Quarta-Feira, 03 de Setembro de 2025 @
Coloquei-me no lugar do anunciante para testar a acessibilidade do rádio. O resultado mostrou que, mesmo com botões chamativos nos sites, muitas vezes o retorno não acontece na velocidade que o mercado exige
Por que eu fiz essa experiência?
Antes de tudo, preciso reforçar: isso não é uma pesquisa científica ou um estudo oficial. É um teste prático, pessoal, motivado por uma preocupação real: será que o rádio está acessível para quem quer anunciar?
Muitas emissoras investem em um novo site, em um novo portal, colocam botões chamativos com “anuncie aqui”, mas será que esse canal funciona de fato? Será que um cliente que procura a rádio é atendido com a rapidez necessária?
Eu já passei pelo departamento comercial em diferentes momentos da minha carreira. Atuei como vendedor, participei do planejamento e gestão comercial quando fui sócio de uma emissora e sempre procurei quebrar aquele muro entre produto e vendas. Por isso, me sinto à vontade para trazer essa reflexão: se o rádio não responde rápido, o risco de perder verba publicitária é enorme.
Como foi o teste de cliente oculto?
Na prática, na segunda-feira, dia 18, às 8h45, enviei 23 e-mails para rádios de diferentes regiões do Brasil. Poucos minutos depois, por volta das 9h, enviei mensagens via WhatsApp para outras 23 rádios dessas mesmas regiões. No total, 46 emissoras participaram dessa experiência.
A proposta enviada era objetiva: solicitação de orçamento, número de inserções, período da campanha, CNPJ da empresa, explicação sobre o tipo de evento e até a informação de que o pagamento seria adiantado. Ou seja, bastava receber, calcular e responder.
Os resultados
O retorno por e-mail foi o seguinte:
-Até o meio-dia da mesma segunda-feira, 12 rádios responderam (53%).
-Até a quarta-feira, mais um retorno, somando 13 no total.
-10 rádios não deram nenhuma resposta.
No WhatsApp, os resultados foram mais preocupantes:
-Oito rádios responderam que encaminhariam a mensagem ao comercial.
-Apenas três realmente deram retorno com proposta até o domingo, dia 24.
Ou seja, pelo canal mais rápido e direto, a maioria das emissoras não respondeu.
O que isso revela?
Não se trata de questionar a eficiência individual dos executivos de vendas, mas sim a acessibilidade do processo comercial. Muitas vezes o problema está no canal:
-O e-mail realmente chega à pessoa certa?
-O WhatsApp da rádio é monitorado de forma eficiente?
-Existe um processo definido para encaminhar e responder propostas?
Enquanto isso, no digital, a lógica é outra: em três minutos é possível anunciar no Google ou Meta, escolhendo público, região e investimento. E o rádio, que já recebe uma fatia muito menor da verba publicitária em comparação à internet e à TV aberta , não pode se dar ao luxo de ser inacessível.
Segundo o Cenp-Meios 2024, o rádio recebeu apenas 4% da verba publicitária no Brasil – um dado que por si só já exige reflexão sobre a urgência de melhorar processos e garantir acessibilidade aos anunciantes.
Consultor de Marketing e Professor Universitário no Curso de Administração de Empresas. Formado em Administração com Pós em Planejamento e Gerenciamento Estratégico. Foi Diretor de Marketing e Artístico da Rádio Paiquerê FM 98.9 de Londrina, Gestor de Implantação da Rede Kairós FM, além de atuar como marketing nas Rádios Folha FM 102.1 e Igapó FM 104.5 (ambas em Londrina), com passagem pela coordenação da 98 FM 98.9 de Curitiba (Grupo GRPCOM), marketing da Rádio Banda B AM 550 FM 107.1 de Curitiba, gestão artística da Massa FM 97.7 de Curitiba e de São Paulo (FM 92.9), além de Head de Digital do Grupo Massa de Comunicação.