Quinta-Feira, 19 de Outubro de 2017 @ 00:00
O tudoradio.com conversou com o professor, escritor, consultor e palestrante Fernando Morgado, que foi um dos palestrantes do Congresso Paranaense de Radiodifusão, realizado pela AERP/SERT, em Curitiba. Morgado também é o autor da bibliografia não-autorizada do apresentador Sílvio Santos.
As pesquisas mostram que o Rádio possui uma pequena parcela de participação no bolo publicitário. Como essa fatia pode aumentar? Você acha que a participação mais efetiva dos radiodifusores no envio das informações pode mudar esse panorama?
Temos dois desafios. O primeiro é o crescimento real do faturamento. Nós temos que continuar trabalhando para que as agências de publicidade e os anunciantes coloquem mais dinheiro no setor, mas nós temos um inegável problema de mensuração de falta de informações. Nós tivemos o histórico do InterMeios, que pecava muito, não pelo InterMeios em si, mas pelo baixo engajamento das emissoras de rádio. Poucas emissoras informavam seu faturamento. Então, ficava uma parcela muito pequena. Mas as pessoas falavam: “É um histórico de 4%. Se todos informassem, talvez passasse para 6% ou 8%”. Só que, 1% ou 2% já faz uma diferença enorme. E isso seria muito importante para o meio se afirmar melhor diante do mercado publicitário. E por isso que o Censo Econômico aqui é tão importante. Ele mostra uma realidade do investimento. É um engajamento muito maior em termos proporcionais do que acontece no Paraná, por exemplo. Cerca de 45% das emissoras afiliadas à AERP ou ao SERT que respondem. Já é uma base muito interessante. Com esses números, já é possível chegar num valor de R$ 150 milhões de investimento real. Isso é fabuloso. Temos um desafio e as outras associações deveriam seguir nessa linha.
E como você vê esse crescimento do Rádio especificamente no Paraná?
Foi um crescimento fantástico, já que o número de emissoras que responderam ao censo foi igual. Com isso, já podemos observar que o crescimento foi real e não porque houve aumento na participação das rádios. Foi um crescimento efetivo. Ele foi muito impulsionado pela capital, litoral e no norte do estado. São mercados muito importantes economicamente. Até pela cláusula de confidencialidade, eu não posso afirmar se esse crescimento veio de determinada rádio. Seria uma análise interessante, mas não temos esse acesso. O que temos são regiões e alguns municípios, principalmente Londrina e Curitiba, que são as maiores praças do estado e tiveram um crescimento muito bom. É interessando dizer também que mercados menores, como Francisco Beltrão, mesmo num patamar mais baixo, teve um resultado ótimo em termos percentuais. Apenas duas regiões não cresceram.
É importante ressaltar a cláusula de confidencialidade nas pesquisas, já que as rádios podem informar seus faturamentos, sem que isso vaze para o mercado, né?
Observamos que essa é a maior preocupação dos radiodifusores para responder ao censo. É um direito do radiodifusor, afinal, é o faturamento dele. Mas, o que eu procuro passar a eles é meu caso pessoal. Eu fiz a consultoria e a supervisão do projeto e eu não tive acesso aos números individuais. Se eu, que fiz a redação final e o relatório, não vi os números, quem dirá outro radiodifusor. Tudo foi feito com muito controle e existe uma preocupação muito ética por parte da AERP e do SERT e existe o trabalho da PwC, que é muito tradicional nesse campo. No que tange ao Censo Econômico aqui, houve uma preocupação muito grande em mante o sigilo dos dados e, com isso, as emissoras podem ficar despreocupadas.
Durante sua palestra, você também citou o faturamento das rádios por classe de potência. Como isso pode influenciar o crescimento do faturamento?
Essa é a novidade desse estudo. Foi a primeira vez que a radiodifusão apresenta uma média de faturamento por classe de potência. Sabemos da luta dos radiodifusores de melhorar sua potência, sua área de cobertura. Às vezes, é o único número que o radiodifusor tem para trabalhar, pois não tem pesquisa de audiência regular. Porém, cobrir geograficamente não quer dizer que a pessoa ouça a rádio. Mas, a situação muda quando se fala em faturamento. Um exemplo que dei, a variação de uma rádio B1 para B2 não é tão grande. Porém, se passar para a classe A, aí já muda bastante. Já é uma nova realidade. Pelo menos no Paraná. É uma régua para que o radiodifusor possa se basear. E ela será mais específica se mais rádios participar da pesquisa.
Mudando um pouco de assunto, você foi o autor da biografia do apresentador Silvio Santos. Como foi essa experiência?
Ele ficou sabendo depois que saiu no jornal. Eu fiz a chamada biografia não-autorizada de verdade. O Sílvio Santos é o segundo radiodifusor que eu faço a biografia. O primeiro foi o Blotta Jr. Pesquiso a vida do Silvio há 15 anos. Lançamos o livro sob absoluto sigilo em abril. Aí saiu no jornal em São Paulo e o Silvio leu. Ele gostou, mandou levar o livro, que já estava a venda nas livrarias, e começou a divulgar antes de terminar de ler. Nestes meses todos ele fez propaganda de graça do livro. Não cobrou um real. E meu encontro com ele foi muito emocionante. Foi o único que tive e foi no ar. Então posso dizer que é mais um motivo que faz minha relação com a radiodifusão se estreitar. Sou eternamente grato ao Silvio Santos pela divulgação que fez do livro e ao SBT pelo espaço que deu. Em dois meses, foram lançadas cinco edições e está na lista dos mais vendidos. O Silvio Santos é um dos maiores radiodifusores do Brasil. Ele está em todos os elos da radiodifusão. Ele é radiodifusor, radialistas, apresentador de TV, produtor, anunciante, etc. Uma curiosidade que pouca gente sabe. Ele chegou a constituir uma empresa, mas que não chegou a entrar em operação, chamada SBR (Sistema Brasileiro de Rádio). Ele chegou a ter o projeto para fazer uma rede de rádios, mas o projeto não prosseguiu. A única rádio que ele foi acionista foi a Rádio Record AM 1000 de São Paulo. Também revelo no livro que ele chegou a fechar negócio pela Super Rádio Tupi AM 1280 do Rio de Janeiro, mas não chegou a efetivar a transação. Mas, ele é apaixonado pelo Rádio. Foi apresentador de rádio no início da década de 1980. É um dos maiores do meio.
Carlos Massaro atua como radialista e jornalista. Já coordenou artisticamente uma afiliada da Band FM (Promissão/SP) e trabalhou como locutor na afiliada da Band FM em Ourinhos/SP e na Interativa de Avaré/SP e como jornalista na Hot 107 FM 107.7 de Lençóis Paulista/SP e na Jovem Pan FM 88.9 e Divisa FM 93.3 de Ourinhos. Também é advogado na OAB/SP e membro da Comissão de Direito de Mídia da OAB de Campinas/SP, da Comissão de Direito da Comunicação e dos Meio da OAB da Lapa/SP e membro efetivo regional da Comissão Estadual de Defesa do Consumidor da OAB/SP. Atua pelo tudoradio.com desde 2009, responsável pela atualização diária da redação do portal.