Quarta-Feira, 06 de Agosto de 2025 @
Fernando Morgado analisa como o rádio, com mais de 10 mil emissoras autorizadas em todo o Brasil, enfrenta a desinformação
Esse total coloca o Brasil atrás dos Estados Unidos, que registraram 15.651 rádios em junho de 2025, de acordo com a Federal Communications Commission (FCC), mas, por exemplo, muito à frente do México, que possuía 3.204 concessionárias em 2024, segundo o Instituto Federal de Telecomunicaciones (IFT). Além da quantidade, é importante lembrar que cada emissora comercial cobre diversas cidades com o mesmo sinal, ampliando significativamente a sua atuação.
O impacto do rádio no acesso à informação
Tal abrangência ajuda a explicar por que o rádio segue como uma das principais fontes de informação e entretenimento em muitas regiões do país. Em um território marcado por desigualdades sociais e infraestrutura irregular, o rádio assume papel decisivo, especialmente em municípios que não possuem sedes de portais de notícias ou geradoras de TV aberta.
Uma mesma emissora atende a várias localidades vizinhas, levando conteúdo informativo mesmo a cidades sem veículo de comunicação próprio. Essas localidades, embora classificadas por alguns como desertos de notícias, recebem informações sobre sua realidade local com regularidade.
O rádio, portanto, não apenas complementa o ecossistema de mídia. Em muitas regiões, é a única estrutura capaz de informar a população sobre decisões públicas, serviços essenciais e temas da comunidade. Essa condição se verifica em todo o território nacional, com destaque para o Centro-Oeste, onde o rádio tem presença ainda mais relevante nas áreas rurais.
Avaliar cobertura jornalística exige ir além da sede dos veículos
O contexto revela que a cobertura jornalística no Brasil é mais ampla do que os registros formais sugerem. O modelo de avaliação baseado apenas na sede física dos veículos desconsidera o alcance real do sinal, a produção efetiva de conteúdo e os caminhos pelos quais o público acessa a informação.
Valorizar o rádio é reconhecer sua atuação direta na rotina das pessoas. Investir na radiodifusão local, formar profissionais e garantir a sustentabilidade dessas emissoras são medidas essenciais para assegurar o direito à informação em todo o país.
O Brasil tem mais de 10 mil rádios autorizadas em operação. Elas produzem jornalismo e entretenimento, atendem localidades sem outros meios e conectam milhões de brasileiros à sua realidade. Ignorar esse sistema é negligenciar a fonte de informação mais confiável, como mostram pesquisas recentes.
Reforçar o protagonismo do rádio nas políticas públicas de comunicação, inclusive em termos de investimento em mídia, é uma medida prática e fundamental para ampliar o acesso à informação e fortalecer a democracia em todo o território nacional.