Segunda-Feira, 11 de Agosto de 2025 @
Assim como a Coca-Cola se reinventou sem perder o sabor, vejo que o rádio precisa trocar o ‘açúcar analógico’ por ‘adoçante digital’ para seguir relevante
Agora, o rádio precisa urgentemente entender e replicar essa estratégia audaciosa. O cenário não é mais o mesmo de décadas atrás. Streaming, podcasts e plataformas digitais roubaram espaço significativo do tradicional dial, especialmente entre o público mais jovem. A Nielsen apontou claramente que, embora o rádio ainda domine com 67% do tempo de áudio com publicidade, esse número cai drasticamente quando consideramos ouvintes mais novos, que preferem conteúdos sob demanda e experiências interativas.
Como a Coca-Cola enfrentou a rejeição ao açúcar mantendo seu sabor icônico, o rádio precisa reconhecer a rejeição das novas gerações ao formato analógico estático, sem perder sua essência de companhia, proximidade e conexão emocional. É hora de substituir o açúcar das velhas práticas analógicas por novos adoçantes digitais. E isso envolve streaming personalizado, podcasts bem produzidos, interatividade via apps e redes sociais, além de uma programação assistida por inteligência artificial para atender com precisão as demandas dos novos consumidores.
Mas não basta digitalizar por digitalizar. A Coca-Cola não se tornou Zero apenas para ser diferente, mas para ser relevante e atraente ao consumidor moderno. Da mesma forma, o rádio precisa utilizar tecnologias emergentes, não apenas por modismo, mas para garantir relevância e conexão emocional, fortalecendo seu verdadeiro sabor: a curadoria humana, a voz local, e a capacidade única de gerar comunidade.
O rádio também precisa repensar sua embalagem. Assim como a Coca-Cola adotou designs mais simples e atraentes, o rádio deve padronizar sua identidade em múltiplas plataformas, oferecendo uma experiência coerente que fortaleça sua marca em qualquer meio, seja FM, streaming, smart speakers ou redes sociais.
Diversificar formatos e modelos de receita também é fundamental. A Coca-Cola apostou em diferentes tamanhos e sabores para alcançar públicos distintos. O rádio pode explorar formatos variados como vídeos curtos, eventos híbridos e podcasts, ampliando seu potencial de faturamento.
O desafio está posto. O rádio precisa comunicar claramente que mudou para melhor, sem abrir mão do sabor que o tornou indispensável. Assim como a Coca-Cola soube vender sua versão Zero como algo ainda melhor, as emissoras precisam destacar que seu produto reinventado é ainda mais atrativo e adaptado às necessidades atuais, sem abandonar seu DNA essencial.
Se a Coca-Cola conseguiu se adaptar e ainda crescer, o rádio também pode. Mas isso só será possível com ousadia, coragem de assumir riscos calculados e investimento real naquilo que mantém o ouvinte conectado: uma programação autêntica, envolvente e emocionalmente relevante.
A lição da Coca-Cola é clara. Reinventar-se não é perder identidade, mas sim reforçá-la diante das novas demandas. Chegou a hora do rádio assumir seu papel como protagonista da transformação digital. Sem perder seu sabor original, é preciso oferecer ao público uma nova fórmula, com menos açúcar analógico e mais adoçante digital.
Consultor de Marketing e Professor Universitário no Curso de Administração de Empresas. Formado em Administração com Pós em Planejamento e Gerenciamento Estratégico. Foi Diretor de Marketing e Artístico da Rádio Paiquerê FM 98.9 de Londrina, Gestor de Implantação da Rede Kairós FM, além de atuar como marketing nas Rádios Folha FM 102.1 e Igapó FM 104.5 (ambas em Londrina), com passagem pela coordenação da 98 FM 98.9 de Curitiba (Grupo GRPCOM), marketing da Rádio Banda B AM 550 FM 107.1 de Curitiba, gestão artística da Massa FM 97.7 de Curitiba e de São Paulo (FM 92.9), além de Head de Digital do Grupo Massa de Comunicação.