Sexta-Feira, 23 de Setembro de 2022 @
Relevância do rádio segue em alta, fruto de décadas de adaptação aos novos hábitos de consumo e mudanças tecnológicas
Pois bem, voltando ao alcance. O potencial de uma emissora de rádio é algo que impressiona. Vamos pensar no exemplo de São Paulo: hoje são 19 FMs cujo alcance é superior a marca de 1 milhão de pessoas diferentes em cada frequência. Ok, São Paulo é grande, mas pense bem nesse número: 1 milhão. É muita gente que tem uma determinada estação como um hábito, um consumo recorrente. Lembrando que, apesar de São Paulo ser imensa, o número de estações no ar também é muito grande, ou seja, uma estação concorre com outras muitas e também com mídias distintas.
Detalhe que eu fiquei concentrado na marca de 1 milhão. Motivo? Mesmo segmentado, o rádio consegue essa marca incrível em 19 estações. E quanto mais formatado, mais gente é abraçada pelo meio, ampliando o alcance geral do veículo. Neste caso, Belo Horizonte é outro exemplo interessante: tem cinco estações em FM que também superam esse número incrível de 1 milhão de pessoas diferentes alcançadas em 30 dias e, no total, o rádio atinge 90% da população da capital mineira e sua região metropolitana.
Impressiona ver que emissoras no Rio e em São Paulo superem as marcas de 3 e 2 milhões em alcance (são oito FMs acima de 2 milhões no mercado da capital paulista). Impressiona também ver também números milionários em mercados grandes como Nova York, Los Angeles, Londres, Paris, entre outros. E impressiona também os valores na casa de 400, 500, 600 e até 700 mil por estação em praças como Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e por aí vai (inclusive lá fora). De novo: estamos falando de dial. E, quase como regra, esses números se aproximam do total da população coberta pelas emissoras, independente do tamanho da cidade e da região (retrato este que vale para o grande e para o pequeno centro).
E esses valores acompanharam a evolução da população. Qualquer planejador pode atestar o que eu estou argumentando ao olhar números lá de trás. Considerando o período de 1 década, os valores em alcance do rádio hoje são maiores na maioria das praças analisadas. São Paulo tinha, em 2013, cerca de 11 FMs acima de 1 milhão (hoje 19) e geralmente 3 acima de 2 milhões em alcance (hoje são 8 e já atingiu a marca de 9, além de ter chances desse grupo ser ampliado nas próximas medições).
Não sou daqueles que acham que o alcance deve ser o único número a ser propagado pelas emissoras de rádio, pois o índice de audiência é importante. Mas para se promover perante o mercado e também para os ouvintes, números como o de alcance devem ser a vitrine, pois ele não precisa de muita explicação para que qualquer pessoa entenda o que significa. É o número de pessoas que passaram de alguma forma por uma determinada estação em 30 dias. Já ouvintes por minuto, que é uma média, requer mais explicações. Deve ser usada, mas na sequência de uma argumentação.
O rádio tem números impressionantes. E é fundamental usá-los. Inclusive os digitais. Mas é importante também entender o que cada um significa e em que tipo de argumentação eles são necessários.
De qualquer forma, o rádio brasileiro chega ao seu centenário com uma trajetória que nos enche de orgulho, com muitas evoluções em sua linguagem e tecnológica. Chega aos 100 anos totalmente integrado com o digital, mas também conservando (e ampliando) números incríveis no dial. É uma mídia que precisa ser reverenciada.
Referências:
> Rádio é consumido por 83% da população no Brasil; 58% ouvem em maior ou na mesma quantidade, diz Inside Radio 2022
> Curiosidade: 41 FMs dos EUA contam com um alcance que supera a marca de 1 milhão de pessoas
> Panorama: São Paulo volta a registrar a marca de 19 FMs acima de 1 milhão de ouvintes únicos alcançados
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.