Para muitos anunciantes não faz sentido investir só em rádio

Foi-se o tempo em que era fácil vender anúncios. Havia até um tipo de profissional que reinava em vários departamentos comerciais de rádio e TV: o tirador de pedido. Seu trabalho consistia, basicamente, em atender telefonemas e anotar demandas que chegavam sem esforço.

A concorrência com a internet fez do tirador de pedido uma espécie em extinção. É certo que o digital ampliou muito a quantidade de patrocinadores em potencial – já que qualquer um pode anunciar no Instagram gastando menos de 10 reais. Por outro lado, as opções de comunicação também se multiplicaram. Há três décadas, havia meia dúzia de mídias. Hoje, existem dúzias.

A ampliação dos meios levou à pulverização do público. O consumidor está em todos os lugares e as marcas precisam se inserir em uma rotina cada vez mais caótica. E só há uma forma dos patrocinadores se adaptarem a esse contexto: aparecendo em mais mídias.

Essa poderia ser a crônica de uma morte anunciada para o rádio. Contudo, esse meio tem um atributo que outros não possuem: a simplicidade. Graças a ela, as emissoras podem ir além do dial mais facilmente. Basta lembrar que as primeiras transmissões de rádio pela internet datam de meados dos anos 1990.

Se os anunciantes precisam aparecer em várias plataformas, então as rádios têm que oferecer mais projetos multiplataforma. Ocorre que muitas emissoras ainda insistem em focar apenas na venda de segundos do intervalo comercial, apesar de até já trabalharem com eventos, redes sociais e streaming.

Mas para ganhar dinheiro com multiplataforma, não basta querer. É preciso saber como se ganha. Deve-se aprender um método, que vai da descoberta das dores do anunciante até o pós-venda, passando pela criação das mecânicas, pelo controle da entrega, pela redação da defesa comercial etc.

É preciso também que a emissora passe por uma séria autoanálise. Definir-se apenas como rádio, ignorando todas as outras plataformas, significa perder dinheiro. E está comprovado: vender projetos multiplataforma é a melhor maneira de remunerar as atividades on-line, já que valoriza os diferenciais da empresa e diversifica as fontes de receita. É perigoso depender apenas do Google AdSense.

É claro que o break continua sendo um bom negócio, mas não pode ser o único. As mudanças no comportamento da audiência e a explosão de mídias exigem criatividade dos veículos de comunicação. E a melhor forma de expressar essa criatividade, gerando maiores resultados comerciais, é através da venda de projetos multiplataforma.

Projetos são a resposta mais precisa que as rádios podem dar às grandes demandas de agências e anunciantes. Para estes, os veículos devem fazer muito mais do que só veicular: têm que criar e produzir ações, orçar fornecedores e até fazer o plano de mídia. Goste-se ou não, essa é a realidade e sua rádio precisa se adaptar a ela. Caso contrário, ela certamente perderá mais verbas para as outras mídias.