Segunda-Feira, 02 de Outubro de 2023 @
Consultor Fernando Morgado analisa dados e fatos que comprovam a capacidade de renovação do rádio
A queda da mídia impressa
Para entender por que o rádio é o meio que mais se beneficiou com a internet, é crucial analisar o cenário geral da mídia no Brasil. Contrariando a crença de muitos, foi a mídia impressa, e não o rádio, que mais perdeu participação no bolo publicitário brasileiro durante as últimas décadas.
Em 1962, jornais e revistas representavam juntos impressionantes 45,2% de todo o investimento de agências e anunciantes. Em contraste, em 2022, de acordo com o Cenp-Meios, esse percentual despencou para 2,1%. Isso significa que a mídia impressa perdeu mais de 95% de sua fatia no mercado publicitário em seis décadas.
Essa queda vertiginosa pode ser atribuída, em grande parte, à ascensão da internet e à mudança nos hábitos de consumo de informação. Os consumidores agora têm acesso a artigos, reportagens e informações em tempo real através de seus dispositivos eletrônicos, tornando os jornais e as revistas em papel menos atrativos e eficazes como soluções publicitárias.
O rádio e sua adaptação à era digital
Enquanto isso, o rádio conseguiu se adaptar de maneira notável à era digital e tirar vantagem das oportunidades que essa etapa histórica trouxe. Aqui estão cinco argumentos técnicos que comprovam o porquê de o rádio ser o meio que mais ganhou com a internet.
1. Streaming
Uma das maiores transformações na indústria do rádio foi a transição para o streaming. A transmissão ao vivo pela web permite que ouvintes de todo o mundo sintonizem suas estações favoritas sem limitações geográficas. Além disso, essa mudança possibilitou a criação de aplicativos e plataformas como o tudoradio.com, que amplia ainda mais o alcance das emissoras.
2. Podcasts
O mundo tem mais de 3,2 milhões de podcasts e quase 160 milhões de ouvintes, segundo o Listen Notes. As rádios respondem por parte desses resultados, oferecendo conteúdo sob demanda para seus ouvintes. Isso não apenas atrai um público mais amplo, mas também oferece novas oportunidades de monetização por meio de anúncios inseridos nos podcasts.
3. Integração com as mídias sociais
As redes sociais desempenham um papel significativo no envolvimento do público com o rádio. As emissoras utilizam ativamente plataformas como Instagram e WhatsApp para compartilhar conteúdo, interagir com os ouvintes e promover eventos ao vivo. Essa integração com as mídias sociais permite que as rádios alcancem públicos mais jovens e engajados, servindo de complemento ao dial.
4. Conteúdo multiplataforma
A internet permitiu que as emissoras de rádio expandissem seu alcance para além do áudio. Muitas rádios agora transmitem vídeos ao vivo de estúdios e eventos, criam conteúdo visual atraente para suas redes sociais e oferecem experiências multimídia que atraem uma grande variedade de públicos.
5. Dados e análises
A digitalização do rádio também trouxe a capacidade de coletar informações valiosas sobre o comportamento do público. As emissoras podem analisar diversas métricas, como tempo de escuta, localização geográfica e preferências musicais, permitindo uma personalização mais eficaz dos conteúdos e anúncios.
Para o rádio, internet significa oportunidade
Enquanto a mídia impressa perdeu mais de 95% de sua fatia no mercado publicitário em seis décadas, o rádio emerge como exemplo notável de como um meio tradicional pode prosperar na era digital. O rádio, através do streaming, dos podcasts, das mídias sociais, dos conteúdos multiplataforma e das análises de dados, sefirmou como um dos meios que mais ganharam com a web.
Portanto, para profissionais e donos de rádio, a mensagem é clara: a internet não é uma ameaça, mas uma oportunidade. Investir na digitalização e na inovação é fundamental para garantir que o rádio continue a prosperar e a atender às necessidades do público moderno. É passada a hora de abraçar todas as possibilidades oferecidas pela internet e continuar a escrever o capítulo de sucesso do rádio na era digital.