Diz aí | O rádio e a tradição do futebol brasileiro: cobertura e paixão regional na mídia esportiva

Hoje, apesar da presença de uma tecnologia extremamente avançada, as transmissões de rádio seguem com a sua importância. Para muitos, acompanhar suas partidas e seleções de futebol preferidas via rádio é uma experiência única e nostálgica. Além disso, é possível acompanhar a rádio em qualquer contexto, seja no carro, ônibus, em casa, no trabalho ou até mesmo aproveitando numa mesa de bar. 

O som do futebol — quando o rádio virou parte da torcida

A relação entre a rádio e o futebol é de longa data. Foi em 19 de julho de 1931 que aconteceu o momento histórico que faria com que o amistoso entre as seleções do estado de São Paulo e do Paraná nunca caísse no esquecimento. Pela locução de Nicolau Tuma, jornalista, radialista e político brasileiro, foi possível acompanhar, pela primeira vez na história do Brasil, lance a lance de um jogo pela rádio. 

O rádio mudou, sem dúvidas, a forma como o brasileiro enxerga as partidas de futebol. Acompanhar os melhores jogos passou a ser uma atividade ainda mais presente na vida da população. Nas ruas, as pessoas sempre estão ligadas na internet, na TV e na rádio para acompanhar cada momento de emoção e adrenalina. 

Enquanto buscam pelas melhores casas de apostas, camisas da seleção e até mesmo um bar para se acomodar, as pessoas já se preparam abrindo a melhor rádio que encontram. Para aqueles que amam o esporte, acompanhar uma locução de uma partida de futebol é sempre um momento marcante. 

O rádio no dia a dia da população: mais presente que nunca

É comum cometer o equívoco de pensar que a população brasileira está abandonando o hábito de consumir rádio e conteúdos de áudio. No entanto, na prática, o que acontece é muito diferente disso. O Inside Áudio 2024, divulgado pelo Kantar IBOPE Media, trouxe dados do Target Group Index TG BR 2024 R1 que revelam que 91% dos brasileiros consomem algum formato de áudio em seu dia a dia.

A rádio se mostra presente nesse meio, sendo o principal fornecedor de áudios consumidos. Essa pesquisa da Kantar IBOPE Media também revelou que 79% da população ouve rádio. A dedicação diária da população a essa rede de informação é de quase 4 horas. Além disso, 69% dos ouvintes confessaram gostar desse meio por compartilhar informações locais. 

A transformação do jornalismo esportivo por meio do rádio 

Hoje a narração do futebol é muito mais intensa do que foi há anos atrás. Atualmente, acompanhar seu time favorito, ficar por dentro das novidades, saber o que acontece nos amistosos locais e se informar sobre as maiores competições é muito simples. Todo tipo de informação a respeito do esporte pode ser encontrada com um clique. 

São inúmeras formas de se começar a acompanhar o esporte. Isso facilita a vida de quem gosta de escolher a forma preferida. No entanto, é importante sempre estar cientes que a rádio surge como pioneira nesse tipo de cobertura. Eles seguem se destacando, com debates, opiniões e narrações em tempo real das principais partidas. 

Conforme os anos passaram, claro, a rádio sofreu mudanças variadas. Apesar disso, seguiram divulgando de forma clara e profissional todos os eventos esportivos de interesse público. Ao longo dos anos, eles se adaptaram a redações mais interativas, narrações emocionantes e análises em tempo real. Tudo para atender ao público da melhor forma. 

O impacto econômico das transmissões esportivas

Quando falamos de publicidade, patrocínios e novos modelos de receita a rádio não fica de fora. Diversas marcas, plataformas e até mesmo sites de futebol e apostas esportivas patrocinam as transmissões. Além disso, a própria rádio por vezes atua como promotora de seleções e times. 

O rádio esportivo é tido como um dos segmentos mais estáveis da receita publicitária. Não existe uma estimativa para quando a população vai deixar de se interessar por futebol. Com isso, a rádio segue tendo seu espaço no mercado garantido enquanto fornece boas narrações e uma transmissão de alta qualidade. 

O futuro do rádio esportivo brasileiro

Novas ferramentas: transmissões simultâneas em vídeo, redes sociais integradas e aplicativos móveis estão sendo vinculados às redes de rádio. Conforme os anos passam e a tecnologia avança, as rádios precisam se reinventar. Por isso, aderem cada vez mais às novidades do mercado. 

A rede que antes era local, agora é globalizada graças a criação de sites coletivos, redes colaborativas e plataformas de streaming. Informações de todo o país podem ser obtidas facilmente ao ligar na rádio e acompanhar os melhores momentos. 

Apesar da presença de concorrentes, como o YouTube e podcasts, a rádio segue firme. Não há previsão para o seu enfraquecimento. Muito pelo contrário, aqueles que gostam dessa rede de comunicação são fiéis a ela e tendem a se manter informados na rádio sempre, seja se tratando de futebol ou qualquer outro assunto. 

Enquanto houver futebol no Brasil, haverá um rádio ligado em algum canto do país. Ele será responsável por narrar, emocionar e unir vozes sob um mesmo grito de gol. Assim, uma paixão em comum poderá ser cultivada permanentemente. 

* Por Sandro Maciel - jornalista - linkarme