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Quarta-Feira, 22 de Fevereiro de 2017 @ 00:00

Marcelo Braga

Braga fala sobre "conteúdo via internet", o atual momento da música e da Mix FM
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O tudoradio.com segue entrevistando os principais nomes do rádio no país e, atendendo a pedidos da audiência do portal, vamos continuar repercutindo os temas mais comentados nesse início de 2017: música brasileira, rádios via internet, “pop” e a relevância do FM.

Conversamos com Marcelo Braga, profissional que há anos é responsável pelo projeto da Mix FM. Braga comenta a relevância dos projetos exclusivos de internet, retorno do on-line, o atual momento do “rádio Pop” e a atual fase da Mix FM (que comemora 20 anos - tendo várias campanhas e ações alusivas ao aniversário da emissora).
 
Acompanhe!
 
 
Marcelo, você tem investido em projetos voltados exclusivamente para a web. O rádio via internet já é uma realidade?
 
Eu não chamaria de "Rádio via Internet", mas de conteúdo via internet. E, sim, é uma realidade mais que consolidada. Temos atuado em projetos que entregam conteúdos nas mais diversas formas e linguagens, para os mais diversos públicos, e sempre com grande sucesso. Uma destas plataformas, como exemplo, chega a ter mais de 7 milhões de conexões mensais efetivas, o que é um número de audiência incrível!  
 
Se entendermos a Internet como um meio de distribuição, assim como as ondas eletromagnéticas foram até então, percebemos que o conteúdo é o que interessa. A forma como o consumidor acessa determinado conteúdo, precisa ser eficiente, de baixo custo e confiável. O resto, é talento e qualidade.
 
Já é possível comparar o retorno de audiência e faturamento de uma rádio web com uma emissora física?
 
Em termos de audiência, sim. Com uma diferença fundamental: pesquisas são estimativas baseadas em projeções sobre uma base, já os dados on-line são dados reais, o que torna a informação ainda mais precisa. Mesmo sendo baseadas em parâmetros distintos, é possível traçar comparativos sobre os hábitos de consumo de cada caso. Nem é preciso dizer que o on-line cresce de forma consistente.
 
Sobre o faturamento de uma emissora "web-based", não é possível comparar porque as rádios distribuídas via internet, ao menos aquelas de maior audiência e relevância, não vendem comerciais. O que se pode dizer é que são plataformas de ?imenso alcance, baixa dispersão (por serem focadas) e estão construindo a confiança da audiência. Em algum momento, se assim desejarem as marcas que operam estes canais, podem se transformar em plataformas altamente competitivas do ponto de vista comercial. Ainda mais se lembrarmos que a venda comercial não precisará se dar pela via tradicional, ou seja, por inserção de mensagens no meio do conteúdo. Pode-se entregar áudio, vídeo, redes sociais e muito mais, sempre alinhado e como parte do conteúdo. 
 
É uma mudança completa de linguagem, de abordagem, de hábitos e de resultados. O mundo muda, o negócio muda. E isso é ótimo.
 
E qual o interesse dos artistas em projetos como esse? Há algum perfil musical que melhor se adapta nesse cenário on-line?
 
Não há como se desprezar uma plataforma que, como eu falei anteriormente, alcança de maneira focada milhões e milhões de pessoas! Os artistas são incrivelmente receptivos, participam, entendem a linguagem e o modelo de entrega destes veículos! A presença e a confiança dos artistas tem sido fundamental para a solidificação do modelo, que também acaba por entregar grande retorno a estes artistas.
 
Neste momento, por uma questão do perfil médio dos consumidores no ambiente on-line, é natural que os estilos musicais mais eficientes sejam aqueles que dialogam com a parcela dos consumidores que já estão presentes em massa na Internet, e assimilam mais rapidamente novos hábitos de consumo de música, ou seja, os mais jovens. 
 
Não destacaria um estilo musical específico, mas o viés etário de consumo de determinada obra. Falou com os mais jovens, funciona melhor no ambiente on-line. Com o tempo a coisa tende a se equilibrar, mas vai levar um tempo.
 
Falando de música, como você enxerga o momento do Pop atualmente no país?
 
