Radialista Regiani Ritter fala um pouco de sua história no rádio e do mercado
Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Tudo Rádio entrevista a radialista Regiani Riiter. A profissional é considerada a primeira mulher a atuar como repórter esportiva no Brasil. Conversamos com ela para saber como ela vê o atual momento do meio rádio com relação às mulheres e para saber um pouco de sua história no rádio.
Regiani, você é considerada a precursora entre as mulheres na cobertura esportiva. Conte-nos como foi a sua entrada nesse mundo até então “só de homens”.
Foi meio que na brincadeira. Eu tinha um programa musical com variedades na Gazeta AM e o diretor de esportes, Pedro Luiz Paoliello, maravilhoso, me convidou para substituir um repórter que ia viajar com a Seleção Brasileira. Achei divertido, e comecei cobrindo treinos, muito brava que ele não me escalava pra jogos. Aí conheci Roberto Avallone, mesma empresa, TV Gazeta, e ele me chamou pra cobrir férias do Cleber Machado (era repórter). Sempre gostei de desafios, e lá fui eu. A segunda escala era pra fazer um jogo (VT). Assustada, mas fui. E nunca mais parei.
Você sofreu muito preconceito quando começou a atuar nessa área?
Era sem dúvida o “mundo do Bolinha!” Luluzinha não entra. Tinha poucas repórteres, só faziam treinos, devidamente pautadas. Pensei: “Vamos mudar isso”! E mudamos!
Quem tinha mais preconceito? Os profissionais da área ou os ouvintes?
Boa pergunta. Alguns profissionais da área, não todos. Classifiquei em três categorias:
1 - Os fortes, que me receberam bem, com naturalidade
2 - Os medianos, meio ressabiados, olhando de lado
3 - Os fracos, que temiam concorrência, riam aberta e ironicamente, tipo: “mais uma que vem e que vai passar”.
Eu não passei, eu fiquei, conquistei meu espaço, abri portas, e parei quando eu decidi parar.
Você acha que ainda tem preconceito contra a mulher neste setor?
Sim, menos, mas ainda tem. Nunca vai acabar. Utopia achar que o mal pode ter fim....
Como você vê o mercado para as mulheres no rádio na área esportiva atualmente?
Ainda deficitário, na TV é maior a abertura, mas há ótimas mulheres no rádio e na TV, no impresso e na internet. Elas desinibiram, estão encarando de frente, embora ainda sejam meio reservadas, mas isso não é de todo ruim.
E no rádio em geral. Como você avalia a atuação das mulheres?
Pouco, muito pequena a abertura. Mas já temos comentaristas de economia, de política, e outros segmentos que antes também eram reservados aos homens. Mas igualdade numérica, longe disso....
Atualmente, onde você trabalha e qual é o estilo do seu programa?
Rádio Gazeta AM, de segunda à sexta feira 11 hs ‘DISPARADA NO ESPORTE’ tudo sobre esporte, principalmente futebol, e de 12h30 até 14 hs ‘REVISTA GERAL’ musical com variedades, que inclui política, polícia, economia, cinema, teatro, notícias de Brasil e mundo, como o nome sugere, um pouco de tudo, inclusive com entrevistas.
Além da Rádio Gazeta AM, você trabalhou em outras emissoras?
Havia um convênio de Rádios Gazeta e Record, TV Gazeta, depois TV Record, “Diário Popular” hoje “Diário de São Paulo”, no jornalismo esportivo. Antes na TV Tupi, TV Excelsior, tempos de atriz, TV Cultura, apresentadora, e duas revistas: Melodias e São Paulo na TV.
Agradecemos muito a entrevista e, para encerrar, deixe uma mensagem para as profissionais do rádio e para as mulheres que querem entrar nesse meio.
A todas, a receita é a mesma: tenacidade, teimosia até, persistência, e, quando a chance surgir, deixar aflorar todo o talento, intercalar com técnica, brigar pelo espaço, manter as conquistas, e pra isso, ler muito, acompanhar tudo, ser muito bem informada, ou seja, ter base para eventuais discussões.
Detalhe, muito pessoal: evitar envolvimento maior do que o necessário. Ter ótimo relacionamento, adquirindo fontes, que são indispensáveis, sem comprometimentos maiores.
Não é fácil, mas é possível.
Tags:
Rádio, Dia da Mulher, Regiani Ritter, homenagem, São Paulo