Quinta-Feira, 26 de Outubro de 2017 @
Marco Mariner destaca as suas impressões sobre a importância do conteúdo com base em sua experiência no mercado de rádio através da empresa Pulsar Multimedia.
Quando meus amigos do meio de comunicação me visitam na Pulsar, eu faço discursos muito eufóricos do quão imenso pode ser o mercado de mídia se liderado pelo Rádio. Sempre falo que os profissionais da comunicação em geral, e principalmente os donos de emissoras, estão dando um tiro no pé quando querem uma praticidade sem conteúdo.
Quando vim para São Paulo, a primeira coisa que ouvi do Emílio da Jovem Pan foi: "Não dá para tirar essa lista e colocar umas cartucheiras para que nós possamos fazer rádio?" - Aquilo fez uma grande diferença! Eu poderia pensar tecnicamente e responder: "ok! Colocaremos cartucheiras para vocês", mas entendi que ele, como profissional, não queria ser cerceado de seu talento de comunicador, de operador, de DJ, de ser profissional por um aplicativo de automação.
Ouvi de muitos donos de rádios que a solução a partir desse princípio - do talento do profissional conduzir os seus trabalhos - deu muito mais vida para suas emissoras e consequentemente aumentaram sua audiência pela emoção transmitida pelos profissionais que voltaram a "viver" o que eles faziam. Mas, ouvi também muitas reclamações de profissionais que falavam: "agora não dá mais para ficar tranquilo atendendo telefone ou navegando na internet".
Para quem me conhece, sabe que em 2010 uma rádio do Rio de Janeiro me pediu para "fazer" um aplicativo parecido com o Enco DAD. Em 2011 eu já tinha o Live Touch, visual moderno e muitos recursos parecidos - isso há 6 anos! - mas não coloquei no mercado.
Entre muitos motivos, incluindo princípios, eu mesmo naquela época imaginava uma mídia diferente e não queria ser conduzido por ideias de automação pela automação: Uma botoeira com o dobro do tamanho, um botão que dá piruetas! Do que isso iria colaborar com o futuro da mídia e da nossa empresa?
Hoje ainda vejo profissionais da área buscando novas mesas de áudio via IP, novos estúdios, novos microfones, novas botoeiras que dão piruetas, e eu pergunto a esses profissionais: que inovação você vê nisso além da automação? Como você acredita que isso se pagará? Pedir música por telefone ou por outro dispositivo qualquer, que inovação você vê nisso como meio de melhorarmos o nosso modelo de negócio e aumentarmos o público? Nada disso irá realmente mudar o cenário atual do meio de comunicação porque a resposta está no novo conteúdo que nossa geração quer consumir.
O cúmulo aconteceu quando um dono de rádio estava se gabando que havia reduzido seus custos de estúdio para R$ 260,00 por mês, pois teve a genial ideia de colocar o AutoDJ na nuvem, e não precisava mais se preocupar com automação e profissionais de estúdio. Pensei: Por que não passou no "Chingling" (loja de produtos chineses), e comprou um MP3 player por R$ 20,00 para avacalhar a coisa em alto nível? Um outro cliente pediu para que o player disparasse o break comercial no exato momento que estava programado, tirando do programador musical e do locutor, o controle do melhor ponto artístico para a sua inserção (obedecendo a tolerância do contrato, é claro).
Eu, nesse momento, passei todo o controle de nossos aplicativos para os nossos programadores. Não conseguia mais conduzir isso. Já pensaram? Pessoas ouvindo uma música na Rádio e bem no momento do refrão a música é cortada e começa o break? É tiro no pé ou não é? Fui ficando desapontando com o caminho que o mercado estava tomando. Mas calma! Ainda tenho uma equipe de profissionais de alto nível trabalhando na manutenção e melhora de nossos aplicativos, e ainda participo das reuniões para decisões mais profundas desses aplicativos.
No final de 2011 eu me isolei. Comecei a trabalhar num projeto que acredito vai revolucionar o meio de comunicação. Esse sim me emociona e me empolga a falar. Foi feito para quem realmente é do meio e acredita que o talento dos profissionais que produzem conteúdo fará a diferença para o anunciante, para a gestão da emissora e, principalmente para a população, que está carente de qualidade.
Facebook e Youtube, são lugares para a Rádio gastar dinheiro, não para ganhar dinheiro. Usem esses meios da forma correta, mas não deixem de usar! Não fiquem concorrendo com vídeos com bêbados caindo, pessoas fazendo idiotices. Temos que ter nosso próprio meio de comunicação para as pessoas nos acharem e distinguirem uma coisa da outra. Não misturem as coisas!
Valorizar o talento do verdadeiro profissional do meio de comunicação e, principalmente, acreditar que a comunicação mudou e precisamos nos adaptar a ela de forma inteligente, nos conduzirá a uma nova fase onde o principal meio comunicação será o rádio, o novo rádio, o rádio multimídia, o rádio de conteúdo que estenderá seu acesso para além dos dispositivos atuais!
Precisamos arregaçar as mangas e trabalhar para um novo modelo de mídia. Tenho certeza que a contribuição que daremos ao meio de comunicação, principalmente ao rádio, fará que esses profissionais assumam o topo da acessibilidade à população de forma valorizada.
A palavra "conteúdo" é desde 2010 para mim, o mandatário para o meio de comunicação. Se quisermos transformar o rádio em um modelo de mídia atualizado com as novas tecnologias, temos que abrir nossa mente e não ficarmos criando mais do mesmo.
Texto originalmente publicado por Marco Mariner em sua página pessoal no Facebook - 21/10/2017
Marco Mariner é CEO da Pulsar Multimídia - http://www.pulsarmultimedia.com.br
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