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Segunda-Feira, 22 de Junho de 2020 @

Polêmica com Flamengo reacende discussão sobre números de audiência

Fernando Morgado responde à seguinte pergunta: é certo comparar os conectados simultâneos de uma transmissão no YouTube com a audiência medida pelo IBOPE? 

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O isolamento social imposto pela pandemia de covid-19 acabou por intensificar o consumo de conteúdo nas mais diferentes plataformas, incluindo o YouTube. A proliferação de lives com cantores encontrou-se com outra tendência já observada há tempos nesse site: a expansão dos conteúdos esportivos, notadamente de futebol. A guerra declarada pelo Flamengo contra a Globo tornou-se mais um elemento desse momento que impacta o investimento de muitos e a paixão de milhões.

Alguns rubro-negros chegaram a comemorar a falta de televisão ao vivo na partida disputada em 18 de junho contra o Bangu pelo Campeonato Carioca. Acreditavam ser essa a grande chance de o Flamengo mostrar que seu canal no YouTube seria capaz de destronar a mídia massiva. Em tempo: esse jogo aconteceu ao lado de um hospital de campanha e em meio a uma pandemia que já matou 50 mil pessoas no Brasil. O minuto de silêncio realizado antes da bola rolar serviu apenas para reforçar o quão absurdo era aquele evento.

No afã de justificar todo o esforço político e jurídico que precedeu a realização daquela partida, houve quem afirmasse que foi um sucesso a transmissão feita pelo próprio Flamengo em seu canal no YouTube. Tal afirmação é altamente subjetiva, pois depende daquilo que se usa como régua para medir e referência para comparar. De acordo com sites rubro-negros, a partida teria registrado um pico de mais de 550 mil conectados simultâneos. Tal número pode ser considerado positivo à luz do histórico do clube no YouTube, mas também pode ser encarado como um fiasco se cotejado com outras transmissões ao vivo feitas no mesmo site. Por exemplo: a live que a dupla sertaneja Jorge & Mateus realizou em 4 de abril chegou a ter 3,2 milhões de pessoas ao mesmo tempo, número quase seis vezes maior que o do polêmico jogo. Até Manoel Gomes, autor do hit "Caneta azul" ("Caneta azul, azul caneta/ Caneta azul tá marcada com minhas letra" [sic]), alcançou mais conectados simultâneos que o Flamengo: 1,5 milhão, de acordo com a revista Veja.

As análises feitas no parágrafo anterior são tecnicamente corretas porque envolvem transmissões ao vivo realizadas em um mesmo site, cujos indicadores de desempenho são bastante particulares e diferem de qualquer outra plataforma ou mídia. É comum encontrar pela Internet quem compare o número de visualizações simultâneas no YouTube com a audiência de TV auferida pela Kantar IBOPE Media. É errado equiparar dados obtidos através de métodos tão distintos. Por exemplo: enquanto o YouTube conta acessos vindos de celulares e computadores de todo o planeta, o painel regular de televisão considera uma amostra de domicílios em apenas 15 regiões metropolitanas brasileiras. Além disso, o real time de TV segue critérios distintos daqueles usados pelo YouTube quando trata de conectados simultâneos. E existem muitas outras diferenças.

Não há problema algum no fato de um clube querer ganhar mais dinheiro com suas partidas. Também não é errado que os torcedores desejem ver seus times alcançando audiências relevantes. Entretanto, tudo deve se basear na análise correta dos dados, afinal, é a partir deles que as empresas decidem em qual uniforme estamparão suas marcas.

A força do futebol do Brasil se deve, em grande medida, ao trabalho das empresas de radiodifusão. Muitos clubes, inclusive, só permanecem abertos graças ao dinheiro que recebem das emissoras. Nesse sentido, a Internet deve ser encarada como uma aliada, e não como uma substituta de qualquer forma de comunicação. Vivemos o tempo do e, não do ou. Quanto mais opções nos oferecerem, mais consumiremos. Nosso cotidiano caótico comprova isso. Estamos em uma sociedade de consumo e, nela, a palavra de ordem é acúmulo. Isso vale para tudo, inclusive para conteúdos esportivos.
 

Tags: audiência, internet, futebol, lives, YouTube, rádio, televisão

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Colunista
Fernando Morgado Consultor e palestrante de marketing e inteligência de mercado. Já atuou para marcas como Band, SBT e Shoptime. Professor da ESPM. No Grupo Globo, trabalhou na área de inteligência de mercado e no planejamento estratégico das rádios. Possui livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o best-seller Silvio Santos – A Trajetória do Mito. Foi coordenador adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM. https://instagram.com/morgadofernando_










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