir em um imprevisto ou alguém para lhe ajudar no horário, em um sorteio, uma promoção, uma entrevista ou um acontecimento esporádico?

Na emissora em que você está tem a preocupação com o que seu ouvinte vai receber de mensagens coerentes desde sua fala até o intervalo comercial? Sem erros de português, com qualidade técnica, organizadas artisticamente, dentro dos espaços do seu programa e ainda mais, dentro da programação inteira da emissora?

A emissora conhece as concorrentes? Sabe o que está no ar durante o horário do seu programa (horário em que você não consegue ouví-los), ou na programação inteira deles? Sabe o que as outras rádios têm usado de novidades no mercado para estruturar-se e o que os outros meios de comunicação, em geral, estão fazendo em tempos modernos para captar mais audiência?

A emissora sabe o quanto você pode ajudar toda a equipe fazendo mais que o seu próprio trabalho? Sabe o quanto você se prepara, lê, estuda e, com afinco e vontade, não quer apenas cumprir o horário? Ela seria capaz de gratificá-lo por este diferencial e incentivá-lo a realizar cada vez mais? Existe uma união e um gerenciamento de trabalho em equipes?

A emissora sabe como está o mercado das comunicações pós 2010? Como estão as discussões sobre os caminhos e destinos do rádio? Sabe como empresa lidar com a interação dos conceitos de liderança, administração, ações e interações dos departamentos da empresa entre si? Lembre-se que não estamos em um mercado qualquer, um mercado estático. Somos dos meios de comunicação, que estão em constante evolução!

Todos que trabalham na rádio ouvem a rádio? Dentro da emissora, nos departamentos por onde quer que qualquer um circule você consegue perceber o rádio ligado, e as pessoas com prazer em ouvir a própria programação? Quando ouvem cantam, gostam, ficam informadas e procuram sempre dar dicas criativas, idéias e novidades que possam agradar também ao seu ouvinte?

Todos os departamentos da emissora sentem-se parte integrante da rádio e como tal responsável pela qualidade do que é levado ao ar para todos, mesmo que não sejam os locutores? Todos sabem da responsabilidade que possuem para construir a audiência e o retorno da emissora?

Seus companheiros entendem que a programação da rádio, os programas, as falas, as trilhas... Tudo é feito para o público e não para eles, ou seja, sabem que a programação da rádio não é feita para uma pessoa somente? Eles sabem sobre os acontecimentos musicais e informativos da programação da emissora, tendo assim maior conhecimento e facilidade sobre explicar, por exemplo, para quem nunca ouviu a rádio em que vocês trabalham e qual o público?

E, finalmente, a emissora em que você trabalha sabe que um veículo de comunicação é parte do processo de formação social da humanidade? Sabe que além de entretenimento e companheirismo nas vidas das pessoas, o rádio forma opinião, incentiva ações e reações, influencia politicamente, cria conceitos e pré-conceitos, completa a educação, cria culturas, paradigmas, e até cura doenças na sociedade em que atinge?

Se você trabalha em uma emissora que tem esta visão e participação e que possui estes itens que foram aqui expostos, parabéns, você trabalha em uma rádio, se não.... bem, procure colaborar para que esta empresa se transforme em uma rádio e não somente seja uma empresa que lhê "dê dinheiro", ou talvez nem isso. Todos na empresa e a empresa como um todo devem AMAR O RÁDIO!

Por Bruno Cardial - [email protected]