Foi-se o tempo em que guerras eram travadas apenas com lâminas e projéteis. A ignorância e a mentira atingiram níveis de letalidade inéditos na história da humanidade. Elas são como bombas de nêutrons: preservam construções e equipamentos, mas destroem vidas.
Prova disso é a forma como o mundo lida com o surto de coronavírus. Redes sociais disseminam dados questionáveis, informações truncadas, relatos assustadores e soluções ineficazes. As consequências de tudo isso não tardam a aparecer: eventos são cancelados; negócios deixam de ser feitos; regiões inteiras ficam às moscas; máscaras descartáveis somem das prateleiras; pessoas simplesmente param de se cumprimentar. Forma-se o caldo de cultura perfeito para o desenvolvimento de um clima de apreensão que dificulta o controle e a erradicação da doença.
Nesse cenário, há que se destacar o importante papel exercido pelos veículos de comunicação ditos tradicionais. São aqueles que exercem o jornalismo profissional há muitos anos e que, por isso, recebem da sociedade um valioso crédito de confiança. Eles coletam, checam e contextualizam informações através dos métodos e recursos mais adequados. Assim, conseguem separar a verdade da mentira.
Jornais, rádios, revistas e televisões dedicam espaço crescente à epidemia. Câmeras, gravadores e microfones estão permanentemente voltados para especialistas e autoridades. Este se trata de um trabalho hercúleo, pois, além de informar, os veículos tradicionais têm sido obrigados a desmentir muito do que se espalha pela terra sem lei da Internet.
Apenas os meios tradicionais são capazes de vencer as fake news digitais, pois impactam uma enorme massa de pessoas de forma imediata e simultânea. Em outras palavras: somente a mobilização das audiências a atacado pode combater as mentiras espalhadas a granel.
Além disso, conteúdos gerados por veículos tradicionais também repercutem (e muito) na Internet. Que o diga o Twitter, em que programas e profissionais da TV geram infindáveis discussões e memes. O uso positivo dessa influência pode ajudar a frear o avanço de histerias sem sentido, muitas delas criadas por covardes que não revelam suas verdadeiras identidades.
Notícia falsa mata. Quando insiste que vacinas não servem para nada. Quando sugere trocar uma receita médica por qualquer fórmula bizarra. Quando incita o preconceito a outras nacionalidades. Quando instaura o medo.
Toda cura começa com a verdade. E a verdade é justamente a razão de existir do jornalismo profissional.
Artigo publicado originalmente no portal Comunique-se
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