Segunda-Feira, 03 de Setembro de 2018 @
Momento atual da economia e incertezas na área tecnologica atrapalha, mas rádio vive momento positivo através de uma nova reinvenção
O rádio viveu nos últimos anos uma sequência muito positiva de congressos realizados pelas entidades do setor em diferentes regiões do país, estes que tiveram focos em exemplos práticos e com programações menos políticas ou institucionais. Após o congresso da ABERT e do SET Expo 2018, é possível dizer que há um consenso para o meio rádio: está superada a afirmação de que “o rádio está morrendo” e que, na verdade, o veículo passa novamente por mais um processo de reinvenção.
Essa reinvenção passa pela atuação multiplataforma, fazendo valer da ideia prática de que o rádio é a mídia que se melhor adapta às novidades tecnológicas. E esse perfil de várias plataformas não fica apenas na discussão de áudio ou vídeo, mas sim da entrega de conteúdo em diferentes frentes, seja de dispositivos como celulares ou as smart-speakers, linguagem/adaptação desse conteúdo e a interação com o público.
O “ouvinte” de rádio não é mais passivo, ou seja, não deseja apenas receber o conteúdo de uma determinada emissora, mas também quer participar. Isso parece uma afirmação familiar, ou seja, não é uma novidade na trajetória do rádio (veículo que é um companheiro de seu público). Mas a novidade está no modo como essa pessoa vai interagir na rádio e como ela vai contribuir com o conteúdo.
O avanço da tecnologia possibilita uma integração ainda maior entre o rádio e seu público. Hoje o veículo pode simplesmente oferecer uma programação contínua e ao vivo (como sabe fazer muito bem), mas também os complementos dessa espinha dorsal. Conteúdos de áudio/vídeo, janelas de interatividade em todos os dispositivos possíveis, integração de mídias sociais, presença do áudio em formatos on-demand ou ao vivo em locais que até ontem não eram sequer conhecidos por nós.
O meio rádio só não está eufórico com as possibilidades e com os números positivos do veículo (pesquisas tem comprovado de forma sucessiva o bom momento do rádio) por dois motivos, estes que podem desencadear uma série de incertezas (naturais, por sinal): o primeiro deles é o momento econômico do país, algo que está atingindo todas as frentes da economia brasileira. Ou seja, não é algo exclusivo do rádio, mas não há duvida de que isso atrapalha. E o segundo motivo é o futuro: o avanço da tecnologia gera dúvidas e medos devido a sua rapidez, mas isso também não é algo exclusivo do rádio (novamente acontece em todas as frentes da economia).
Bem, crise não é algo que dura pra sempre, correto? São ciclos. Ou seja, se o rádio passar por essa com uma gestão responsável, o meio pode sair mais fortalecido como mídia e modelo de negócio. E a dúvida do futuro relacionado aos avanços tecnológicos, acredito que pela fácil adaptação do rádio (áudio) às novidades já é uma forte resposta para deixar o medo de lado e entrar de cabeça nesse novo mundo. Afinal o rádio também tem outra essência que sempre foi característica do nosso meio: permitir com que o conteúdo esteja em todos os locais possíveis, de forma ágil, rápida, interativa e móvel.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.