Quarta-Feira, 15 de Fevereiro de 2012 @ 00:00
O Tudo Rádio publica mais uma entrevista com um importante nome do rádio paulistano. Serginho Caffe, locutor com passagens por várias estações de rádio de São Paulo, conta um pouco sobre sua trajetória pela antiga Bandeirantes FM, Cidade, Nativa, BandNews, Antena 1, Manchete, entre outras. Acompanhe o papo do radialista com o Carlos Massaro, jornalista do Tudo Rádio.com. Boa leitura!
Serginho, vamos começar nossas entrevista com as perguntas básicas: Como, quando e onde você começou no rádio?
Comecei em 1983, minha primeira emissora foi a Metropolitana FM em São Paulo, era uma rádio jovem e com programação Rádio Hits.
Antes de começar no rádio, você tinha algum ídolo? Você se espelhou em alguém?
Eu era fã dos apresentadores americanos, das rádios gringas e a Bandeirantes FM, dava a liberdade para que todos pudessem criar sua própria personalidade.
Você é de São Paulo, né? Quais eram suas rádios preferidas antes de começar a atuar no meio?
Sem dúvida nenhuma, a Bandeirantes FM, 96.1 Mhz de São Paulo, era a minha rádio preferida...tocava uma programação alternativa, Black Music, com muitos lançamentos e novidades...além dos DJs e casas noturnas da época.
No final de 1983, fui chamado por Toni Lovato, que trabalhava sob a batuta do grande Cayon Jorge Gadia a trabalhar na lendária Bandeirantes FM de SP e assim, meu sonho estava realizado...trabalhar entre as feras do rádio FM e de quebra, conhecer os grandes da comunicação do Rádio AM e TV do Grupo Bandeirantes de Comunicação.
Você passou por grandes rádios da capital paulista. Qual é o segredo desse grande sucesso?
Tive a sorte de trabalhar em uma época de ouro do Rádio de São Paulo e do Brasil.
Eram grandes emissoras de Rádio, com grandes profissionais tanto na parte administrativa, quanto na artística.
Eles sabiam valorizar os bons apresentadores, e com isso, o rádio que já era moderno, dinâmico também ficou muito competitivo.
Na década de 80, você integrou a equipe da Rádio Bandeirantes, que tinha profissionais que hoje fazem grande sucesso, como Emílio Surita, entre muitos outros. Como foi essa época?
Nos anos 80, a Bandeirantes FM, tinha profissionais como: Edmir Rabello, Pablo Pablo, Cesar Filho, Cesar Foffá, Emilio Surita, Carlos Raci, Edi Blau Blau e tantos outros...
Foi uma dádiva trabalhar com essa equipe, muitos começando com a gente, eu era o mascote da equipe...
Naquela época, a Bandeirantes FM já fazia um estilo de programação que hoje conhecemos como pop/jovem. A Bandeirantes foi uma das precursoras desse estilo né?
Nunca existiu uma rádio tão independente quanto a Bandeirantes FM, a gravadora pedia para lançar uma música do disco tal do artista tal e a direção da Bandeirantes decidia lançar uma outra, contrariamente a todas as rádios que seguiam a orientação da gravadora...resultado...as músicas que escolhíamos era a que fazia o grande sucesso e todas as outras começavam a nos seguir.
Tínhamos um público jovem, devido aos lançamentos e aos DJs que as 10 da noite tinham espaço garantido nos 96,1 através do programa “Estúdio 96”. Era a grande oportunidade de divulgar as danceterias da época: Overnight, Broadway, Contramão, Toco, Emerald Hill, Pop Corn, Chic Show e tantas outras.
Além da Bandeirantes FM, que hoje é a Band FM, você também atuou pela Cidade FM e pela Nova FM Record, que foram duas rádios que deixaram saudades até hoje. Você também sente saudades dessas rádios?
Fui trabalhar na Rádio Cidade 96,9, a convite do grande coordenador e mestre, Luiz Fernando Magliocca, isso aconteceu em 1986.
Eu tinha acabado de receber um convite para trabalhar na Joven Pan 2, também em Sampa, através do amigo e irmão Arnaldo Saccomani, mas a proposta salarial da Cidade era duas vezes maior.
A Cidade era considerada a Rádio Hits da época, tocava de tudo, tinha o melhor som do dial paulistano sem dúvida nenhuma...
Tive a sorte de participar de outra revolução do rádio do Brasil, a Nova FM Record, que trazia pela primeira vez, o estilo House Music ao país, e seguia o exemplo deixado pela Bandeirantes FM dos anos 80, tocava os lançamentos e as versões em 12 polegadas.
Era também uma rádio baileira.
Não tínhamos equipamentos de última geração, era tudo muito rudimentar, mas a garra e vontade de fazer uma rádio de pista, fez da Nova FM Record um sucesso entre os jovens.
Fomos inclusive tema de uma matéria da MTV, com Zeca Camargo na época de seu sucesso.
Eu apresentava e produzia a versão brasileira de um programa sensacional, que vinha dos Eua, era o “American Dance Traxx” as 25 músicas mais tocadas nos States.
