Quinta-Feira, 03 de Julho de 2025 @
Meio amplia sua presença com o digital, mantém força no dial e reforça sua relevância ao integrar plataformas — mesmo diante de desafios culturais e de mercado
Vamos para as mais óbvias: o dial FM. Esse tipo de distribuição de conteúdo em áudio não saiu de moda por vários motivos. Ele é fácil de consumir, tem boa entrega local e é beneficiado diretamente pela evolução em seu ecossistema por terceiros. Um dos exemplos mais claros disso são os multimídias automotivos, que aproveitam essa tecnologia para aprimorar a entrega para motoristas e caronas. Utiliza o RDS em telas cada vez maiores, integra as rádios como lista de canais, permite personalizações adicionais, melhora a captação do áudio e do sinal, entre uma série de coisas. Existem pontos na contramão disso? Sim, mas são exceções à regra e podem ser corrigidas com a indústria de rádio conversando mais com a automotiva. Como já disse aqui e em notícias publicadas, existem muitos pontos de interesse em comum entre esses dois segmentos.
Outra coisa que costumo mostrar sobre o dial é a presença onipresente do receptor de rádio. Está mais difícil encontrar aqueles aparelhos para colocar em casa? Sim, em alguns segmentos de preços, sim. Mas o FM está se proliferando de maneiras diversas, sendo embutido em todo tipo de dispositivo, que vai desde chuveiros, carrinhos e motos de crianças, penteadeiras para lojas de cosméticos, entre outros exemplos. Se olhar bem na direção de onde está vindo aquele áudio, você verá o receptor. Uma dica para entendermos melhor esse cenário é pedir para que os ouvintes enviem fotos de seus rádios. Aí vão aparecer desde receptores antigos, coisas bem exóticas e até aplicativos de streaming (sim, há essa confusão por parte da audiência, e tudo bem).
Bem, fora do dial, somos auxiliados pelo crescimento digital, impulsionado principalmente por smartphones e smart speakers. Aqui também é um ponto de desafio, pois a oferta de conteúdo em áudio e vídeo nesse ambiente só cresce, com vários competidores avançando nessa arena. Mas alguns números que começamos a analisar sugerem que há um caminho promissor: já temos rádios que criaram uma relevância significativa no streaming, acumulando alcances de 300, 400 e até 500 mil ouvintes únicos nos principais centros brasileiros. Existem aquelas que já possuem mais alcance no streaming do que no dial (e não porque o dial caiu). E estamos falando apenas do áudio digital ao vivo, ou seja, o famoso stream.
Isso que eu nem falei de outras entregas multiplataformas, como transmissões em vídeo em aplicativos próprios e redes sociais, eventos presenciais e digitais, podcasts, etc. Fiquei mais focado na nossa matriz, que é o áudio ao vivo.
Se já temos todas essas engrenagens funcionando e bem, atendendo nossas audiências, o que mais falta para acreditarmos nessa evolução da entrega do conteúdo de áudio? Bem, possivelmente o mais difícil: mudança cultural dentro das emissoras. Acreditar no digital como uma evolução em curso, entendendo que isso não é em detrimento ao dial. São mundos que se impulsionam juntos quando ambos são potencializados. Empacotar tudo isso em produtos que sabemos explicar ao mercado o que são, quais seus pontos fortes, como eles ajudam numa campanha, etc. Temos dados o suficiente para essas defesas, mas é difícil organizar isso e manter todo mundo atualizado, respondendo às constantes mudanças que todos os setores econômicos estão passando.
Existem mais dúvidas no ar do que respostas e precisamos urgentemente nos posicionar como um meio que sempre esteve em evolução e que tem as respostas para hoje e para amanhã.