Domingo, 12 de Outubro de 2025 @
Rádios fortes formam ouvintes fiéis e profissionais dedicados ao nosso meio. E a Transamérica teve esse papel especial na minha formação
Lá pelo final dos anos 80 e começo dos anos 90, quando eu tinha entre 5 e 6 anos de idade, eu já gostava de rádio, influenciado pelo meu pai e pelo meu avô paterno. Morava em Mogi Mirim, interior de São Paulo, e costumava ouvir e gravar emissoras como a Educadora FM de Campinas e a Nova Onda FM de Mogi Guaçu. Porém, numa viagem de excursão para o Parque da Mônica, em São Paulo, enquanto o motorista do nosso ônibus entrava na capital, ouvimos um “Rede Transamérica Buum”. O que seria isso? No visor do rádio estava 100.1 FM.
Bem, procurei saber mais e descobri uma rádio descontraída, com uma comunicação poderosa e uma programação que me cativou. E fui descobrindo em partes: fui visitar parentes em São José dos Campos e descobri que meus primos ouviam a rádio, inclusive quando jogavam videogame, sintonizados em 91.5 FM. Fui para Ribeirão Preto e descobri essa mesma rádio em 92.3 FM. Depois, na volta para Mogi Mirim, ouvi ela no caminho em 96.7 FM por Poços de Caldas e também em 97.1 FM de Piracicaba. Essas duas afiliadas pegavam num ponto da estrada Mogi Mirim–Mogi Guaçu, testando a paciência dos meus pais com a chiadeira. Pior ainda quando descobri que a 100.1 FM propagava no rádio do carro no meu bairro, em Mogi.
Em dezembro de 1994, minha família se mudou para Curitiba. Por lá, a 100.3 FM era poderosa na cidade. Aí não tive chance de escapar, estava fascinado. Participei de Transpedágios, fiz trabalho sobre a Rede Transamérica na feira de ciências da escola, decorei as frequências das afiliadas da rede com ajuda do Jabá Nacional e campanhas publicitárias em revistas, e colecionei adesivos.
E, é claro, a Transamérica acabou sendo a porta de entrada para um mundo ainda mais amplo, onde conheci, passei a respeitar e gostar de suas concorrentes (na época, a briga com a Jovem Pan 2 era parecida com rivalidade de futebol), tive outros olhos para as minhas formadoras Educadora FM e Nova Onda, passando a abrir terreno para as rádios populares, jornalísticas e projetos que vieram a seguir, me levando a criar esse portal de notícias/agregador de rádios em 2001, com 15 anos de idade.
Isso tudo é para destacar que rádios fortes formam audiências apaixonadas. E, a partir disso, saem todos os tipos de pessoas que vão contribuir de alguma forma para o nosso rádio: ouvintes fiéis, profissionais que querem falar no ar ou atuar em algum setor das emissoras, vão se interessar pela parte técnica ou, como eu, vão participar do ecossistema rádio de outras formas, criando canais, empresas, serviços etc., voltados ao rádio.
Por isso, não é exagero dizer que a Transamérica foi fundamental para a existência do tudoradio.com. E, por isso, eu preciso agradecer a todas as pessoas que passaram por essa emissora, com um carinho especial ao pessoal do artístico (gestores, locutores etc.) e do marketing. Não vou nomear todos, porque seria injusto se eu esquecesse alguém, mas gostaria que um, em especial, representasse toda essa galera: Lui Riveglini, que, no ar, me chamava a atenção e, pessoalmente, já em outra rede, abriu espaços para que o tudoradio.com fosse visto como um canal profissional.
E, como uma pessoa que respira rádio diariamente e conhece os profissionais que sustentam o nosso meio, estou curioso e esperançoso pela TMC. Os responsáveis por essa virada são os mesmos nomes que já provaram inúmeras vezes que sabem fazer rádio e ajudam diretamente a fortalecer o nosso meio. E, como o rádio é algo feito por pessoas para pessoas, passo a acompanhar essa nova fase dessas FMs icônicas com a esperança de que será mais uma etapa de criação de uma nova marca forte no dial, que, consequentemente, irá impactar positivamente mais pessoas daqui pra frente.
Alguns dos adesivos da Transamérica que ainda estão numa escrivaninha que fica na casa dos meus pais / tudoradio.com