Segunda-Feira, 21 de Dezembro de 2015 @ 00:00
A última entrevista de 2015 no Tudo Rádio também vem do rádio do Rio de Janeiro. Ruy Jobim conversou com a nossa equipe sobre o Prêmio Rádio Rio, Escola de Rádio e o atual cenário do rádio carioca. Boa leitura!
Vamos iniciar o papo falando sobre a Escola de Rádio. Quando e como ela foi criada?
A Escola de Rádio nasceu em 1994 como um curso para locutores de rádio e com as mudanças no mercado tecnológico hoje somos uma verdadeira “faculdade” de comunicação. Iniciamos com a ideia de fornecer locutores para as rádios, mas hoje fornecemos até diretores para rádio e para todos os seguimentos de Broadcast, Tv e também para o mercado publicitário.
Nossa maior vitória foi o reconhecimento profissional junto a Secretaria de Educação que com todo rigor nas exigências nos autorizou a dar uma profissão para quem estuda aqui.
São cursos Técnicos Profissionalizantes de nível médio com formação em Rádio e TV (popularmente chamado de DRT).
Continuamos ensinando Locução, agora não só para rádio, mas para TV, para o mercado publicitário, apresentação de eventos, internet e todas as possibilidades de comunicação. Ampliamos para Produção de TV e Rádio, Operação de Áudio, Apresentação de TV, Jornalismo Esportivo, Edição de Vídeo, Telejornalismo e futuramente Marketing da Comunicação. basicamente o que muda no mercado precisa ser modificado também em sala de aula. Exijo isso de cada curso e de cada professor. Em 2010 mudamos nosso nome para Escola de Radio, TV e Web.
Sabemos que muitos profissionais do rádio passaram pela instituição. Pode nos apontar alguns dos mais conhecidos?
São muitos. desde locutor até coordenador de emissoras. Digo sempre que em cada rádio temos 2 ou mais profissionais com a marca Escola de Rádio.
A Escola de Rádio é organizadora do Prêmio Rádio Rio. Como foi criado esse prêmio?
Percebemos que não havia um Prêmio de Rádio e pensamos, por que não? Na época trabalhávamos com Paulo Lopes que é referência em eventos desse tipo e foi muito prazeroso fazer a primeira premiação em 2009. De lá pra cá o Prêmio cresceu muito e nossa responsabilidade também, pois como premiar profissionais que amam o rádio e se dedicam diariamente a ele?
Também mudamos o nome para Prêmio Rádio Rio para não haver problemas com a Escola de Rádio. Antes era Prêmio Escola de Rádio.
Injustiças são normais, pois não podemos garantir que um profissional é melhor que outro, apenas será o vencedor o mais votado. As rádios mais sóbrias e adultas não permitem que os locutores divulguem a premiação, e estão certas.
Como são escolhidos os profissionais que participam do prêmio?
Neste ano abrimos os cadastro para emissoras e ouvintes. Deu trabalho para separar as emissoras e profissionais com grafias diferentes. A produção do Prêmio não cadastrou nenhum profissional. Quem fez isso foram os amigos e ouvintes. Ano que vem voltaremos com a Comissão Julgadora que é composta por até nove membros e que representa a opinião profissional sobre os radialistas.
A votação é feita em duas formas: O voto popular e o voto profissional. Qual é o motivo?
O voto profissional pertence aqueles que não conhecem os bastidores de uma emissora. Ouvintes não sabem o nome do programador, operador, contato publicitário. Sendo assim colocamos esses profissionais na categoria diferente da categoria popular.
E como você vê o atual momento do rádio no Rio de Janeiro?
Realmente o Rio de Janeiro passa por grandes dificuldades. Naturalmente as emissoras estão se adequando as novas regras da economia e é natural que ajustes sejam realizados. Acho apenas que durante muito tempo as gravadoras ajudaram muito as rádios e como não estão presentes hoje acaba realçando a crise. Não estou dizendo que a postura era correta, pois muitas vezes passavam dos limites, mas é fácil perceber que as rádios não cresceram e não souberam sobreviver. A culpa é nossa. Achávamos que as gravadores nunca sairiam de cena e que nossos ouvintes sempre teriam o meio rádio como única alternativa rápida de informação. Quando veio o mp3 as emissoras trocaram seus concorrentes. Deixamos de ter as outras emissoras e passamos a brigar com CDs gravados, pendrive nos carros, internet. A criatividade não nos acompanhou e novamente estamos culpando um outro meu de transmissão pelo nosso fracasso. A primeira vez que isso ocorreu foi quando a TV chegou ao Brasil. As rádios se acovardaram e não brigaram. Depois, aos poucos vamos tomando fôlego e respiramos com as verbas publicitárias. A história se repete.
Nos últimos dias ocorreram mudanças importantes, como a saída da Nativa FM e a volta da Antena 1. Como você avalia essa movimentação?
Lamento pelos que perderam seus postos de trabalho, mas fico feliz com a postura da direção da Antena 1. Se quisessem poderiam arrendar o canal para terceiros e continuar com as férias. Não fizeram isso e creio que seja mais um sintoma de que as coisas podem melhorar. A Cidade FM fez o mesmo. Não arrendou e está indo bem, felizmente. Temos que torcer para a Antena1 emplacar. Torço para quem trabalha. Torço para a Rádio Mix e Sulamérica Seguros Paradiso FM. Matam um leão por dia e sobrevivem. Enquanto isso os verdadeiros concessionários recebem seus aluguéis e vão para praia. Acho que o governo deve rever a concessão e dar o canal para quem quer trabalhar. Tenho vergonha disso e fica difícil explicar essa mecânica para alunos que estão na Escola de Rádio. Quero que alguém me prove que isso é saudável, pois até agora só vejo contratos de gaveta para uma prática que vem acabando com quem realmente quer fazer rádio e não ter apenas o lucro acima de tudo.
E a migração das AMs. O que você espera disso?
Não sei como vai ocorrer. Participei de uma reunião convidado pela Aerj (emissoras do Rio) e saí de lá com muitas dúvidas. Acredito que as emissoras que não migrarem vão desligar seus transmissores em alguns poucos anos. As emissoras AM estão perdendo ouvintes a cada dia e também o envolvimento publicitário. A ideia é boa, mas quanto vai custar para uma emissora fazer a migração? Qual incentivo? Como serão os receptores? E o Rádio digital ( HD Rádio) onde está? Muitas perguntas ainda….
O que você espera do rádio em 2016?
Espero que essa migração seja honesta com os radiodifusores, que as agências percebam o valor do rádio, que as emissoras contenham as demissões, que estudem o HD rádio, que os radialistas se atualizem, enfim, quero muita coisa mas sei que nem tudo vai ocorrer. Precisamos nos aliar aos novos tempos. A internet é uma realidade e quem sabe quanto pode valer uma web rádio em poucos anos? Nosso desafio como uma Escola de Rádio é formar profissionais que estejam preparados para o futuro. Gravando, editando vídeo, fazendo a locução, mas acima de tudo pensando e dando opinião. É isso.
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.