Segunda-Feira, 14 de Setembro de 2015 @
Congresso e feira deram um ar positivo para o meio rádio apesar da crise no país
No final de agosto o Tudo Rádio realizou a cobertura de mais um congresso da SET em São Paulo, programação que conta com uma ampla feira de serviços e equipamentos voltadas à área de comunicação. Confesso que a minha sensação pré-congresso era de um ar pessimista pelos corredores do Expo Center Norte, local onde foi realizado o SET Expo. Isso por causa da crise que o país vive, situação que pode e está ampliando as dificuldades crônicas já vivenciadas pelo rádio brasileiro. Mas ao terminar a cobertura o clima era otimista e existe um bom motivo para isso. Vou tentar explicar.
A programação da SET Expo contou com vários painéis bem interessantes para o rádio, além da grade do Fórum Latino de Negócios. E o assunto crise não foi o foco principal de boa parte dos palestrantes. Em alguns foram apontados os caminhos que o rádio no exterior tem tomado, seja na busca por audiência, acompanhamento da evolução tecnológica e também a comercialização. É claro que o caso dos Estados Unidos é o que mais enche os olhos, com as rádios com uma vida financeira saudável e recordes de audiência para o meio. Apesar da realidade econômica norte-americana ser diferente da nossa, muito das práticas adotadas lá podem ser incorporadas no rádio brasileiro.
O rádio norte-americano investe muito em ações promocionais, projetos especiais e comercialização do seu conteúdo estipulando valores médios para a venda (leia sobre), fazendo com que emissoras de "meio de tabela" nos rankings de audiência sejam rentáveis. Mas para que tudo isso seja possível é necessário ter público interessado em rádio. E isso ocorre lá e, acredite, aqui!
Os números recentes do Ibope Media foram destaque em vários painéis do SET Expo, detalhando o comportamento dos 89% de brasileiros que afirmam ouvir rádio (leia sobre). Então o mais difícil o rádio já tem: o público. A partir disso é criado o planejamento de ações, interações, comercialização, etc. Outro painel do SET Expo contou com representantes do Grupo RBS e do Grupo Globo que mostraram o que é feito de "algo a mais" para as rádios controladas por eles. Projetos para internet, de rua, etc... tudo agregando valor a marca e fortalecendo o que o rádio tem de principal: o conteúdo via ar.
Apesar das dificuldades econômicas existe a sensação de que os caminhos para a evolução do meio estão bem claros. E fica a curiosidade de como o mercado brasileiro vai reagir nessa era moderna: considerar a publicidade como um gasto ou um investimento para que a sua marca não suma justo na crise (onde a necessidade de aparecer fica fortalecida). Veremos.
A única situação que criou um ar desanimador foi a situação da migração, conforme já destacado pelo Tudo Rádio. A pauta seque nebulosa e o que preocupa demais o radiodifusor. Na questão técnica o processo tem evoluído da maneira esperada (com as avaliações técnicas de espectro, ocupações de canais em FM, consultas, etc), mas peca na questão política. O governo ainda não abriu o jogo sobre o valor dessas novas concessões e, quando deu pistas, assuntou com o exemplo de Anápolis (leia sobre). Talvez a partir da próxima quarta teremos uma melhora nessa condição nebulosa. Também veremos.
Ah! Vale o registro: a impressão de que a SET Expo evoluiu de forma significativa é geral. A maioria dos profissionais de comunicação que eu tive a possibilidade de trocar "figurinhas" afirmaram que o evento se aproxima da proporção da NAB Show, tendo a certeza que já está entre as principais programações na área de comunicação de todo o mundo. Também vi otimismo entre alguns expositores que participaram da feira, considerando um balanço positivo após o evento. Isso é muito importante para o rádio.
Abraços a todos e até o próximo texto.
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Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.