Domingo, 31 de Agosto de 2025 @
De acordo com pesquisa da Kantar, 61% acreditam que a velocidade é a característica mais útil dessas ferramentas, e os brasileiros estão entre os que mais as utilizam
De acordo com um novo relatório da Kantar, empresa global de dados e insights, intitulado Connecting with the AI Consumer (Conectando-se com o Consumidor de IA), entre os que já utilizaram alguma ferramenta de IA, 81% relatam ter usado assistentes de voz, chatbots ou assistentes de compras nos últimos meses. E não se trata apenas de uso ocasional, 76% afirmam utilizar essas ferramentas semanalmente ou diariamente. Apenas 24% relatam uso menos frequente.
O uso é maior entre a Geração Z (83%) e Millennials (81%). A Geração X apresenta um nível moderado, com 66%, enquanto apenas cerca de metade (51%) dos Boomers utilizam assistentes de IA semanalmente ou diariamente. Esses padrões sugerem que a IA está especialmente integrada à rotina dos consumidores mais jovens, muitos dos quais cresceram com ferramentas digitais presentes no dia a dia.
Diferenças regionais também se destacam. Na Índia, 67% dos entrevistados dizem usar assistentes de IA diariamente, seguidos por 50% na China e 46% no Brasil. Por outro lado, o uso é significativamente menor em partes da Europa.
Na França, 18% dos entrevistados declaram utilizar assistentes de IA com menos frequência do que uma vez por mês, e na Alemanha esse número é de 14%. Essas diferenças refletem uma combinação de fatores como infraestrutura, maturidade digital, preocupações com privacidade e atitudes culturais em relação à tecnologia.
O que os usuários mais valorizam: velocidade, criatividade e suporte que economiza tempo
Ao serem questionados sobre o que mais valorizam nos assistentes de IA, os usuários são claros: a velocidade é a prioridade. 61% afirmam que a característica mais útil é a capacidade de responder perguntas rapidamente. “Faz sentido: em vez de abrir um navegador e digitar uma busca, o usuário quer perguntar em voz alta e receber uma resposta imediata. Isso reduz atritos e torna as tarefas do dia a dia mais simples”, explica Luis Bosisio, diretor de brand da Kantar Brasil.
A geração de ideias criativas aparece como a segunda função mais valorizada, com 48%. Isso indica que os usuários veem a IA não apenas como uma ferramenta funcional, mas como uma parceira para ideação, brainstorming e criação de conteúdo. De sugestões de receitas a rascunhos de e-mails ou roteiros de viagem, as pessoas estão aproveitando o potencial criativo da IA.
“Consumidores valorizam IA que os ajuda a economizar tempo e pensar de forma criativa. Ferramentas rápidas, eficientes e inspiradoras têm o maior apelo”, diz Bosisio. “Ao desenvolver um assistente digital para varejo ou integrar IA ao seu aplicativo ou site, a marca deve focar em tornar as interações úteis e ágeis.”
O que os consumidores desejam dos assistentes de IA?
Com o crescimento dos assistentes de IA, os usuários querem ir além das tarefas simples. Eles desejam ferramentas que ajudem na tomada de decisões (45%), planejamento financeiro ou elaboração de orçamento (42%), otimização de viagens e roteiros (36%), e recomendações personalizadas de entretenimento (33%).
Curiosamente, as capacidades menos atraentes estão relacionadas ao suporte interpessoal—como ajudar em relacionamentos ou networking. “Isso mostra que, embora consumidores estejam abertos ao uso da IA para ajuda prática e logística, ainda há hesitação em confiar nela para tarefas emocionais ou sociais”, explica Bosisio. “Os usuários enxergam a IA como uma assistente útil, não como substituta das interações humanas.”
Ao analisar os dados por faixa etária, Boomers, em especial, dão grande ênfase à proteção de dados: 54% dizem que valorizariam ferramentas que monitoram ou protegem suas informações. Já os usuários mais jovens se interessam mais pela geração de conteúdo criativo e apoio à tomada de decisões. Por exemplo, 48% da Geração Z gostariam que a IA ajudasse a tomar melhores decisões, e 46% são atraídos pelo potencial criativo.
Bosisio lembra que as marcas devem comunicar claramente como os dados pessoais são usados e permitir que os usuários controlem suas configurações. “Transparência e privacidade são centrais para a confiança e adoção a longo prazo”, afirma o executivo.
Além disso, adaptar experiências por geração pode ser essencial. Enquanto usuários jovens buscam IA que aumente produtividade e criatividade, consumidores mais velhos valorizam privacidade e praticidade na gestão da vida. Entender as necessidades do público será fundamental ao projetar ou aprimorar recursos com IA.
O que isso significa para as marcas
Assistentes de IA estão amplamente presentes e integrados às rotinas digitais de milhões de consumidores globalmente. As pessoas querem assistentes rápidos, inteligentes e úteis—mas também respeitosos com seus dados e necessidades.
De acordo com a análise da Kantar, as marcas devem considerar os seguintes pontos:
“No fim, assistentes de IA deixaram de ser novidade: já fazem parte do cotidiano das pessoas, influenciando como vivem, pensam e interagem com marcas”, diz Bosisio. “Empresas que entendem isso e projetam pensando nesse cenário estarão mais aptas a conquistar confiança, lealdade e valor de longo prazo dos clientes.”
Sobre o estudo
O Connecting with the AI Consumer foi realizado online com mais de 10.000 consumidores em dez mercados globais (incluindo Austrália, Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Singapura, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos), entre 11 de abril e 2 de maio de 2025.
Quando o estudo menciona “assistentes de IA” se refere a qualquer ferramenta baseada em inteligência artificial que responda a comandos, automatize tarefas ou forneça recomendações e informações. Isso inclui assistentes de voz, chatbots, assistentes virtuais e ferramentas de compras orientadas por IA. Consideramos “usuários de assistente de IA” aqueles que utilizaram uma ou mais dessas ferramentas nos últimos meses. A Geração Z é definida como pessoas de 18 a 27 anos, Millennials de 28 a 43, Geração X de 44 a 59, e Boomers acima de 60 anos.
O estudo completo pode ser encontrado em: Connecting with the AI Consumer