Quinta-Feira, 18 de Maio de 2023 @
Isso posto, vamos lá. O conteúdo foi batizado como Rei, há vários anos. Em NAB, em eventos da ABERT, da AESP muitas associações. “Agora vai’, pensamos. Mas o conteúdo se revelou um rei com menos poder do que o pobre Charles nas suas décadas de principado, na linha de sucessão pra ser “Rainha da Inglaterra”, gíria pra quem tinha título mas nenhum poder.
E aí? Por que temos tanta dificuldade em fazer um rádio mais criativo, mais inteligente, mais fundamental na vida das pessoas como já foi, muito mais, em outros tempos?Andando pela NAB, ouvindo as conversas (americanos continuam falando um inglês tão ruim que tem coisa que até eu entendo) deu pra pegar a preocupação dos americanos com a chegada da IA, como tiveram com a internet, ou como ainda precisam defender o AM da ocupação avassaladora do espectro. Mas eles já estão em outro nível de defesa.
Cidadezinhas pequenas têm rádios que prestam serviço, são referência na comunidade como informação, como companhia, mesmo enfrentando a presença das grandes redes na região. Ainda é um certo consenso, mesmo meio desgastado, que uma rádio de rede, com um nome forte, conteúdo rico, mas pasteurizado, não consegue enfrentar uma emissora local bem feita.
Lá também o rádio tem esta bipolaridade entre ser um negócio, uma empresa que precisa fundamentalmente dar lucro versus o prestador de serviço que atrai a confiança da comunidade a partir daí tem audiência e sim, faturamento. Lá o mercado de aquisições de emissoras de rádio, diferente daqui, é fácil e faz parte da estratégia de grandes redes como IHeart e Audacy. É certo também quelá as centenas de emissoras de cada grupo têm diferentes segmentos, não recebem uma programação única.
Então não se trata só de ser uma rede ou ser uma “radinha” lá do interiorzão. É sobre ser relevante para o seu público pelo conteúdo, seja pelas qualidades de um “label” de grande rede, ou batalhado no dia a dia de rádios que sabem onde os calos e os buracos de rua de uma cidade apertam.
É ainda sobre a ameaça da Inteligência artificial. Ela vai dar mais certo onde já exista uma inteligência. Onde a cabeça não sirva apenas para esperar receber uma coroa.Não temos o mesmo tempo de espera do rei Charles.