Quarta-Feira, 23 de Julho de 2025 @
Naquele dia, entre a dureza do noticiário e o ritmo da redação, aprendi com Seu Tuta que o rádio é também uma sinfonia — e cada nota precisa ser respeitada
Mas teve um dia que foi especial — mais um daqueles dias que, hoje, já mais velha e madura, agradeço por ter presenciado. Um dia em que aprendi com alguém muito mais experiente.
A função de um coordenador de jornal é conduzir, como um maestro, o que e como cada coisa vai ao ar. No meu caso, tive a honra de ser maestrina de uma das maiores sinfonias: a Sinfonia de São Paulo. Caramba! Isso já faz mais de 20 anos.
Mas voltando àquele dia de aprendizado. Estávamos eu e o Glauco Oliva colocando repórteres no ar, colunistas, textos, além das opiniões da Denise Campos de Toledo e do Joseval Peixoto.
Não me lembro bem qual era a notícia, mas tratava-se de um crime bastante hediondo. Coisa pesada mesmo! Daquelas que fazem a gente perder a fé no ser humano. Após aquele noticiário, entramos com o break comercial.
E eis que, minutos depois, Seu Tuta — ele mesmo! O maior gênio do rádio — entra no estúdio com sua fala mansa e seu jeito gentleman de se expressar.
Não me lembro exatamente das palavras, mas jamais esqueci o conselho. Foi mais ou menos assim
— Querida, deixa eu te ensinar uma coisa. Uma rádio jornalística tem o compromisso com a informação, mas precisamos ter compromisso também com os nossos anunciantes. Você não pode veicular esse monte de notícia ruim e, logo em seguida, chamar o break. As pessoas, quando ouvem notícias ruins, tendem a dispersar o pensamento e não prestam atenção na publicidade. Você precisa equilibrar o noticiário e respeitar o break, porque ele também é informação.
Afinal, isso aqui é uma sinfonia — e quando tocada de forma errada, prejudica toda a orquestra.
— Vambora, vambora! Olha a hora!