Quinta-Feira, 18 de Setembro de 2025 @
Fernando Morgado analisa dados da Ipsos Brasil e aponta consumo de mídia, atenção no tempo livre e fidelidade à radiodifusão
No recorte sobre o tempo livre, o que mais me chamou a atenção foi a constatação de que os brasileiros adultos, em média, dedicam 5% da vida a ouvir rádio e assistir TV. Pelas projeções da Ipsos, considerando a duração média da vida adulta, isso equivale a quase três anos, ou 1.051 dias. Em outras palavras, são mais de mil dias vividos em contato direto com rádio e TV.
Não é novidade que esses meios têm grande consumo; inúmeras pesquisas comprovam sua força, muitas das quais compartilho em artigos e posts. O impacto está em ver esse consumo traduzido em números absolutos, que ganham ainda mais relevância quando comparados a outras atividades.
Rádio e TV ocupam 5% da vida adulta: esporte e bem-estar, 4%; atividades religiosas, 2%; participação em eventos, 1%. Isso significa que gasta-se mais do que o dobro do tempo com rádio e TV em relação às missas e aos cultos, por exemplo, que são atividades centrais na vida de uma parcela importante da população.
O peso de rádio e TV na vida cotidiana
Essa quantificação mostra três aspectos fundamentais. Primeiro, rádio e TV são muito mais do que meios de informação e entretenimento: são parte essencial da vida cotidiana, com peso muito superior a diversas outras dimensões da experiência humana.
Segundo, esse dado é talvez a melhor tradução numérica do conceito de fidelidade do público em relação à radiodifusão. Trata-se de um vínculo sólido, construído ao longo de gerações. Ele aparece em hábitos que atravessam a rotina, dos deslocamentos matinais ao descanso noturno. Essa constância não se apoia em modismos tecnológicos, mas em atributos que outras pesquisas já apontaram, como companheirismo e confiança.
Terceiro, evidencia-se a importância de considerar o tempo como um valioso indicador de desempenho, como abordei em artigo recente. Produtores de conteúdo, agências de publicidade e anunciantes muitas vezes negligenciam essa métrica, desperdiçando oportunidades de elaborar conteúdos e planos de mídia mais eficientes.
É fundamental, portanto, que radialistas e radiodifusores lembrem-se sempre da importância que seus trabalhos têm na existência das pessoas. Rádio e TV não apenas ocupam uma parcela significativa do tempo dos brasileiros, mas influenciam escolhas de consumo, hábitos e, sobretudo, o modo como os indivíduos decidem usar aquilo que possuem de mais valioso: a própria vida.