Segunda-Feira, 21 de Novembro de 2022 @
Setor de rádio precisa entender que a possibilidade de erros antes de acertos no digital é muito maior
A principal dela é o retorno financeiro do investimento. Ele está atrelado a escala para a entrega de mídia programática, entre outras formas de monetização. E se a emissora ainda não conta com números relevantes no streaming, por exemplo, talvez não seja possível sequer “empatar o jogo” no custo destinado a manter essa operação. Mas e aí? Melhor frear tudo e aguardar? A resposta é não.
Hoje o digital é um complemento importante da composição de audiência e relevância de uma emissora de rádio. Se você não tem um streaming, uma distribuição digital de seu conteúdo, uma interação via redes sociais com seu público, você muito provavelmente vai afetar a força e relevância da sua estação no dial. Em maior ou menor grau a depender do formato de programação, perfil do público e localidade.
Ou seja, é obrigatório ter streaming, site, aplicativo, presença em agregadores digitais, redes sociais, etc. Seu ouvinte “off-line” também está lá. Parte da jornada diária dele passa pelo on-line. É uma forma de você participar mais do dia a dia dele e até manter forte a lembrança da estação quando ele vai para o rádio. Então o primeiro retorno que se observa é até indireto em monetização, como pelo menos a manutenção do que uma emissora já possui no off-line.
O consumo no digital cresce, assim como a oferta de novos dispositivos conectados. Não esqueça que há um 5G no horizonte. Aliás, já começa a surgir no nosso dia a dia.
A partir disso, os desafios são ampliados. O que se ouviu muito no congresso em Brasília é de que não existe uma fórmula pronta para o digital. Não há um prazo de retorno de investimentos, de crescimento em escala. É muito na tentativa e erro. Com muitos erros. E também um grande exercício de paciência.
Mas isso não significa que não exista planejamento. Como é um terreno ainda novo (com ele podendo mudar a todo momento), ele necessita de estudo, parcerias com profissionais e empresas qualificadas no digital e uma organização muito detalhada dos investimentos realizados. Até para que eventuais erros não prejudiquem o que já está funcionando e o bolso da empresa.
O básico para uma emissora de rádio ainda segue: programação do ar muito bem planejada com seus objetivos, conhecendo o seu público, ações promocionais, tratar o ouvinte e os profissionais como os principais ativos da estação (inclusive potencializando o desenvolvimento dos colaboradores), boa qualidade de áudio no on e off-line, bom sinal no dial e boa conexão no streaming, além de um trabalho comercial muito bem planejado. E se vai fazer vídeo, não prejudique a experiência de quem seguirá apenas em áudio.
Está difícil? Acredite, não é só para o rádio. É para todos os segmentos da economia. A competitividade é alta e as incertezas no digital servem para todos. Até porque, como também foi dito no congresso, se alguém cravar para você o que vai acontecer daqui 10 anos, provavelmente essa pessoa está chutando e/ou mentindo. Com isso, precisamos trabalhar com o que temos hoje: manter a qualidade, faturamento e credibilidade presente no dial, mas com distribuição no digital. E, é claro, estar aberto e atento a mudanças.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.