A primeira pergunta seria: "o que é Pop no Brasil?" No mundo todo "pop" é uma forma abreviada de popular, ou seja, as obras de maior alcance junto ao público médio. No Brasil convencionou-se chamar de "pop" aquilo que não é ... popular! Vendo por esta ótica, samba, sertanejo ou forró não seriam obras "pop". Mas, será que não são? Eu prefiro achar que podem ser entendidas assim.
 
Os artistas brasileiros neste momento ocupam as melhores posições de execução nas rádios, seja no sertanejo, no samba, na MPB, no rock... ou seja, o momento da música "pop" nacional é ótimo! E o pop internacional, que também vive um grande momento, encontra amplo alcance de audiência nos canais mais focados neste target (FMs jovens, rádios on-line, Youtube, Spotify, Apple Music...). 
 
Em resumo: o consumidor encontra o que quiser ouvir e na hora que quiser ouvir. Cabe a nós, provedores deste conteúdo, entender o que este consumidor quer, sem preocupação com rótulos, e entregar melhor do que seus concorrentes. Nada mais. 
 
Quais os prós e contras de atuar como rádio Pop no Brasil?
 
Como disse anteriormente, antigamente separávamos os perfis das emissoras pelo tipo de música que se tocava. Hoje, é mais funcional fazer esta separação tomando por base o público alvo de determinada emissora. Reitero: vamos esquecer os rótulos, e abrir o olhar para quem consome determinado produto. Me parece mais interessante agrupar os consumidores por hábitos e afinidades do que pelo tipo de música que consomem. Usar a música como parâmetro único se perdeu, uma vez que todos têm acesso a todas as músicas que quiserem e com custo perto de zero. Todo mundo ouve de tudo!
 
Vendo assim, respondo que a Mix é uma emissora focada no público jovem e qualificado, adequando sua abordagem, sua linguagem e sua programação musical às expectativas deste perfil de público. Em dado momento (como aconteceu recentemente) a Mix será a emissora mais ouvida do BRASIL, em outro momento teremos um pouco menos de alcance, mas sempre buscando a entrega mais honesta, mais séria e mais profissional possível. Esta honestidade se reflete em números de audiência que nos garantem mais de 15 anos de liderança neste perfil de público em São Paulo. Resultado que vem se replicando em várias cidades pelo Brasil. 
 
Os ciclos de consumo, absolutamente normais, não podem pautar sua entrega de forma definitiva, caso contrário, o consumidor jamais saberá quem você é de verdade. E isso tem um preço.
 
É possível dizer que a Mix FM ficou sozinha dentro de um perfil de programação em São Paulo? O que isso pode gerar para a rádio e para o público?
 
Podemos dizer que a Mix ficou sozinha dentro de um perfil de consumidor. Isso já acontecia em outras praças importantes, como o Rio de Janeiro. E está, sim, se configurando em São Paulo. E é muito ruim. Só mesmo uma emissora forte, gigante e com a história vencedora da Mix poderia estar na posição de entregar um tipo de conteúdo quase sozinha. E com sucesso! E enquanto for isso que nosso público alvo espera, é isso que seguiremos fazendo. 
 
Sempre bom lembrar que a Mix já teve outros momentos. Já fomos mais orientados para o Rock, já demos grande peso para o pop/rock nacional, já fomos mais hip hop, ou seja, sempre buscamos ajustes para atender as expectativas de nossa audiência, mas guardando sempre a nossa essência. Essa clareza de objetivos e honestidade na entrega é que fizeram da marca da Mix uma das mais respeitadas no Brasil. Você pode consumir ou não consumir a Mix, mas você sabe exatamente quem é a Mix. E isso diferencia os projetos vencedores no longo prazo, dos espasmos sazonais.
 
 
E como você vê a entrada do sertanejo em rádios voltadas para o público jovem?
 
Imagino que deva ser fruto de necessidades específicas destas emissoras que, estando de fora, não posso avaliar. A mim cabe, apenas, identificar fortalezas e fraquezas destas apostas estratégicas da concorrência, e ajustar a Mix para tirar o máximo de proveito em benefício de nosso resultado no longo prazo.
 
