O Tudo Rádio entrevista Arthur Luis, gerente de rádios do grupo Diários Associados, ou seja, um dos responsáveis pela Clube FM de Brasília. Acompanhe!
O Tudo Rádio tem mais uma entrevista exclusiva e interessante para você acompanhar e se atualizar sobre o mercado de rádio. Dessa vez trocamos uma idéia com Arthur Luis, gerente de rádios do grupo Diários Associados, ou seja, um dos responsáveis pela Clube FM de Brasília. A rádio é um fenômeno de audiência e reconhecido pelo mercado de rádio e publicitário de todo o país, servindo de exemplo para muitas estações brasileiras. E como eles alcançaram esse "status"? E mais: como enxergam hoje o mercado de rádio do Brasil? Quais as expectativas? São dúvidas que esse bate-papo tentará responder. Acompanhe e boa leitura!
Arthur, cinco anos do nome "Clube FM" em Brasília. Essa marca é alcançada junto com outra marca histórica, correto? Qual seria ela?
Exato! 5 anos. Passa rápido, né? A Clube comemora essa marca com excepcionais resultados: Nesse período ganhamos 2 Prêmios Colunistas de Veiculo do Ano (concorrendo não somente com outras emissoras de rádio, mas também de tv e Internet). Alcançamos uma distância enorme e histórica em relação às demais emissoras. Temos hoje um alcance máximo de praticamente 1 milhão de ouvintes. Além da liderança em 23 das 24 horas do dia. Na única hora que ainda não estamos na frente há um empate técnico.
São 23 horas como líder. Qual o segredo? Equilíbrio entre as faixas horárias? Ao ouvir a Clube FM é possível perceber que um horário não destoa muito do outro em termos artísticos e de linguagem, correto?
Correto. De fato o diferencial é ter uma grade homogênea e forte o dia todo. Ser competitivo sempre. É desafiador ser interessante 24 horas, não ser repetitivo e ainda assim "falar a mesma língua" durante o dia. Creio que só conseguimos isso porque buscamos conhecer os ouvintes que estão conosco em cada minuto da programação. Também porque a Clube pensa no todo, mas com atenção total aos detalhes.
Pra você qual foi o principal responsável pelos números atuais?
Várias razões. Uma receita com vários ingredientes. Mas já que pediu o principal: equipe!
Há cinco anos (quando a rádio mudou de 105 FM para Clube) qual era a expectativa do grupo e da cúpula da rádio em relação à nova marca? Tinha um prazo para elevar os números de audiência?
Expectativa era uma só: ser líder. Não havia outra alternativa. E quanto ao prazo? Tínhamos que alcançar a liderança logo no primeiro dia, na primeira hora. Pode parecer exagero, mas era isso mesmo. Um desafio gigante. Pessoas do mercado e concorrentes, diziam: "Eles estão loucos? São líderes há 17 anos e vão mudar de nome?" Parecia de fato inexplicável. Mas o Grupo e a nossa direção mostraram que era necessário. E deram a cada um da equipe orientações para cumprir e alcançar a meta. Missão dada, missão cumprida. Todos aceitaram. Cada um fez a sua parte e deu certo. Hoje temos mais audiência como Clube do que como 105. Deixamos de ser uma grande rádio regional, para nos tornarmos uma marca, uma referência nacional.
Existiu algum receio nessa mudança de marca?
Sim! Muito frio na barriga. Afinal de contas tínhamos muito a perder. A 105 foi uma rádio que marcou época em Brasília. Tanto que até hoje é lembrada de forma carinhosa e com respeito. Também não podemos nos esquecer que Brasília ostenta um mercado competitivo. Diante desse receio, procuramos nos cercar de todas as formas. Pesquisa principalmente. Fomos atrás de toda informação possível. Quando o projeto estava formatado, procuramos os melhores parceiros do país e de fora para nos ajudar a executá-lo. A equipe recebeu treinamento para lidar corretamente com a nova marca. E na hora de botar o novo nome no ar, foi feito um investimento considerável em divulgação. A cidade foi tomada por outdoors e busdoors comunicando. Os jornais do nosso Grupo (Diários Associados) também fizeram uma campanha pesada, além de anúncios em emissoras de TV e na própria rádio. Foi um enorme esforço que culminou no grande show de lançamento da Clube na Esplanada dos Ministérios com Zezé di Camargo e Luciano e Ivete Sangalo. Um evento gratuito pra 300 mil pessoas. Ou seja foi feito de tudo para que o Distrito Federal todo soubesse da rádio que chegava.
