Vamos conversar com o locutor e apresentador da Rádio Bandeirantes AM 840 FM 90.9 de São Paulo, Walker Blaz Canonici. Confira!
Começamos o mês de junho publicando a entrevista com uma das vozes mais conhecidas do rádio brasileiro. O locutor e apresentador da Rádio Bandeirantes AM 840 FM 90.9 de São Paulo, Walker Blaz Canonici, fala um pouco de sua carreira no rádio, desde o início até os trabalhos que desenvolve atualmente. Confira.
Walker, primeiramente, é um prazer enorme tê-lo como entrevistado do Tudo Rádio. Vamos começar a entrevista com uma pergunta básica. Como foi o início de sua carreira no rádio? Onde e como começou?
A primeira vez foi em 1967. Escrevi e li um editorial, sobre a vida estudantil dos alunos do Instituto de Educação Barão do Rio Branco, de Catanduva. Eram estudantes do Científico, Clássico e Normal, reunidos em um projeto cultural, aprovado pela direção da Rádio Difusora que concedeu duas horas de sua programação, aos sábados. O nome era Estudantada.
Antes de começar no rádio, você trabalhou em outra coisa? Alguém te incentivou a trabalhar no rádio ou te desestimulou?
Antes do rádio, fui secretário em dois escritórios de advocacia. Comecei a trabalhar com 11 anos de idade. Foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Trabalhar e estudar é a fórmula mais perfeita que existe. Você valoriza o trabalho e constrói um caráter sólido, além de traçar um caminho com objetividade. E ainda sobrava tempo para o futebol. O rádio surgiu sem querer, com a leitura daquele editorial. O timbre de voz já era grave, desde os 12 anos. Assim que terminei a leitura, o gerente quis falar comigo. A equipe toda foi até a sala dele e lá surgiu o convite para trabalhar na Difusora. Meu pai foi contra. Mas, como o gerente era amigão dele, após muita conversa e quase seis meses depois, meu pai cedeu.
Você teve outras passagens por rádios no interior de São Paulo?
Trabalhei na Difusora por um ano, quando surgiu o convite da Rádio Ribeirão Preto, conhecida como “79”. Salário triplicado e bolsa de estudo no Cesar Lattes, para Medicina. Mesmo assim, meu pai jogou a bola para mim: “Você é quem sabe!” Em Ribeirão Preto, aprendi muito. A escola é muito forte, com um nível acima do normal. Fiquei quatro anos, trabalhando e estudando. Acabei fazendo Propaganda e Marketing.
Como e quando foi que você começou a trabalhar em São Paulo?
Aprendi tudo que podia e precisava caminhar e subir um pouco mais. No final de 1974, surge uma oportunidade para um teste na Rádio Bandeirantes. Muito difícil. Eram três laudas com notícias internacionais. Nomes de estadistas do mundo todo: russos, alemães, italianos, franceses, americanos, israelenses, árabes, espanhóis, iugoslavos, romenos, suíços, tchecos, africanos... Uma loucura! Fiz o melhor que pude. Peguei o texto, fui até o banheiro, usei o tempo todo apenas para fixar as pronúncias e entrei no estúdio, na maior concentração da minha vida. Aprovado com louvor!
Quando você começou a trabalhar pela Rádio Bandeirantes e qual foi a primeira função que desempenhou por lá?
Minha caminhada na Bandeirantes foi no início de janeiro de 1975. A jornada começava às 23h30 com o Jornal de Amanhã. Depois, escrevia e apresentava os boletins da madrugada de O Mundo Inteiro e Você e terminava com a participação no Jornal Primeira Hora.
Sua voz é muito conhecida. Muitos dos fãs do rádio se lembram da fase em que você era a voz padrão da Transamérica FM na década de 90 e nos anos 2000. Como foi essa época para você? Não é muito comum você colocar a voz em uma rádio dita “jovem”, né?
A Transamérica foi um momento importante na caminhada. As emissoras americanas – quase todas – contavam com vozes graves padronizando suas programações. Por aqui, não se pensava nisso, embora fosse uma idéia superinteressante fazer o contraste do grave nos prefixos e vinhetas. E deu tão certo que ficou na história.
Além das rádios já citadas, você trabalhou ou emprestou sua voz para outras emissoras na capital paulista?
Em 1976, trabalhei na Excelsior FM. Na Rede Capital, desde o início de sua formação, em 1978. Nesse projeto jornalístico participei do Jornal 360 Graus e apresentei o programa Capital Cidade Aberta. Em 1986, fui contratado pela agência de publicidade da Varig para apresentar um projeto jornalístico, transformado no programa “Varig e Você, Juntos na Noite”, com duas horas de duração, através das ondas da Rádio Gazeta. Nessa mesma época, apresentei o programa Os Bairros na São Paulo, pela Rádio São Paulo. No final dos anos 90 e início de 2000, também tive outra participação jornalística, na Ômega FM.
