Segunda-Feira, 14 de Abril de 2025 @
Ambientes mais conectados trazem novas possibilidades, mas também desafios. E algumas respostas sobre como agir podem estar na sua cidade, na sua audiência
Vimos rádios de diferentes tamanhos, de cidades pequenas a grandes. Isso graças à presença de um fórum específico para essas emissoras, onde o digital foi abordado de forma ramificada em diversos temas, como vendas, carros conectados, inteligência artificial, entre outros. Claro, pode-se argumentar que, nos Estados Unidos, há mais verba publicitária disponível, mesmo para os pequenos mercados, mas os custos também podem ser maiores em muitos casos. Por isso, é possível entender que muitas das dores e das oportunidades enfrentadas por lá também estão em nossas mesas, aqui no Brasil.
Dito isso, acompanhamos pesquisas que indicam um caminho sem volta para o crescimento do áudio digital, seja via streaming ou on demand. Todos os ambientes estão mais conectados — isso é fato — e esse avanço é contínuo. O rádio já experimenta um crescimento do consumo via streaming, mas ainda aquém do potencial. Muito disso passa pela forma como as emissoras trabalham esse tipo de distribuição e pela importância que se dá ao formato. Se o áudio ao vivo é o nosso principal produto e há uma digitalização maior dos ambientes, é possível compreender que o streaming é um caminho natural. A quantidade de pessoas com fones de ouvido sem fio também é um indicador claro de crescimento e de oportunidades nessa frente.
Mas ele não é o único. O, nem tão novo assim, podcast foi chamado de “novo FM”. Vai substituir o FM? Não, não sob essa lógica. Mas sim na ideia de que, lá atrás, o FM foi visto como um formato secundário e, de repente, passou a ser a principal forma de se consumir áudio na maioria dos cantos do mundo. Com um crescimento expressivo nos últimos anos, o podcast sugere que pode ser uma frente poderosa de consumo em um futuro que talvez já seja o presente. E não são apenas as faixas mais jovens, assíduas ao formato, que indicam isso.
E o rádio norte-americano faz o quê com isso? Praticamente tudo, como nós. Temos muitos exemplos positivos no mercado brasileiro, mas talvez a grande diferença por lá esteja no amadurecimento maior na organização do ecossistema, sabendo separar o que vem de receita do ar e do digital e entregando esses números ao mercado. Atualmente, iniciativas online já representam um quarto do total arrecadado pelas emissoras. Parece pouco? Esse índice está crescendo, e em uma velocidade interessante.
Nesse modelo de “faz-tudo”, uma frase que ouvimos muito foi: “se for pra fazer, faça bem feito”. Ou seja, torne-se referência naquilo que está fazendo para sua audiência e para o mercado. Isso não é simples, não acontece da noite para o dia. É algo que se constrói aos poucos, entendendo as necessidades da região onde a emissora está instalada, aproximando-se de suas respectivas comunidades — presencialmente ou no digital. Vende-se streaming, portais, e-mail marketing, redes sociais, entregas de vídeo etc., mas sempre respeitando as características de cada formato para obter êxito no investimento. E dar espaço e ouvidos às novas gerações, trazendo-as para as equipes, foi outro ponto abordado.
Não é fácil, pode parecer confuso e já está dando bastante trabalho. Mas, se pararmos para analisar, independentemente do setor econômico ou mesmo em nossas atividades pessoais, fazemos de tudo. Somos multitarefas na maior parte do tempo — não seria diferente com o rádio, especialmente esse veículo que está diretamente ligado à rotina das pessoas. Mas talvez aqui esteja a chave: pessoas. Conectar-se com a audiência, com a comunidade. Nessas necessidades locais, encontramos muitas respostas sobre como podemos agir e potencializar nossas ferramentas digitais.
Outro ponto mostrado no NAB Show 2025 é que precisamos fazer mais coisas, mas há uma série de ferramentas e soluções que também evoluíram, tornando essas tarefas possíveis. Mesmo que, em alguns casos, o uso da IA ainda seja básico, todos os profissionais de rádio presentes no congresso indicaram que essas ferramentas já fazem parte do dia a dia. Também precisamos estar abertos a isso e entender como esse cenário pode ser útil para todos nós.
Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.