Os ouvintes percebem diretamente esses investimentos em plástica e técnica ou é algo que fica mais restrito de forma explícita ao mercado? Como é medido esse retorno dos investimentos?
Os ouvintes percebem. O mercado percebe.
Sempre que falo com os grandes estúdios produtores de conteúdo do país me informam que a Clube no seu segmento é o maior referencial. Falam que muitas rádios ligam pedindo produções no “estilo Clube”. Essa é uma grande recompensa. Mas a maior de todas é receber uma pesquisa que diz que para o ouvinte a Clube é sinônimo de inovação, alegria. Num outro tópico, 91% dos ouvintes de rádio no DF responderam que atribuem a Clube uma marca de qualidade. Que acham a rádio gostosa de ouvir. Atribuímos esse resultado grande parte à embalagem que a nossa programação tem. Numa conversa informal com ouvintes sempre ouvimos eles repetindo idéias e frases que são expressas em nossas campanhas. Já flagrei várias vezes ouvintes cantando vinhetas, temas... Ele pode até não saber em qual estúdio aquilo foi feito, qual o custo... Mas sabe quando algo é elaborado com cuidado, carinho e tem qualidade.
Durante muito tempo concluiu-se que uma boa plástica só poderia ser feita por uma rádio jovem. Com muita voz de impacto, muitos efeitos lazer, irreverência... Também se achava que uma rádio popular/sucesso não poderia ter uma identidade moderna. Era quase que uma regra. Para Clube não era assim. Desde sempre o Anderson (Diretor Corporativo das Rádios dos Diários Associados) nos impôs o desafio de oferecer uma plástica impecável e com uma identidade inovadora e apropriada. Uma linguagem dinâmica, atual, mas também popular, leve e carismática.
Claro que isso não é uma coisa que se consegue da noite para o dia. É necessário, pesquisa, investimento, buscar aqui e fora do Brasil o que há de melhor. Nomes como Waguinho, Gilson Dario, Caio César e mais recentemente Marcos Braga foram definitivos nesse sentido e até hoje contribuem muito com a nossa identidade. Indispensável também contar com profissionais no time de produtores de áudio que sejam capazes de manter esse padrão no dia-a-dia da emissora e nós temos 2 que são top de linha: Márcio e Willianquer. Mas também de nada adianta termos esse padrão nas produções se quem opera não usa direito. Por isso é preciso ter uma equipe de locutores que faça bom uso do que é oferecido. Os nossos se dedicam nisso, recebem bem as orientações. Reconhecem a importância da direção. Quando cobrados entendem que buscamos excelência. E vale a pena. O resultado é percebido. Somente a longo prazo. Mas vem.
Vocês são conhecidos pelo cuidado com a plástica e mudanças pontuais na grade de programação. Com esse resultado expressivo de audiência a rádio está motivada a fazer novas mudanças? O que vem por ai?
Mudamos praticamente 100% das nossas vinhetas pontes e cantadas há 15 dias. Uma nova e enorme parceria com a TM Studios, maior produtora de conteúdo para rádio do mundo. Eles são não somente os melhores, mas também os mais profissionais e mais sérios. Com esse up grade, só mantivemos aquilo que era muito forte. Junto com novas vinhetas estreamos novos programas: Samba Brasília e Hora do Mução. Quando eu fui chamado para coordenar a 105 e depois gerenciar o projeto da Clube (FM e AM) meu diretor deixou claro que minhas principais funções seriam: criar, orientar a equipe e acompanhar de perto o conteúdo artístico da Clube. Não seria necessário matar um leão por dia... Mas criar uma “alcatéia” inteira toda semana. Tem dado certo. Existe aquela máxima que diz que time que está ganhando não se mexe. A Clube mexe. Com muita calma, pesquisa e cuidado. Mas mexe. Claro que tudo de forma pontual. Temos programas, como o Holiday com mais de 20 anos. Não mudamos a estrutura da grade há 5 anos. Desta forma estamos ganhando.
