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Segunda-Feira, 18 de Março de 2019 @

Redes no Brasil não funcionam?

Antes de escolher uma marca de rede, é necessário estudar qual será o público-alvo e observar o que já é feito (e como é feito) o rádio em sua cidade ou região

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O título desta minha coluna é baseado numa dúvida que sempre surge quando um afiliado desiste de ser rede e passa a atuar local. Ou ainda quando uma determinada praça contou com passagens de afiliadas de redes que ali não permaneceram. Mas e ai? Elas funcionam? Sim, funcionam e possuem vários casos bem distintos que sugerem a sua eficácia, além de mais de 3 décadas de atuação delas pelo país. Mas e quando não funcionam? O problema está geralmente na origem da afiliação, quando ela é pensada sem muito planejamento ou como apenas uma "opção em conta". Vamos aprofundar isso…

Antes da escolha pela afiliação à uma rede, o radiodifusor precisa considerar elementos básicos que também servem pra criação de um projeto local: qual é a "brecha" que existe na minha cidade ou região? Ou seja, qual formato de rádio não está presente aqui e teria público para ele? Ou qual formato e/ou púbico-alvo são trabalhados, mas não com eficiência por um eventual concorrente que já está ativo? Respondendo essas questões, com pesquisas e estudos, aí se parte para a afiliação.

Detectado o formato e público com potência para serem trabalhados, é preciso ter algo em mente: afiliar à uma rede gera sim alguma economia operacional (tem horários que você estará sem geração local, já receberá materiais criados pela rede, além uma série de questões resolvidas pelo suporte). Porém a escolha não deve ser apenas "para economizar". Você vai ter alguma economia em relação ao que você faria localmente, é fato, mas embutir essa ideia como central pode te engessar como afiliado, fazendo inclusive com que a rede não funcione.

Casos muito econômicos, onde a rede foi um tapa-buraco para o radiodifusor e acabou dando certo, aconteceram apenas em situações bem específicas. Exemplos: preencheu uma lacuna muito ausente do público local e aí o crescimento daquela afiliada foi natural. Ou, em alguns casos, o afiliado se contenta em ser pequeno, está tudo bem e segue o jogo.

Voltando… determinado o público que deve ser atendido, parta para as redes e analise os projetos de cada uma. A maioria das redes existentes no Brasil, pelo menos aquelas já operam de forma nacional (algumas regionais), já aprenderam muito bem com o que funciona ou não funciona. Ou seja, estão bem calçados e podem te orientar. Os suportes de rede também melhoraram ao longo dos anos e a tecnologia tem facilitado cada vez mais em vários processos. E não faça leilão, pedindo "coisas" para as redes antes de afiliar, pois isso deturpará uma escolha mais técnica/artística, conta que pode ser cobrada no futuro.

Pontos a considerar…

1 - Não escolher primeiro a marca em detrimento ao estudo local de formato e público-alvo. Primeiro precisa saber se "cabe" uma determinada rede em sua praça
2 - Definido o formato, analise os projetos: aí sim, marca, como se trabalha o local e rede, oportunidades de negócios, questões técnicas, etc. 
3 - Não feche com uma rede pensando em repasses e economias pré-estabelecidas. Isso pode acontecer, mas é consequência de um trabalho já em curso e bem executado localmente.
4 - Também não feche se for para localmente você fazer uma versão artística alternativa da rede que você será afiliado. Isso não vai dar certo. Note os projetos de rede consideram o local e podem orientar como isso irá funcionar bem. Adaptações acontecem e isso é sempre conversado com a cabeça de rede, mas não adianta entrar numa rede para ser uma rádio diferente. Lembre-se que a "manutenção de um padrão não significa que você não terá atuação local". Dependendo do formato e da rede, há mais liberdade para variações locais ou não, mas tudo isso é pensado na concepção da rede e das possibilidades que existem perante aquele tipo de público-alvo.
5 - Fechado com a rede, você até pode ter uma atuação no ar 100% em rede, mas nunca abandone a atividade local. Terá que atuar em eventos, ter canais digitais, promoções locais (dependendo do formato), atuação comercial local, etc. Afiliada de rede é também uma rádio local. Essa atuação vai aproximar o ouvinte da rede. 
6 - Paciência… em alguns casos, dependendo do mercado e do público, o crescimento da rádio (seja ela afiliada de rede ou um projeto local) poderá levar mais tempo do que você gostaria ou imaginava. Existem vários registros de afiliadas de redes que atingiram um determinado objetivo em poucos meses e outros casos que levaram alguns anos, casos não raros que também foram observados em projetos de rádios locais.

Considerei pertinente falar sobre o assunto, pois já conversamos muito aqui sobre execução de projetos locais e também precisamos considerar que as redes estão avançando pelo Brasil, mas a cada mudança de bandeira sempre aparece o comentário "se elas funcionam". Na verdade, o que não funciona é um projeto (local ou em rede) escolhido no achismo e para o local errado. E a má execução do projeto também pode ser uma ancora, seja para a rede ou para uma rádio local.

Veja também:
> Quando o Spotify se transforma em um concorrente direto do Rádio 

Tags: redes, rádio, formatos, audiência, viabilidade, marcas, suporte, artístico

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Colunista
Daniel Starck

Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.










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