Quinta-Feira, 03 de Maio de 2012 @ 00:00
O Tudo Rádio inicia mais uma série de entrevistas com nomes do rádio. Hoje o entrevistado é Gleyson Lage, produtor e radialista de Belo Horizonte responsável por trabalhos em rádios como 98 FM, Itatiaia BH FM, Mix FM, entre outras. Gleyson também atua pela Galla Produções, responsável por plásticas de diferentes rádios brasileiras. Emissoras como a 98 FM de Curitiba e a Jovem Pan 2 de São Paulo também contam com seus trabalhos. Acompanhe esse bate-papo:
Vamos começar do início. Como e onde foi que começou a despertar o interesse pelo rádio?
Não sei exatamente quando começou. O fato é que tudo que me lembro da minha infância tem rádio no meio. Desde criança minha paixão pelo rádio fazia com que eu saísse da realidade. Era comum fazer coisas inusitadas e até cômicas para conseguir ouvir rádio. Em Itabira, minha cidade natal, a sintonia era bem difícil, então eu ia pra bairros mais altos da cidade para sintonizar as rádios de BH , pra ouvir músicas e principalmente os locutores(sim eu gostava muito mais dos locutores e vinhetas do que das músicas) rs. Me amarrava em ficar gravando locutores e vinhetas o dia todo. Estas "audições" foram como um ensino primário no rádio. Ao ouvir, ouvia sempre com outros ouvidos, ou seja, sempre pensando em como eram criadas todas aquelas coisas e a vontade de fazer igual.
Nessas audições das rádios, o que mais chamava a sua atenção?
As vinhetas com certeza, não sabia bem o que era, achava que era, sei lá...um comercial da radio?! (risos) Mas eram as vinhetas e os locutores. Nas minhas fitas das gravações de rádio só tinha gente falando....Enquanto outros gravavam fitas com músicas, minhas fitas continham chamadas, locuções e vinhetas.
Com todo esse interesse, com quantos anos você começou no rádio e como foi esse início?
Uma vez falei tanto na cabeça do meu pai que ele foi comigo na rádio pra pedir emprego, nessa época eu tinha uns 7 anos, obviamente me acharam que eu era novo demais e que meu pai era louco (coitado, deve ter me levado só pra ficar livre rs). Mas acabou que depois das minhas piolhagens na rádio acabaram me dando serviço. Trabalho em rádio desde os 13 anos. Meu maior interesse era rádio, e, devido a constantes visitas na rádio Pontal de Itabira, foi lá meu primeiro emprego: office-boy. Lembro que uma vez (nessa época eu não era contratado) o dono da rádio me deu vinte reais pra "curtir" o carnaval e eu achei o máximo, afinal não entrava na minha cabeça ganhar dinheiro pra estar ali, eu achava que quem tinha que pagar era eu.
Normalmente, quando uma pessoa começa jovem assim, ela se inspira em algum profissional. Em qual ou quais você mais se inspirou?
Com o passar do tempo eu fui notando os caras que eu mais me identificava. Os locutores eu guardava os nomes: Marquinho (era da JPBH e hoje trabalha comigo na BHFM) Bortoni (também da Pan BH, hoje em dia parceirasso) Windson Clay, Marcelo Café, Lui Riveglini, Rod Becker, Marcelo Pera e Gilbert da 98FM BH (trabalham comigo hoje em dia também) Beto Keller, Sandro Anderson, Julinho Mazzei, Henrique do Valle, Domenico Gatto, Banana, Eric Santos (89 rádio rock) Emilio, Waguinho...
No ar ou gravando chamadas ou vinhetas esses caras eram minhas referências. Pra produção eu curtia especialmente as coisas que o Lalá Moreira fazia, o Alex Hunt é um cara que tem uma pegada de edição diferente que me ensinou muito também, mas tem muita coisa em que me inspirei que nem sei quem editou.
E como foi que você começou a fazer produções?
Nada melhor para um ouvinte adolescente viciado e apaixonado por rádio do que trabalhar estando em contato com locutores e produtores. Por ser interessado, fui aprendendo como funcionava cada coisa na rádio. Ficava de olho em tudo e acabava aprendendo. Minha formação no rádio deu-se bem desta maneira, aprendendo já na prática e na observação atenta.
Lembro que um dia (eu ainda era office boy) eu fui escondido pra rádio num Sábado a tarde, pensei num vinhetão e fui lá tentar montar. Estabanado como sempre fui, me cortei na hora de editar no gravador de rolo e deixei o estúdio todo cheio de sangue. Na Segunda Feira tive que assumir o ato daí enquanto limpava a sujeira pedi pro dono uma “moralzinha” pra trabalhar na edição. Ele tava bravo e nem respondeu mas dias depois deixou.
Daí em diante, nos anos seguintes virei operador, comecei a fazer locução e por último produção.
Por quanto tempo você permaneceu nesta rádio?
Bom, trabalhando mesmo 7 anos. Mas desde que comecei a ir lá foram 9 anos.
O sonho de todo radialista que começa em rádio no interior é chegar a uma rádio na capital. No seu caso, era Belo Horizonte. Como foi administrar essa vontade?
Eu tinha muita vontade de trabalhar em BH, mas durante muito tempo eu tinha uma TV por assinatura que ficava ligada somente no rádio (sentiu o nível de loucura? Risos) então ouvia só rádios de São Paulo, tinha mais vontade de ir pra lá mas achava um sonho meio distante. Já em BH parecia mais possivel. Conheci algumas pessoas aqui e algumas oportunidades foram aparecendo.