O Club Mob continua chamando a atenção dos ouvintes e do mercado em Brasília? Há novos planos para ele?
Muito! Por onde passa, para tudo. É mais que uma rádio itinerante é um outdoor ambulante. Não somente para a divulgação da marca da Clube, mas também de grandes anunciantes. Acabou se tornando um negócio à parte. Tem receita, tem agenda, ocupação.
Teremos mais Clube FM em outras regiões brasileiras? Há um projeto de expansão?
Recebemos muitas consultas nesse sentido. Emissoras de grandes cidades, importantes capitais que se interessam em contar com o nosso projeto. Existe uma vontade mútua nesse sentido. Só não saiu ainda do papel porque entendemos que temos que oferecer um modelo de negócio diferente do que é oferecido hoje. Mas creio que estamos caminhando para isso.
E como a Clube FM enxerga o meio rádio em relação à receita publicitária? O rádio é considerado como deve nesse meio?
É fato que a fatia que fica para o rádio é menor do que deveria ser. O rádio tem tanta audiência, tanta penetração, relevância, deveria ser mais valorizado. Mas também deveria se valorizar mais. O que vemos muitas vezes é que para ser competitiva, muitas emissoras optam por oferecer descontos absurdos, quase prostituição. Sem falar no número de rádios que preguiçosamente entregam os seus espaços. Não percebem que, assim como no caso de uma enfermidade grave, o remédio, se não for o correto, pode ser pior do que doença. Temos nos esforçado em fazer a nossa parte. Oferecer soluções criativas para o mercado. Participar de projetos inovadores. Valorizar o nosso espaço. Valorizar nossos clientes. Por isso o nosso resultado comercial é tão positivo. Temos muitas vezes receita maior que algumas emissoras de tv.
A internet é vista como complemento ou caminho futuro para o rádio? Vocês investem muito em transmissão via ondas. Esse formato de transmissão continuará forte por muito tempo?
Hoje ainda é um importante complemento. Caminha muito rápido para ganhar mais e mais relevância. Investimos em Internet. Estamos inclusive finalizando nosso novo site. Vai ficar demais. Mas a Internet ainda não é totalmente acessível, e quando chega nos lares e dispositivos móveis não tem a necessária estabilidade. Em contrapartida, cada vez mais o ouvinte exige qualidade e cobertura na transmissão. Por isso investimos na transmissão via ondas.
Para encerramos, o que o mercado pode esperar da Clube FM e de sua equipe para os próximos anos?
Continuaremos lutando para surpreender e encantar nossos ouvintes e clientes. Continuaremos a oferecer as maiores promoções do rádio e a distribuir a maior quantidade de prêmios do país. Vamos continuar na briga incansável para manter o nosso primeiro lugar. Uma hora ou outra até podemos ser superados, mas jamais deixaremos de competir. Competir com ética e seguindo as regras do jogo. Vamos seguir na busca por novos talentos e na luta para reter os grandes profissionais.
Penso que o futuro da Clube será o Zé Humberto (técnico com quase 30 anos de Diários Associados) e todos aqueles profissionais apaixonados por rádio, inovadores, mesmo após décadas de serviços prestados. Por outro lado também acredito que o futuro da Clube é o Carlos Moreno (assumiu a coordenação da Clube no final do ano passado) e todos dessa nova geração que chegam com o maior gás. A Clube vai continuar a buscar o que há de mais moderno em equipamentos e a estimular o maior patrimônio que se pode ter: gente.
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