NAB Unplugged - Rádio na NAB. O futuro foi adiado para anteontem

A grande novidade da NAB para o pessoal de rádio era procurada por todos e foi assunto em todos os cafezinhos (espressos ou chafé americano) e atraia a turma quase todo dia. 

Não, não eram os stands com aplicações apocalípticas e disruptivas da tão temida Inteligência Artificial. Estou falando do “Loop” o fantástico sistema de tuneis criado pelo lunático (ou marciático) Elon Musk, pelos quais uma frota de Teslas elétricos com simpáticos motoristas levavaos visitantes da feira de uma ponta a outra do Centro de Convenções de Las Vegas, que se alguém ainda não sabe, é um colosso de 427 mil metros quadrados, algo como 5,6 Anhembis. 

Só pra concluir esta informação, os tuneis foram totalmente construídos em menos de um ano por um mini Tatuzão da empresa do próprio Musk, batizado Godot, e o Loop é a vitrine do que ele propõe que seja um novo meio de transporte à prova de frio, neve, chuva e poeira. Isso sim é uma inteligência que ameaça o setor de carros a gasolina, ônibus e outros bichos de superfície.

Voltando ao nosso mundinho. Se o Loop foi o assunto, o que aconteceu com a IA? As novidades de sempre. Vai substituir tarefas, ainda não tem emoção e humor, mas isso logo, logo vai chegar. Este “logo” depende de quanto a novidade for lucrativa e deve se adaptar à indústria da comunicação e às reações do público.

Resumindo: o terremoto vai acontecer, sim e o meteoro já está nos telescópios. Mas há chances de sobrevivência e o caminho já está posto. O perigo real e imediato vai atacar primeiro a grande parcela de rádios que já tem comunicação tão automatizada e irrelevante que pouca gente vai sentir o baque. Só se desta vez um sobrinho do dono ler os manuais certos e programar a IA para produzir algo melhor do que os humanos que habitavam estes sonolentos microfones.

As emissoras que tiverem comunicação diferenciada, com emoção, inteligência (daquelas originais) e criatividade estarão sempre à frente da onda e poderão se aproveitar da novidade para melhorar e ampliar seus formatos, serviços e produtos. Nem precisa ser uma emissora do futuro. Ser de hoje já está de bom tamanho.

O futuro vai chegar mais arrasador para as emissoras que estão no ontem ou no anteontem. Aqueles prefixos que não cumprem a função de informação e serviço por serem ou terem ficado mirrados demais para ter um mísero profissional com capacidades superiores às dos “recórteres” que só sabem fazer recorta-e-cola em sites. Para estes, meu velho conselho: Feche o Windows e abra a janela pra ver o que está debaixo do seu nariz.

Outras são as rádios que poderiam ser influenciadoras do comportamento musical de seu público, fazendo a curadoria do que é bom ou não no meio da enxurrada de lançamentos que chega diariamente. Mas renderam-se à commoditização da música, aceitando pagamento para programar, vendendo o que deveria ser de graça no acordo tácito que existe entre emissora e ouvintes.    

Há limites para estas emissoras que vendem o almoço pracomprar a janta, como dizem no interior. A água logo vai bater nos consoles. E há pouco tempo para elas se atualizarem.  A ameaça invisível, ou com que nome de filme-catástrofe se queira batizar a inteligência artificial,não chega hoje. Mas já está ali na frente.