Eu produzia algumas coisas mas tinha vergonha de mostrar, um dia fui na JP e conheci um produtor, Leandro Cleto ele curtiu pra caramba, nós trocamos contatos e eu acabei vendo que o que eu produzia não era tão ruim assim. O Bortoni que já era locutor na Pan essa época também curtiu meu trabalho e dai ele ficava me indicando pra tudo que é lugar.... rsrs (Ele faz isso até hoje) Risos.
E em qual rádio que você começou seu trabalho em BH e com quantos anos?
Isso foi uma confusão, vim pra BH pra trabalhar na rádio Globo ou na OiFm e acabei indo pra Itatiaia. Eu tinha 20 anos.
Depois da Itatiaia, você foi para a 98 FM né? Como foi sua ida para lá?
O ano de 2006 começou com grandes mudanças para a 98fm com a entrada do Jonas Vilandez. Liguei um dia pra rádio pedi pra falar com ele e fui surpreendido pois ele atendeu. Fui lá levar um CD com produções e pra minha surpresa ele me ligou e acabou me contratando.
Você entrou como produtor lá, certo? Como foi que chegou a locutor?
Entrei como produtor e teria que ficar na operação da mesa uma madrugada por fim de semana. Como já tinha feito locução falei com o Jonas, ele pediu um piloto e acabou rolando de fazer locução também.
Você chegou a apresentar programas conhecidos na 98 FM, como 98 Decibéis e o Radiola. Como foi esse período?
Isso já foi mais tarde. Um tempo depois das locuções de madrugada nos fins de semana eu comecei a fazer as folgas nos outros horários. Em 2007 o Dudu assumiu a coordenação artistica e conversou comigo pra fazer locução de uma as cinco da tarde. Já tinha o 98 Decibeis. Porém o Radiola estreou em 2008.
Por quanto tempo você ficou na 98 FM?
Na minha primeira passagem pela 98 fiquei quatro anos.
Além da 98 FM, você também atuou pela afiliada da Mix FM em BH. Essa passagem pela Mix, como foi?
Foi bacana, aprendi bastante coisa principalmente no quesito “talk shows”. O Felipão que era coordenador da rádio me convidou porque queria colocar um talk show local. O Café Comédia ficou no ar um ano e posso dizer que a partir daí eu mudei muito meu estilo de fazer locução.
No ano passado, você foi para a BH FM. Como é o trabalho nesta emissora?
Na BHFM eu fui a convite da Micheline para fazer férias de um produtor e acabei sendo contratado depois para a Produção executiva. É um trabalho um pouco diferente também pois gravo as notas de jornalismo. Mudamos agora toda a plastica da rádio e tá sendo o maior barato. O Windson Clay agora é voz padrão lá também. Estamos trabalhando a parte artistica da BHFM como um elemento competitivo e está ficando muito legal. Estou satisfeito mas ainda tem muitas ideias pra colocar em prática.
Após a sua saída da Mix, você voltou à 98 FM. Quais programas você está trabalhando?
Voltei pra 98 pra fazer somente o Central 98, um programa no Sábado a tarde com o que de melhor aconteceu na rádio durante a semana. Uns três meses depois me chamaram pra apresentar o Silicone Show, Talk show que está no ar desde 2006 e que eu ajudei a produzir nesta época. Estou junto com meu Brother Pedro Seixas e com Nayla Brizard que é uma artísta sensacional. O programa está tendo uma resposta muito legal e eu tô me amarrando em fazer.
Além do trabalho direto nas rádios, você também tem uma produtora, a Galla Produções. Como é esse trabalho paralelo que você faz? Quais são as rádios que você produz?
Com a Galla Produções eu busco dar um suporte pra rádios. Desenvolvemos produtos exclusivos, e atendemos as necessidades de emissoras de qualquer lugar do mundo. È muito legal porque você consegue vivenciar o dia a dia de várias rádios ao mesmo tempo. Não atendemos o cliente de forma superficial procuramos antes aprofundar e entender a realidade da rádio pra entregar uma produção que realmente sirva como um diferencial no mercado em que ele está. Além da BHFM já produzimos várias coisas para a 98Fm de Curitiba. No mês passado fizemos várias coisas pra Jovem Pan São Paulo. Na verdade começamos a produzir pro pessoal da Pan em Fevereiro, fizemos um vinhetão de Carnaval, depois veio a plastica do programa Rock n´Pop Jovem Pan e fizemos também o Vinhetão Upgrade da Pan. Mas sempre tem um trabalho diferente pra fazer. Agora por exemplo estava produzindo uma chamada promocional para a Colonial FM, tem um vinhetão para a 98 de Montes Claros pra escrever daqui a pouco e por aí vai...
Quais são suas inspirações hoje para suas criações? Em quais rádios você se influencia?
Hoje em dia separo minhas influencias por estilo:
A Fresh 102.7 e a Lite de NY me inspiram pra rádios mais adultas. A Kiis, Z100 e principalmente a NRJ me inspiram pra rádios pop ou populares. E a Star 98, Kroq, Live 105 que são rádios Alternative Rock me inspiram pra produções com uma pegada um pouco diferente mas que eu gosto bastante.
Depois de toda essa história no rádio, como você analisa a criação de uma plástica, que é uma identidade da rádio?
Eu acredito que criar é um processo constante, que vai muito além de um perído estipulado de serviço. Envolve paixão pelo trabalho e grande vontade de criar.
A todo momento estou atento ao que está à minha volta, sempre anotando idéias para usar no rádio. Só pra você ter uma ideia eu durmo com um caderno por perto. sempre anoto umas coisas que depois viram vinhetões ou algo do tipo.
Acho que a plastica é a embalagem da rádio, o que faz a rádio parecer mais bonita ou atraente pro público. A concorrencia no rádio é um jogo em que ganha aquele que se apercebe dos detalhes e a plastica pode ser o mais importante deles.
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.