E a música? Seguirá como principal conteúdo da maioria das FMs brasileiras? Isso também serve para projetos na internet?
 
A música tem se tornado quase uma commodity, do ponto de vista dos distribuidores de conteúdo. Fácil de acessar, barato de consumir. Mas pesquisas recentes do mercado americano, muito mais maduro que o nosso, apontam que o consumidor ouve músicas como nunca, tem acesso a quase toda e qualquer obra gravada, mas usa os seus curadores de confiança para "descobrir" o que é legal, o que é novo, o que é "cool", e depois ouve centenas de vezes em plataformas digitais. Essa curadoria está nas mãos das emissora de rádio com conteúdo musical.
 
Assim, me parece que há um longo caminho antes destas emissoras musicais perderem sua relevância. Por um tempo bem razoável estas emissoras (tradicionais ou on-line) ainda terão grande impacto no negócio da música. 
 
Apenas, convém lembrar que conteúdos proprietários e que possam ser replicados e distribuídos "on demand" podem ser o grande diferencial no futuro (vejam o caso do Netflix) e ditar o crescimento ou o desaparecimento de canais de longa história no mercado. Entregar somente música, no longo prazo, pode ser um caminho perigoso. É preciso mais.
 
Novamente sobre a internet, a Mix FM também tem obtido resultados expressivos de audiência no ambiente virtual, segundo o Ibope Tagwave. Como chegar nesse resultado e como ele influencia na audiência voltada ao FM?
 
Uma emissora com foco no público jovem das classes ABC, precisa ter cuidados extremos com sua entrega no ambiente on-line, seja nos canais de streaming, seja em suas redes sociais e plataformas digitais, afinal, parte relevante de sua audiência passa quase o dia todo naquele ambiente.
 
Uma vez que sua marca é reconhecida e respeitada, estar naquele ambiente com a linguagem certa e da maneira correta faz de você um player de destaque e forte candidato a referência de mercado. E é isso que a Mix busca ser: a mesma referência de qualidade, seriedade, responsabilidade que construímos no off line, estamos exportando para o on-line, e os resultados não deixam dúvidas: com grande êxito!
 
A Mix FM, como veículo de massa, gera audiência imediata para nossas plataformas digitais, e estas plataformas se desenvolvem também organicamente, criando sua própria relevância e mais adiante acabam por devolver audiência para nossas plataformas tradicionais. É um jogo complexo e que precisa ser muito bem orquestrado, mas como uma das maiores emissoras do Brasil, não se espera menos da MIX do que a liderança no Ibope Tagwave, resultado que já aconteceu várias vezes, e seguimos trabalhando duro para que se repita por muitos e muitos anos.
 
Por fim, como parcerias com a Apple Music tem beneficiado a Mix FM?
 
Precisamos estar presentes nas mais variadas plataformas digitais, onde está grande parte de nossa audiência, ampliando o alcance de nossa marca e de nossa mensagem. Onde você estiver, a Mix estará de forma eficiente! E qual parceiro pode ser melhor do que a Apple? O projeto Apple Music é mundial e já ocupa o segundo lugar em alcance no mercado americano. Ficamos felizes por termos sido escolhidos por eles como os parceiros ideais para a América Latina. Se nós estamos felizes, a Apple está feliz e nossa audiência (principalmente) está feliz, então estamos acertando.
Tags: Marcelo Braga, Mix FM, internet, rádio, música, Pop, Apple

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Daniel Starck

Daniel Starck é jornalista, empresário e proprietário do tudoradio.com. Com 20 anos no ar, trata-se do maior portal brasileiro dedicado à radiodifusão. Formado em Comunicação Social pela PUC-PR. Teve passagens por rádios como CBN, Rádio Clube e Rádio Paraná. Atua como consultor e palestrante nas áreas artística e digital de rádio, tendo participado de eventos promovidos por associações de referência para o setor, como AESP, ACAERT, AERP e AMIRT. Também possui conhecimento na área de tecnologia, com ênfase em aplicativos, mídia programática, novos devices, sites e streaming.










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