Você também atua por canais de TV por assinatura. Quais são esses canais?
WB – HBO Latin America Group.
Além desses trabalhos, o que mais você tem feito? Sua voz também é muito ouvida em comerciais de TV. Você conta com estúdio próprio?
Tenho realizado trabalhos para o mercado publicitário. Uma campanha recente foi a do Burger King, com o lançamento do Whooper Furioso. Também tenho atuado no mercado de filmes, com os lançamentos da Fox/Warner. Grande parte dos trabalhos que faço são realizados em estúdios profissionais do mercado. Somente em raríssimas emergências utilizo meu home studio.
Comentários na Internet dão conta de que você teria deixado de ser a voz padrão da Rádio Bandeirantes. Isso é verdade? Como está sua situação na emissora?
Deixei de fazer o trabalho de chamadas para a Rede Bandeirantes de Televisão. Na Rádio Bandeirantes, continuo apresentando o Jornal Primeira Hora, gravando os editoriais e sendo a voz padrão da emissora.
Gostaríamos de saber sua opinião sobre o futuro do rádio no Brasil.
A tecnologia multiplicou as possibilidades para os conteúdos. A rapidez dessa diversificação da mídia deixa qualquer um perplexo, mas não será o fim do rádio. Ele também pode se beneficiar nessas novas alternativas. Mais uma vez, como em outras épocas – quando surgiu a televisão – a criatividade levará a um novo reposicionamento do rádio e a uma reformulação necessária para continuar sendo a magia da comunicação. Magia que sempre atravessa o tempo e escreve uma nova história. Para sobreviver, se transistorizou, saiu às ruas, se internetizou e se espalhou pelo mundo, em busca dos ouvidos da humanidade e para ficar, sempre ao lado dela, aonde ela estiver. Nenhuma revolução tecnológica será capaz de quebrar a sua onda. Não é possível viver sem ele. Ele vai continuar estimulando a imaginação, emocionando a alma e arrebatando os corações das pessoas.
Como você vê o rádio diante das novas tecnologias. Você acredita na digitalização do rádio?
Embora a pergunta esteja quase toda respondida na questão anterior, poderia acrescentar ainda, o seguinte: o jipe Curiosity – que está no planeta Marte – se comunica com os cientistas, aqui na terra, através das ondas do rádio. Justamente porque as ondas do rádio viajam à velocidade da luz mas não são absorvidas pelas nuvens de poeira e gas no meio interestelar. O rádio chega a lugares que não somos capazes de imaginar. O rádio sempre será imprescindível na vida de todos nós. Ele se renova a cada época.
E sobre a migração das rádios AMs para a faixa estendida do FM. Você acha que isso dará certo?
Faz parte desse reposicionamento que me refiro. Ele estava precisando de um som melhor. Com criatividade, inteligência e vivacidade, buscou essa alternativa e se deu bem.
Você é formado pela Cásper Líbero e pela Universidade de Ribeirão Preto. Muita gente diz que rádio é “dom” e que se a pessoa tiver “uma boa voz” é suficiente para se destacar. Na sua opinião, esses dois fatores são capazes de formar um bom profissional em rádio?
Sou formado em jornalismo pela Cásper Líbero e em Propaganda e Marketing pela Universidade de Ribeirão Preto. Realmente, está corretíssima essa questão do “dom”. Todos nós temos “dom” para alguma coisa. Quando descobrimos qual é o nosso “verdadeiro dom”, o mundo escancara todas as suas portas para nós. Tudo fica claro. Mas, mesmo assim, se não zelarmos por nossas ações, não vamos para lugar nenhum. Dedicação, inteligência, conhecimento, observação e memória. O segredo do sucesso é este: “um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração.”
Nós do Tudo Rádio agradecemos a sua disposição em nos conceder essa entrevista. Gostaríamos que você deixasse uma mensagem aos nossos radionautas que, assim como nós, também são apaixonados pelo rádio.
O rádio, como extensão da fala, é uma das maiores descobertas e uma das grandes maravilhas da humanidade, no milagre da propagação da voz. Companheiro de todas as horas, é um poderoso veículo de entretenimento, informação e conhecimento. Todos os dias, milhões de pessoas em todas as partes do mundo se atualizam com os fatos, através das ondas do rádio. Não é possível mais viver sem ele. O rádio faz parte de nosso DNA. Muito obrigado!
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