Ainda citando a Cidade FM e a Nova FM Record, as duas foram rádios de estilos completamente distintos, além de você também ter atuado pela Antena 1. Em qual dos estilos você se encaixou mais, que você gostou mais de fazer?
A Rádio Antena 1 que trabalhei também nos anos 80, sob a coordenação da dupla dinâmica Toni Lovato e Cayon Gadia, era uma rádio jovem, que os apresentadores falavam, não eram mudos como hoje em dia...a rádio era lançadora, tinha vinhetas produzidas na JAM dos Eua...tinha uma plástica muito boa, o estúdio na Consolação era ao estilo das rádios FM que ficam a beira da estrada nos Eua...não era bonito mas era muito funcional...
Também trabalhei na Rádio Manchete FM, por duas vezes...gostei desta frequência...91,3...fazia parte de uma equipe bem legal...foi uma época em que o samba de raiz era o grande sucesso.
Chegamos ao primeiro Lugar no Ibope.
Fui locutor na Gazeta FM por 8 anos com meu amigo e irmão Beto Rivera, deixei muitos amigos por lá também.
Queria ressaltar a minha alegria em participar da inauguração da Rádio Nativa FM – O amor de São Paulo que durante os 4 anos em que trabalhei por lá, foi a emissora mais importante do dial paulista, a mais popular entre os artistas e ouvintes, foi um fenômeno, mas sem nada a ver com a emissora que hoje leva o mesmo nome.
Além do rádio, você também teve uma passagem de muito sucesso na TV. O Kliptonita foi criação sua? Qual foi o período que ele esteve na TV e qual foi o motivo de ele ter acabado?
Minha história na TV, começou lá nos anos 80...eu fui um dos precursores em programas de vídeo clipes no Brasil.
Apresentei o programa “Sucessos do Rádio” na Rede Bandeirantes de Televisão com o grande diretor Allan Kardec, depois fui chamado por Marcos Zago para apresentar o programa líder do segmento de vídeo clipes no país, o “Super Special” também na TV Bandeirantes...tudo começou aí...
Em 1991, apresentei o projeto “Kliptonita” ao chefão e da Rede Record de Televisão, Eduardo Lafon, que aceitou de pronto e colocou o programa na grade de programação ao vivo diariamente as 13 horas...foi meu maior projeto, e sem dúvida o maior sucesso na TV neste segmento...o programa tinha 6 pontos de média e 8 de pico no Ibope.
Ficamos no ar por 2 anos.
Eu deixei o programa, após uma série de cortes que a direção da Record resolveu fazer em vários programas da casa, incluindo o meu...
Me lembro que além de mim, Otavio Mesquita e Ronnie Von também deixaram seus programas, por causa desses cortes de verba e de tempo de edição.
Na época a Igreja Universal estava abrindo 4 igrejas por dia...
O programa ficou no ar por poucos meses, com outro apresentador e após a audiência cair assustadoramente, saiu do ar definitivamente.
Não existia mais a mesma direção artística e o programa havia se tornado um mero distribuidor de prêmios.
Voltando ao rádio, nos últimos tempos você mostrou seu lado versátil trabalhando pela BandNews FM, uma rádio voltada só ao noticiário. Como foi essa experiência?
Foram 3 anos e 7 meses na BandNews FM. Francamente me decepcionei com os jornalistas da emissora, a falta de integração e ambiente é fator determinante para o sucesso ou fracasso de um grupo.
A liderança se faz por competência e não por imposição.
Mas, não estou decepcionado com o Jornalismo, não descarto voltar a trabalhar nesse segmento, porém o item principal para minha decisão será, um local de respeito ao radialista e principalmente ao ser humano.
Você deixou a BandNews FM há pouco tempo. Você tem algum projeto para voltar ao rádio?
Nesse momento estou envolvido com projetos empresariais e de Rádio para a Internet. Também faço assessoria para emissoras.
Produzo em meu estúdio e locução para estúdios diversos.
Claro que aceitaria voltar ao rádio convencional se fosse uma proposta séria, vinda de uma pessoa do meio, apaixonada pelo rádio como eu.
Sempre fui um apresentador competitivo... e atualizado.
Portanto, tô na estrada.
Gostaria de agradecer pela entrevista em nome de toda a equipe do Tudo Rádio.com e peço também para que deixe uma mensagem aos nossos leitores. Grande abraço!
Eu que agradeço a você Carlos, por esse espaço, desejo um 2012 cheio de desafios aos novos radialistas e muito mais oportunidades aos mais experientes da “latinha”, que tem muito a contribuir com esse mercado que hoje esta integrado a internet, e a interatividade.
“Não tentem reiventar a roda, vejam o que fizemos no passado, aprendam com nossos erros e acertos e busquem o futuro, com muita garra, paixão e dedicação, a tecnologia muda, mas o ouvinte é sempre o mesmo, então não esqueça da empatia com ele”
Continuo aqui, “No ar em todo lugar”.
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.