Terça-Feira, 29 de Julho de 2025 @
A identidade sonora é o que comunica nossa alma no rádio — por isso defendo seu resgate como base do verdadeiro branding
Diferente do marketing, o branding representa o coração e alma de uma empresa, o seu jeito de ser, sua identidade estabelecida para cumprir um proposito, um lugar mundo. Com o branding bem resolvido e entendido por todos aqueles que fazem parte de uma equipe podemos garantir que em qualquer contato com os públicos-alvo, haverá a comunicação desse valor. Com essa identidade consistente, clara e verdadeira, busca-se, então, uma representação gráfica que chamamos de “marca” através de um símbolo que chamamos de logomarca. Essa loga marca precisa comunicar a proposta de valor definida pelo branding, a tal razão de existir daquela empresa.
Quando se trata de uma emissora de rádio a principal característica dessa logomarca deve ser sonora, afinal, o áudio está na base de sua razão de ser. Se milhões de reais são investidos por grandes empresas como bancos, indústrias, shoppings para a definição de sua logo marca visual, dada a importância da identificação emocional pretendida por aquela empresa no coração de seus clientes, como uma rádio dirá isso? Esse grande investimento em estética não pode ser apenas um jogo de cores e arte gráfica no mídia kit, ele precisa comunicar valor em todos os contatos com a marca. Isso sempre foi o básico de uma organização desde os primórdios do marketing, antes de chegarmos à evolução para o branding, quando a gente ainda chamava de “voz padrão” o locutor que identificava a emissora nos prefixos e chamadas.
Minha provocação para os amigos de rádio, diretores artísticos, comercial, marketing e CEOS é essa:
O que está acontecendo com as rádios e TVs que, em grande parte, parecem ter abandonado a estética sonora voz/trilha/edição para a identificação de seu valor, seu branding. Emissora devem ser identificadas pela qualidade de seu áudio e pela comunicação que faz de si mesma na promoção de seus produtos e serviços. José Bonifácio Sobrinho, o Boni, não permitia na Globo que seu locutor de chamadas gravasse anúncios comerciais de qualquer outra empresa. Sabe por quê? -Dizia ele que seu locutor, a voz da emissora, precisava vender os principais e melhores produtos do Brasil. E que produto era esse? A programação e tudo o que a emissora oferecia ao seu imenso público.
Uma marca, um logo, um símbolo é a porta de entrada para o universo emocional e das experiências propostas por uma empresa. No caso de comunicação de rádio, essa identidade deve estar sempre clara, 24 por dia, pois será tocada a qualquer momento que um cliente/ouvinte tiver contato com a empresa, com a programação, onde estiver. A qualidade e o cuidado com essa identidade sonora é que vai aproximar ou afastar o ouvinte e o anunciante.
Ao mesmo tempo essa marca sonora será também a orientadora interna da equipe sobre os pilares que sustentam sua proposta de valor, o seu branding. Mais do que gravar vinhetas, prefixos, chamadas, aberturas, promoções, tudo que comunica a emissora deve estar muito bem empacotado. É aí que entra a combinação de voz adequada a proposta, trilhas, sinais sonoros, estética e aquele cuidado na edição sonora cuidadosa além da definição de mood, o espírito, ou melhor, a alma de sua empresa, de sua rádio. Com que roupa sonora, com que cores, você veste a sua programação? Como você apresenta sua empresa ao mundo de ouvintes?
Seu valor será reconhecido e recompensado se colocar atenção nisso. Muita atenção e bom gosto. O investimento terá retorno. Seu valor será reconhecido.
Uma das principais vozes da propaganda brasileira nos últimos 30 anos- Atuou em várias emissoras de FM de São Paulo e como Voice-Brand de Alpha FM, Nova Brasil, Transamérica, Metrópole e várias emissoras pelo Brasil. É palestrante e autor dos livros Acertar é Humano e Feliz dia novo. Palestra sobre Futurabilidade- o futuro que inspira.