Quarta-Feira, 02 de Março de 2016 @
O "Diz Aí" traz um texto sobre o avanço da Globo FM em Salvador e o crescimento de audiência de FMs do segmento adulto-contemporâneo.
Parece que o perfil de consumo do rádio está mudando no universo de ouvintes. Existem várias tendências que são acompanhadas pelo meio, inclusive o avanço de alguns projetos do segmento adulto-contemporâneo. E sobre o tema o Tudo Rádio recebeu a contribuição de Bette Fernandes, profissional de marketing e comunicação.
Bette foi coordenadora de Mkt e Com. nas rádios da Rede Bahia de Comunicação por 15 anos e agora atua na Mandala Marketing e Produções.
A DANÇA DOS DIALS – O GOSTO MUSICAL DO OUVINTE DE RÁDIO ESTÁ MUDANDO?
Após 21 anos na liderança, a rádio Piatã FM perdeu o primeiro lugar em audiência para a rádio Globo FM. Como esse fato protagoniza a quebra de paradigmas? O que mudou: a metodologia de pesquisa ou o gosto musical do ouvinte de rádio?
Fonte: Ibope, EasyMedia. Todos os dias, 05 às 05h, ambos sexos
A busca por audiência sempre foi acirrada nos veículos de comunicação. Quanto maior a audiência, mais prestígio, mais anunciantes nacionais e locais e, maior o faturamento. E no rádio, acontece o mesmo. Desde o seu início, a música, presente em todas as emissoras através dos cantores consagrados e os novos cantores que surgiam nos programas de calouros, adquiriu grande importância como produto no rádio e, aliada aos programas humorísticos e radionovelas, garantia o interesse dos ouvintes pelas então populares rádios AM.
Com a migração dos artistas para a televisão surgiram as emissoras musicais, as rádios FM voltadas para a MPB, Rock e mais tarde, as jornalísticas. A maioria das FMs passou a exibir uma programação recheada de músicas românticas anunciadas por comunicadores que exerciam grande influência sobre o ouvinte. Surge então o rádio de audiência popular, ou seja, emissoras cuja programação se destinava à massa, ao “povão”, ou o público reduzidamente classificado como o público pertencente às classes socioeconômicas C/D/E, responsável pelas maiores coberturas e índices de audiência, que conferem a essas emissoras os maiores índices de audiência em todo o país. Inicia-se então a segmentação do rádio, com programações destinadas a públicos específicos, classificando as emissoras em popular, MPB, adulto/contemporâneo, pop/rock, trânsito ou jornalísticas, entre outras categorias. O que mudou: a metodologia de pesquisa ou o gosto musical do ouvinte de rádio? Em Salvador, a rádio Globo FM, emissora classificada como “adulto contemporâneo”, há mais de um ano em segundo lugar, após um período de aproximação ou “empate técnico”, acaba de ultrapassar a Piatã FM, emissora de audiência popular, que ocupa a primeira colocação entre as rádios da capital baiana por 21 anos consecutivos. Lugar até então, reservado somente às emissoras de audiência popular. Dos mais de três pontos conquistados mensalmente no passado, a audiência da Piatã FM caiu para 1,39%, cedendo o primeiro lugar para a Globo FM, emissora com programação musical, comunicação e estética completamente opostas à programação das emissoras populares, atingindo 1,42% dos ouvintes ligados entre os horários de 05 da manhã à meia noite. Nos últimos anos, o rádio, assim como outros veículos, vem perdendo audiência para as novas mídias. E, como podemos observar, as emissoras populares, a despeito das grandes promoções que realizam para atrair seus ouvintes, vem perdendo audiência ao longo dos anos, abrindo espaço cada vez maior para as emissoras segmentadas conquistarem melhores índices de audiência.
De acordo com os relatórios de audiência emitidos pelo Ibope em vários estados brasileiros, o ranking de audiência vem apresentando mudanças, com as emissoras classificadas como adulto/contemporâneo, pop/rock ou jornalísticas, alcançando índices de audiência maiores, como por exemplo, a JB FM no Rio de Janeiro (4º lugar) e a Alpha FM em São Paulo (4º lugar). Entretanto, essa é a primeira vez em 20 anos que uma emissora “não popular” como a Globo FM alcança o primeiro lugar em Salvador, quebrando o paradigma de que somente as rádios populares, voltadas para a “massa” e, portanto, as preferidas do grande público, alcançam os maiores índices de audiência.
Anualmente, no mês de janeiro, o Ibope realiza um ajuste das estimativas, baseado no Levantamento Socioeconômico, estudo realizado anualmente pelo Instituto para apresentar as características sociais, demográficas e econômicas dos domicílios das principais regiões metropolitanas do país. Ao mesmo tempo, devido às dificuldades cada vez maior do Ibope em conseguir realizar entrevistas com pessoas ocupadas e com salários fixos em suas residências no horário comercial, o Instituto, após diversas discussões e testes, passou a realizar 20% das entrevistas online e 80% no campo, além de um percentual variável das entrevistas de campo, por telefone (quando não consegue acesso a entrevistado selecionado durante o dia, na residência).
Dessa forma, os ajustes citados acima não configuram mudança da metodologia recall, mas sim, um incremento da mesma. Entretanto, não é possível ignorar que essas alterações são relevantes e podem ter influenciado o resultado final do último relatório. Sendo assim, até o resultado do próximo banco, aqui vai um convite para reflexão: o gosto musical do ouvinte de rádio está mudando?
Bette Fernandes - [email protected]
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