Terça-Feira, 18 de Setembro de 2018 @
Marco Mariner: "Faça sim uma chamada, uma propaganda do seu programa de Rádio, e impulsione no Facebook. Esse é meu ponto de vista"
Oi pessoal! Vimos muitas teorias sobre o futuro do Rádio nos últimos meses, não é verdade?
Pois bem, quero ter voz!!!
O grande desafio do Rádio é competir com os "novos" meios de comunicação da era da internet moderna.
Escrevi em outro post, que não adianta ficarmos com saudosismos e tampouco ficarmos agindo excluídos dos canais das grandes empresas de tecnologia. Ou até mesmo sendo submídia, competindo com posts/cenas bizarras das redes sociais. Não é nosso lugar estar lá apresentando um programa inteiro de rádio e tirando o retorno de investimento de nossos apoiadores. Faça sim uma chamada, uma propaganda do seu programa de Rádio, e impulsione no Facebook. Esse é meu ponto de vista.
O tiro no pé da vez é alimentarmos o Facebook e Youtube com trabalhos tão caros de jornalismo e entretenimento, em troca de centavos ou mesmo de graça.
A impressão que tenho, é que ninguém quer deixar de participar do que está na moda e por isso agem sem um pensamento a longo prazo. O imediatismo e o temor de estar ficando de fora das mídias sociais, onde todos parecem estar, leva a um loop de acomodação de pensamento em algo inovador e convergente às novas tecnologias para o meio Rádio.
Devemos usar o Facebook como usaríamos um espaço num jornal, num outdoor ou em qualquer outro meio que pudesse ser chamariz para nosso canal de mídia.
Lembrem-se de que o Facebook e o Youtube têm um algoritmo que não dá a mínima para sua mídia! Se um usuário navegar por posts diversificados, que não sejam os seus, o Facebook não sugerirá para eles as suas novas postagens. Mesmo que o usuário esteja te seguindo, você pode ficar de fora das notificações que ele recebe.
Um outro fator que devemos levar em conta, é que o Facebook está criando sua própria mídia, a Watch. Mais cedo ou mais tarde, você será colocado ainda mais distante no resultado dos algoritmos.
Defendo meios exclusivos para o Rádio! Meios onde a agilidade de acesso às informações que o Rádio tem, não seja repassada a outros meios que não parceiros. Temos que asfixiar mídias que vivem às custas dos bons repórteres investigativos que o Rádio tem, e não levam o crédito quando suas informações são incorporadas por grandes produções.
Estamos num momento de transição! Podemos aceitar o destino posto pelas grandes empresas de tecnologia, colocando-nos entre mil outros recursos que elas dão preferência em seus devices em detrimento aos nossos conteúdos, ou podemos criar uma mídia tão atraente e exclusiva para as pessoas, que o acesso às redes sociais será algo distinto e paralelo. Cada coisa em seu lugar!
Vamos fazer a expansão da mídia Rádio passando por esse momento de transição, até que o novo meio de "transporte" esteja pronto. Temos que chegar lá saudáveis e maduros, e não queimar nossos neurônios como submídia em redes sociais.
Bem... voltando ao tema... quando digo que a IoT salvará a nova mídia Rádio, acredito que muitos devem estar tentando conectar uma coisa a outra. Afinal, a IoT é o conceito de internet das coisas, que permite uma grande troca de informações entre servidores e os dispositivos, e nada tem a ver com o streaming de áudio ou de vídeo de forma direta.
Podemos concluir, então, que os dispositivos com IoT precisarão de milhares de dados a cada esquina. Principalmente carros, sensores, e mesmo serviços públicos e aplicativos para celular.
Aí está o calcanhar de Aquiles da demanda de dados da IoT. As grandes empresas de telecomunicação terão de disponibilizar pontos de acesso a dados para as empresas de produtos eletrônicos! A própria mídia que as empresas de tecnologia almejam disponibilizar, encontrarão seus gargalos na infraestrutura atual. A solução para isso parece impossível, certo? Tenho certeza que se no dia de hoje tivéssemos que levar água para todas as residências de uma grande cidade como São Paulo, acharíamos tarefa inconcebível. Gargalos imaginavelmente insuperáveis!
Então chegamos ao ponto! Existe um movimento nas grandes cidades pela troca dos antigos orelhões, por pontos de wifi. Algumas empresas em São Paulo já fazem, há algum tempo, ensaios de Wifi em lugares públicos, de olho nesse mercado.
Se pensarmos na internet com a estrutura de hoje, com as tradicionais antenas de celulares ou com centralização em servidores distantes, podemos ver um grande gargalo de dados que se formará. O espectro eletromagnético é limitado, "não dá pra passar mais um cano", e a compactação de dados não nos parece ter mais margem para a evolução.
Pontos de Wifi em cada esquina de uma cidade, trará um enorme benefício para a tecnologia IoT. E é aí que nós da mídia também vemos nossos negócios convergindo. Afinal, toda estrutura já está no subsolo ou de forma aérea, através de fibras óticas que levam telefonia e internet para a maioria dos bairros. Imagine quantos dispositivos já estão conectados dentro de sua casa, no quarteirão em que mora, em seu bairro e, por fim, em sua cidade. Por que a dificuldade em acreditar em um ponto de Wifi em cada esquina? Não pense na estrutura que temos. Pense nas soluções que deverão ser construídas!
Os céticos ainda podem argumentar do gargalo da comunicação entre cidades, e das cidades com o mundo, certo? Bem, alguns países já bloqueiam o streaming que estão trafegando para fora do range de IP que pertencem a sua região. Vendo por esse ângulo, podemos imaginar concessões de Rádio por faixa de IP congruentes as suas atuais concessões de RF.
Não precisamos levar mídia para o mundo, como se isso fosse o foco central de nosso trabalho. Precisamos atender nossas comunidades com proximidade, com o que elas não vão encontrar em outras mídias. É importante entregarmos para o anunciante o que ele procura, e não números que sabemos que não darão o retorno necessário para seu investimento. O egocentrismo que temos alimentado na ilusão de emplacar um sucesso nacional, um viral, faz com que percamos o foco de nosso trabalho. No mínimo, começamos a transformar cada emissora em algo sem definição, sem uma identidade, e sem resultados a longo prazo.
Precisamos estar amadurecidos quando a nova internet chegar. Com um parque de transmissão que é exclusivo do rádio, e um meio de transporte de dados que pode ser compartilhado com grandes empresas de tecnologia, colocando-nos em vantagem pela proximidade com as pessoas em nossa cidade às redes sociais.
Vamos trabalhar na expansão dos meios de transporte de nossa mídia, sem diluí-la com canais que não foram feitos para elas! Ou, pelo menos, nos integrar de forma consciente dos seus verdadeiros fins.
Texto originalmente publicado por Marco Mariner em sua página pessoal no Facebook - 18/09/2018
Marco Mariner é CEO da Pulsar Multimídia - http://www.pulsarmultimedia.com.br
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